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sábado, 30 de julho de 2011

Para mostrar que andei por aqui!

Custa-me assistir a isto!

A falta de resposta da 3ª Repartição leva-me a crer que já ninguém sabe por onde andam as papeladas referentes à "Marinhagem" dos velhos tempos. Pode até ter acontecido que os ratos tenham já roído parte desses velhos papeis que (do ponto de vista de alguns) dão mais trabalho do que valem.
Ora, eu sou da opinião que o período que medeia entre a perda de Goa (1961-12-19) e a independência de Angola (1975-11-11) tem um significado especial para a Marinha de Guerra Portuguesa no contexto da Guerra do Ultramar, também chamada Guerra Colonial. E assim sendo, devia o Arquivo Histórico da Marinha tomar a seu cargo a preservação de todo e qualquer documento que, de algum modo, esteja relacionado com este assunto/período.
Os historiadores hão-de querer espiolhar todos os documentos existentes sobre o assunto e dentro de um século, quando não haja já nenhuma memória viva desse período, serão os documentos escritos a sua única fonte de informação. E eu considero importantes os dados bibliográficos de todos aqueles que foram chamados a dar o seu contributo em prol da Pátria, quer voluntária quer involuntariamente, durante esses escabrosos 14 anos.
A esta distância no tempo, o problema começa a perder importância e já há quem tenha varrido isso da sua memória. Mas para os pais que perderam os filhos, para os filhos que nunca conheceram os seus pais e para as viúvas que perderam os seus maridos, vendo-se obrigadas a criar sozinhas os seus filhos órfãos, sabe Deus com que dificuldades, foi uma enorme tragédia que só a morte apagará das suas memórias.
É, por isso, minha convicção sincera que estes registos deviam ser informatizados ou, no mínimo, micro-filmados para os salvar da mais que provável destruição que acabará por acontecer se isso não for feito. Não é difícil nem custa muito dinheiro fazer isso. Como recursos podiam usar-se, em primeiro lugar, o software que foi desenvolvido para o Registo Civil, introduzindo-lhe a necessária adaptação, e, em segundo lugar, o pessoal da "Lista dos Supra-numerários" que o governo não sabe para onde mandar nem que trabalho lhe distribuir.
Quantos homens prestavam serviço na Armada em 1961-12-31?
Quantos foram admitidos desde aí até ao fim do ano de 1975?
Quantos participaram e quantos ficaram à margem desse conflito?
Quantos morreram ou ficaram estropiados (física ou moralmente)?
Quando abandonaram a Armada e que Posto atingiram?
Estas e outras perguntas ficarão sem resposta se não forem preservados os documentos a que eu pedi para ter acesso e que, por qualquer obscura razão que não consigo atingir, não me é concedido.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Efeitos da crise!

Com o preço a que a gasolina chegou e a falta de dinheiro no bolso dos portugueses, este será o cenário mais provável dentro de pouco tempo. Preparem-se!

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Protestante!

Fui repescar esta foto, já aqui publicada há perto de três anos relacionada com a história do DFE4 de Angola (1963/1965) para vos mostrar a cara do António José Pereira de quem tenho andado, ultimamente, à procura.
Filho da Escola de Março de 62, o seu número de matrícula na Armada era o 16272. Se alguém souber o que é feito dele, agradeço mo comuniquem num simples comentário.
Alternativamente podem também enviar uma mensagem por e.mail para o meu endereço que aparece no topo da página.
Qualquer um dos meios serve! 

Visita ao cemitério de Valpaços!

Foi hoje o dia em que voltei a passar em Valpaços e, como tinha prometido, lá fui a caminho do cemitério para prestar a última homenagem ao filho da escola (16565) que faleceu na última passagem de ano. Faltavam-lhe apenas 5 dias para celebrar o 70º aniversário , mas o coração atraiçoou-o não o deixando chegar lá.
Ia esperando sossegadamente que chegasse a hora de ouvir as 12 badaladas anunciando a entrada do Ano Novo quando a máquina resolveu emperrar e o António (Tótó para os amigos) entrou em sofrimento. Chamou-se o INEM, usaram o desfibrilhador sem resultado, correram até ao Hospital de Mirandela, mas já não havia nada a fazer. O coração tinha parado e o nosso camarada partira já para «as verdes pradarias de Manitu».
Tinha enviuvado em França, em 1997, e deixado lá sepultado o corpo da sua mulher, regressando a Portugal. E tinha manifestado o desejo de lá ser sepultado também quando a sua hora chegasse. A companheira com quem passou estes últimos anos, morando na zona de Valpaços, cumpriu a sua última vontade e após o funeral fez seguir o corpo para França para ser sepultado de acordo com o seu desejo.


E para venerar a memória do seu companheiro de meia-dúzia de anos mandou fazer uma placa mortuária que mantém no cemitério, na campa de família, e me permitiu fazer as fotografias que aqui vos mostro.

domingo, 24 de julho de 2011

Menos um para o Cinquentenário!

Acabei de receber a notícia de que faleceu o filho da minha escola 16867/8503 Manuel do Rosário Dias. Morava na Quinta da Lomba, no Barreiro, e faleceu na semana passada. Não sei mais pormenores da ocorrência, mas espero descobrir e logo que isso aconteça voltarei aqui para vos informar.
Paz à sua alma!

sábado, 23 de julho de 2011

Marcar passo é muito chato!

Já nos tempos da minha recruta, durante as aulas de Infantaria, ia aos arames com tanto "marcar passo". Havia sempre algum nabo que não atinava com a cadência, não levantava os joelhos até onde o instrutor exigia ou não era capaz de acertar o passo. E o pelotão inteiro era obrigado a continuar naquele interminável castigo... esquerdo, direito, op, dois... esquerdo... esquerdo... atenção... alto!
Hoje também me sinto ligeiramente irritado, pois uma semana mais se passou sem conseguir adiantar um passo na minha investigação. Das ajudas que esperava não chegou nada. Da 3ª Repartição nem palavra. Continuo a achar que andam tão ocupados (embora não saiba exactamente com o quê) que deviam receber um reforço de pessoal para levar a bom termo a execução do meu pedido. E do lado dos organizadores dos convívios das várias Unidades de Fuzileiros recebi outro tanto, ou seja, nada.
Pelo meu lado passei a semana atrás do Protestante, tal como já vos dei a entender numa das últimas mensagens. Falei com o dono da Frutaria, telefonei ao Antero Pires que esteve com ele no DFE5 e nada, não tive sorte nenhuma. Contei com a extraordinária ajuda do Fernando (Évora) Maudslay que se deslocou à Junta de Freguesia de Almada, mas sem resultados positivos também. Os dois juntos peneiramos o Facebook, contactamos um monte de filhos da escola, encontramos um Fuzo com o mesmo nome e que esteve em Metangula no mesmo período e isso fez-me acreditar que tinha, finalmente, localizado o nosso homem. Puro engano, tratava-se de um filho da escola de Setembro de 63.
Falei com o Domingos Cairrão que me deu nota de mais 3 filhos da escola que são já falecidos (16344+16868+16901), mas não quis abatê-los já à minha lista sem uma segunda confirmação. Não sei é a quem hei-de recorrer para obter essa confirmação.
E assim vai a vida. Marcar passo é a alternativa que me resta!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O «Sportinguismo»!

Não encontro explicação para tal, mas é um facto que a maior parte dos filhos da escola fuzileiros que frequentam este espaço cibernético, tal como acontece também no Facebook, defendem, com unhas e dentes, as cores do Clube de Alvalade.
Com uma nova direcção, um treinador da corda e uma equipa renovada, prevejo que vamos ter uma época cheia de «provocações» para animar e encher as páginas deste Blog. O estágio da pré-época correu ás mil maravilhas, marcaram 14 golos e não sofreram nenhum (quem me dera o Benfica poder dizer a mesma coisa) e estão com a força anímica ao máximo para começar a época.
Como, independentemente das inclinações clubísticas de cada um, somos todos grandes amigos quero desejar-lhes sorte e deixo-lhes aqui um miminho para lhes provar que, embora reze para que o Benfica lhes ganhe todos os jogos, sou um amigo de verdade!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Procuro-te e não te encontro!

Há camaradas que parecem esconder-se sempre que decido procurá-los. Um destes casos é o 16272 - António José Pereira que fez uma comissão em Angola no DFE4 (1963/1965) e outra em Moçambique no DFE5 (1965/1967).
Quem primeiro me perguntou se tinha notícias dele e se sabia por onde ele andava foi o Fragata (16273), aquando da preparação do nosso convívio do ano passado, em Montemor. Fui consultar a lista dos filhos da escola (a tal que me forneceu o Ramos) e encontrei uma direcção bem clara - Avenida da Fundação, 7 - Cova da Piedade - o que me fez pensar que tinha a resposta para a pergunta que me tinha sido colocada.
Estava enganado, pois logo que pedi a um amigo para confirmar se ainda lá morava, fui informado que se tinha mudado. Ainda tentei seguir-lhe a pista, a partir da informação de que ele, depois de sair da Marinha, tinha frequentado, em Lisboa, um curso de Serralharia e Mecânica e depois aberto uma oficina na Cova da Piedade, mas não cheguei a lado nenhum.
O Fragata dizia-me que a informação devia estar errada, pois ele sempre fora "empregado de mesa" e acreditava que era na Hotelaria que ele devia trabalhar. Bem tentei, mas não cheguei a lado nenhum. Ele, pura e simplesmente, esfumou-se.
Este ano, por causa da festa do «Cinquentenário», voltei a pegar no assunto. Contactei o pessoal do DFE4, na expectativa de que soubessem dar-me notícias, mas não tive sorte nenhuma, pois também eles o não tinham conseguido localizar. Depois tentei o DFE5, mas só encontrei o da 1ª comissão, a de Angola. Voltei a ficar num beco sem saída.
Hoje deu-me para abrir o Google Maps e verificar, por curiosidade apenas, em que zona da Cova da Piedade é que ele morava e descobri que no rés do chão do mesmo prédio existe uma Frutaria - A Calipolense - cujo pessoal poderá lembrar-se dele e saber para onde foi morar. Porque não?!?


Quem já usou o «Street view» da Google Maps? Até dá para guardar a imagem e tudo. Na imagem acima não se vê muito bem, mas a Frutaria Calipolense está ali por trás daquela carrinha branca de capota azul. Se a empregada fosse bonita e estivesse à porta, até dava para descobrir a cor dos seus olhos!
Bem, voltando ao assunto que a cor dos olhos da miúda da Frutaria não é para aqui chamada, decidi telefonar-lhes a ver no que dá. Quem sabe volto a encontrar o fio da meada!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

As fotos e as histórias por trás delas!

Na minha mensagem anterior estabeleci um link para o site da Presidência da República onde podem ser vistas estas fotografias, estas e muitas outras relacionadas com o mesmo acontecimento. Não sei se é permitido ou proibido fazer uso das mesmas, mas mesmo assim decidi destacá-las e fazer alguns comentários a propósito que podem ler de seguida.


Esta é, em especial, para o Fernando Maudslay (da CF3) que me telefonou dizendo que não tinha visto os guiões das Companhias de Fuzileiros  em desfile. Além de eu ter sido testemunha presente nesse desfile, aqui fica uma foto oficial dos serviços da Presidência para dar mais força ás minhas afirmações.


Acho que o patrão Belmiro devia dar um bónus especial à família dos fuzileiros pela tremenda publicidade que recebeu sem pagar um chavo. Não acham?


Uma parada militar de fardas brancas é outra loiça! Só há uma coisa que eu preferia que se tivesse mantido à moda antiga - o emblema metálico pregado na boina dos fuzileiros. Os primeiros emblemas eram apenas uma fateixa pequenina que enfeitava a boina de fuzileiro e ficava muito elegante. Agora é uma chapola de respeito. Para quem acha que o tamanho importa, talvez esteja bem, mas eu não gosto, ou seja, preferia a outra.

E ainda outra!

Se não conseguiram ver o clip de video da minha mensagem sobre a inauguração do monumento ao fuzileiro, talvez queiram vê-lo aqui.

Outra versão da cerimónia!

Dadas as dificuldades na visualização do discurso do Presidente da República no video que inseri na mensagem anterior, aconselho-vos a clicar no link que se segue: http://www.marinha.pt/PT/Pages/homepage.aspx
E depois é só carregar no «play»!

Trabalho de telefonista!

Hoje passei o dia a "peneirar" a lista dos filhos da escola e verificar quais os números de telefone que ainda são válidos. Marcar números, um atrás de outro, e esperar que alguém atenda para repetir sempre a mesma pergunta - estou a falar para casa do Sr. "fulano de tal"? A maior parte das vezes, não atendeu ninguém ou fui redireccionado para o Voice mail.
Na meia dúzia de vezes em que consegui entrar em contacto com os filhos da escola, todos se mostraram abertos à ideia da realização da Festa do Cinquentenário, na Escola de Fuzileiros.
Amanhã a tarefa continua. É chato pr'a burro, mas alguém tem que o fazer. Se houver alguém que queira ajudar que avance. Toda a ajuda é bem vinda. Basta haver vontade e um telefone sem limite de chamadas.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Lista encurta a cada dia!

Se as coisas continuam assim acabamos sem participantes para a festa do Cinquentenário. Na semana passada foi o Anastácio Morais, hoje foram logo dois, o Custódio (16649) e o António A.L.Anjos (16565) que me confirmaram como tendo já falecido.
O primeiro, tal como referi no Blog da CF2, sofreu uma trombose aos 61 anos de idade e veio a falecer 4 anos depois, na terra onde viveu quase sempre, Penalva do Castelo, depois de sair da Marinha.
O segundo, que eu há muito procurava sem qualquer resultado, faleceu durante o reveillon do passado ano de 2010, em circunstâncias que ainda não consegui apurar em detalhe. No registo do seu óbito diz-se que «apareceu cadáver», o que me leva a crer que foi encontrado morto em casa, como ultimamente parece estar muito em moda, em Portugal.
Ele foi emigrante em França, casou-se lá em 1971 e veio a enviuvar em 1997. Não faço ideia de como viveu os seus últimos anos de vida e de viuvez, mas pelo registo do óbito faz-me pensar numa vida solitária, sem afectos e sem família.
Ultimamente tenho passado em Valpaços com alguma frequência e penso aproveitar a próxima oportunidade para investigar um pouco esta história que sendo a dos filhos da minha escola, é a minha também. Segundo os registos do livro do Comandante Baena, ele fez apenas uma comissão em Angola, no DFE6, tendo abandonado depois a Marinha e partido para a emigração.

sábado, 9 de julho de 2011

Para o ano há mais!

Depois de todas as fotografias que vos mostrei e das histórias que vos contei, resta-me dizer as últimas palavras e fazer as despedidas atá ao próximo ano, tal como fez o Comandante da Escola, pedindo desculpa por alguma coisa que tenha corrido menos bem e prometendo aprender com a experiência deste ano para que no próximo a festa seja ainda melhor.
Ele pode prometer isso, pois em cada ano que passa há uma nova fornada de jovens fuzileiros para refrescar e rejuvenescer o grupo. O nosso caso é que é um pouco mais triste, pois vamos ficando cada vez mais velhos, um dia já lá não apareceremos e ninguém dará pela nossa falta.
Mas é assim o mundo, as árvores caem, apodrecem e fecundam o solo para que as sementes nasçam e cresçam e cubram a Terra de novas árvores.



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Preparar, apontar, fooooooogo!

Na mensagem anterior mostrei-vos a Carreira de Tiro onde aprendi a dar ao gatilho. Nesta mostro-vos a arma com que me ensinaram a fazê-lo, a Mauser. espingarda de repetição com capacidade para 5 cartuchos no municiador e mais 1 na câmara.
Abalei (como se diz no Alentejo) para Moçambique sem conhecer nem ter dado um único tiro com a G3. E foi na pequena Carreira de Tiro da Machava que me tornei um especialista no seu manejo. Com a arma à altura da ilharga eu era um barra com a G3. Mas arma a sério para tiro de precisão, não há dúvida nenhuma, era a Mauser.
-Ensarilhar, aaaaaaaaarmas!

Fotos com história!

Há ainda algumas fotos mais que trouxe de Vale de Zebro e vos quero mostrar também. Cada uma delas representa um bocadinho da minha (nossa) passagem pela Marinha e vale a pena olhar para elas uma vez mais.


Frontaria do actual Edifício do Comando da Escola de Fuzileiros que não existia no meu tempo.


Antigo Edifício do Comando onde existia o Gabinete do Comandante Cristino, no 1º andar (1ª janela da direita). Felizmente nunca tive que lá entrar, nem por boas nem por más razões.


Antiga Parada e lugar do Mastro da Bandeira, tal como o conhecemos em 1962. No lugar ocupado pelo autocarro que se vê na imagem, estacionou, na noite de 9 de Março de 1962, o camião com capota de lona que nos trouxera do Corpo de Marinheiros depois de realizadas as inspecções sanitárias e os exames de habilitações literárias que nos deram entrada na Armada.


Arcada que dava para o nosso Refeitório, Paiol de víveres, Escutaria e Cozinha. Foi neste local que ouvi pela primeira vez a ordem de «formar a dois» dada pelo Sargento Trindade, logo após ter descido do tal camião com a «Maca» que me acompanharia durante seis anos e meio, com duas viagens de ida e volta a Moçambique.


Cantinho onde ficava a nossa Barbearia e os Quartos de Banho onde fiz o meu primeiro serviço de «Plantão». Já não recordo se esse primeiro serviço foi "regular" ou por castigo, mas isso agora não interessa nada.


Com as árvores como pano de fundo pode ver-se a caserna a que dávamos o nome de «Dos Recrutas» em contraposição com a outra a que chamávamos «Dos Voluntários» e que era a minha, no 1º andar, por cima do Refeitório.


E, para finalizar, o lugar que fez de nós fuzileiros que é o mesmo que dizer «Técnicos do Fuzil», a Carreira de Tiro. Aqui aprendemos a dar ao gatilho e a familiarizarmos-nos com as armas de que dependeria a nossa vida dali em diante. Relativamente poucos fuzileiros travaram conhecimento com a Mauser, espingarda de repetição de calibre 7,92 que dava um coice capaz de pisar o ombro de quem não soubesse ajustá-la devidamente ao ombro. Eu fui um desses poucos e gostei da experiência.
Esta é mais uma das valências da Escola que está completamente posta de lado, pelo que pude perceber.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Questão dos mortos durante a comissão!

Por várias vezes, o Filipe Cruz, lá dos confins onde se encontra, se tem referido aos mortos em campanha (não quero dizer combate, pois quem morreu em acidentes ou por doença, morreu também em serviço) que foram sepultados no local onde faleceram e cujos restos mortais nunca foram repatriados.
Aproveitei o meu reencontro com os camaradas durante a festa do «Dia do Fuzileiro» para trocar algumas impressões sobre este assunto. Estou convencido que nenhum fuzileiro morto durante a Guerra do Ultramar foi abandonado no terreno ou sepultado em lugar menos próprio. Estive à conversa com vários filhos da escola que fizeram comissões em Angola e na Guiné e também eles são da opinião de que todos os mortos tiveram um enterro digno e em lugares devidamente identificados. Quero acreditar que assim aconteceu.



Ao passar no Museu do Fuzileiro e reparar na placa com o nome dos camaradas tombados em combate, resolvi fotografá-la para trazer aqui o assunto e perguntar ao Filipe se ele se refere à não exumação dos restos mortais e trasladação para os cemitérios das suas residências, ou se, pelo contrário, pensa ou sabe que alguns tenham sido deixados para trás. Acho que isto é um assunto que vale a pena discutir aqui, tentando esclarecê-lo dentro do possível. Pior que não saber a verdade é não querer sabê-la!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Deambulando pelo Bairro Alto!

Em 31 de Dezembro de 1962 foi encerrado, ordens do António de Santa Comba e do Cardeal das Cerejas, o negócio mais antigo do mundo no Bairro Alto, a prostituição. Dia triste para muita gente, a começar por aquelas que dali tiravam o seu sustento e das suas famílias, mas também para os muitos frequentadores daqueles locais, a começar pelos nossos camaradas de alcache e boné branco.
Felizmente, os meus primeiros meses na Marinha e o meu baptismo de Lisboa puderam ainda contar com o Bairro Alto em pleno funcionamento e disso guardo algumas memórias na minha bagagem. Mas não é desse bairro que vos quero falar hoje. O Bairro Alto que hoje vos vou descrever nasceu em 1964, entre a recruta de Março e a de Setembro, vindo esta última a tirar os três ao «mega-empreendimento» que nasceu do outro lado do "Lodo".
O lodaçal que se estendia desde a estrada nacional que liga Coina ao Barreiro até ao estuário do rio Coina, foi cortado ao meio por uma estrada de paralelos a unir as duas metades da Escola que, de repente, passava para o dobro do tamanho e capacidade para albergar 1500 militares. A ladear essa estrada foram montados postes de iluminação e neles pendurados altifalantes para permitir que as formaturas a percorressem marchando cadenciadamente ao som da Caixa que um Marinheiro Clarim fazia soar na Parada. Uma das coisas de que me lembro ainda era da confusão criada sempre que os marchantes deixavam de ouvir um altifalante e passavam a ouvir o seguinte, com um ligeiro atraso na propagação do som, obrigando toda a gente a acertar o passo.
Formatura ás 5 da tarde, na Parada, leitura da Ordem do Dia e toca a marchar até ao Refeitório, primeiro e maior edifício do Bairro Alto, onde se seguia o jantar, servido muito cedo para permitir uma nova formatura, a das Licenças, logo a seguir.
Uma de muitas recordações que ocupavam a minha mente enquanto deambulava pelos espaços que há muitos anos não percorria, mas que permanecem quase inalterados. Não fora o edifício construído ali onde antigamente tínhamos o nosso Campo de Futebol e poder-se-ia dizer que tudo continuava na mesma.
Enquanto fazia a digestão das duas sardinhas e do pedaço de entrecosto que me tinham servido ao almoço, as minhas pernas foram-me levando na direcção do tal Bairro onde passei os seis meses mais marcantes da minha vida na Marinha, passados em Portugal Continental, na Primavera e Verão de 1965. Foi o período que mediou entre as minhas duas comissões, ambas feitas em Moçambique. Período em que foi preciso dizer adeus a muitos camaradas que me tinham acompanhado até àquela data e travar conhecimento com outros que me acompanharam dali em diante. Período de namoros e engates que pouco rasto deixaram na minha memória de tão fugazes que foram.
Muitas, mesmo muitas lembranças, algumas delas tão particulares que não podem ser partilhadas com ninguém e ficarão para sempre escondidas nas sombras desse passado já muito distante. Os altos muros que nos tentavam isolar do mundo lá fora e o desafio que representavam para nós e nos levavam a saltá-los sempre que havia uma oportunidade. As «Misses» do outro lado do muro, as saídas sem licença, as idas até Palhais só para deitar o olho a alguém do sexo oposto, um turbilhão de memórias impossível de descrever, mas que sei ser entendido por quem por lá passou como eu.
E para não vos fazer sofrer mais, aqui vai a reportagem, tipo Virgílio Miranda, daquilo que os meus olhos viram e hoje está completamente votado ao abandono.














segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Inauguração!

Nestas coisas de cerimónias oficiais e onde mete altas individualidades já toda a gente sabe como é, marca-se uma hora e fica-se a secar à espera que as ditas individualidades se dignem aparecer. Desta vez não foi diferente.
Se esperar já era mau, duas pequenas particularidades vieram piorar a coisa. Em primeiro lugar a polícia fechou completamente a Avenida e não era possível passar de um para o outro lado da tribuna. Como os primeiros a chegar se foram acumulando perto da tribuna, os últimos ficaram a 500 metros de distância e limitaram-se a ouvir o que os alti-falantes debitavam. Em segundo lugar o transporte organizado pela Escola de Fuzileiros começou a carregar o pessoal para o Barreiro a partir das 09.30 horas e eu segui na segunda carga, ou seja, ás 10.00 horas já lá estava plantado em cima das minhas doridas pernas.
Na situação em que ficamos, entalados num passeio com 1 metro de largura e toda a gente a tentar furar para os lados da Tribuna de Honra, regressando depois para tentar pelo outro lado, uma vez que por ali tinham encontrado o caminho vedado, só um herói aguentaria as 3 horas que aquilo demorou. Tentar encontrar ali os nossos camaradas era também pouco menos que impossível e só por milagre avistei uma meia-dúzia que se cruzou comigo.
Logo no início dei de caras com o Tenente Tavares Costa, achei aquela cara familiar, mas não o reconheci. Só com a ajuda do Jordão que estava em amena cavaqueira com ele é que fiquei a saber de quem se tratava. Vi depois e cumprimentei alguns filhos da escola, como o Alturas, o Zé Bernardes, o Galinhas, o Bento, o Charrua, o Elvas, o Alvaro, mas de regresso à Escola nunca mais vi nenhum deles.
A minha companhia durante todo o dia foi o Francisco Veiga (16453) e encontrei mais tarde na Escola o Fragata (16452), o António Augusto (16463) e o Chumbo (da escola do Páscoa).
Fiz umas quantas fotografias, dentro daquilo que a minha posição me permitia, que vos deixo aqui para ficaram com uma ideia de como as coisas se passaram.












O Salto do Vicente Galinhas!

O Vicente Galinhas é mais conhecido que a fome. Nos fuzileiros e meios que frequentam não há quem não o conheça. Mas nem todos conhecem a sua história. Não sabem, por exemplo, que ele é filho da minha escola (a de Março de 62), mas que não pôde jurar bandeira comigo por ter partido um braço numa queda na pista de obstáculos. Isso fez com que ele tivesse que juntar-se aos filhos da escola de Setembro do mesmo ano, o que lhe atrasou seis meses a sua vida na Marinha.
No passado sábado, enquanto decorria o almoço na Escola de Fuzileiros que foi servido exactamente no local onde funcionava a «Pista de Obstáculos Nº 1», ou seja, ao lado e por trás do Ginásio onde o Professor Ferraz nos obrigava a esmurrar "o focinho" uns aos outros, dei com os olhos na rede de cabos de sisal que servia para fazermos o «Salto à Tarzan» e veio-me esta recordação.
Eu cheguei à Escola de Fuzileiros numa sexta-feira era já noite escura. O jantar tinha-nos sido servido no velho Corpo de Marinheiros, ao cair do dia, e só depois disso e com muitas calmas nos fizeram ir buscar os nossos pertences e embarcar num camião com capota de lona e nos despacharam para Vale de Zebro. Recordo-me que ouvia esse nome e soava-me a qualquer coisa estranha que me fazia lembrar a Segunda Guerra Mundial e os campos de concentração nazis. Ninguém sabia o que era ou onde ficava Vale de Zebro e viajávamos naquele camião como porcos para o matadouro, quero dizer, sem fazermos a mínima ideia de qual seria o nosso destino.
Mas voltemos à história do Galinhas que é disso que se trata. No sábado de manhã acordámos todos lampeiros e após o almoço, sem nada especial em que nos ocuparmos, fomos reconhecer o terreno. Alguns dos grumetes chegados nos dias anteriores e que já conheciam os cantos à casa, serviam-nos de cicerones. Um deles e o mais afoito era o Vicente Galinhas. Em três tempos estávamos debaixo da rede do Tarzan com ele a exemplificar como se executava aquele acrobático e arriscado salto. Como não podia deixar de ser, eu fui um dos primeiros a imitá-lo e seguido de outros lá subimos ao pinheiro e fizemos o nosso baptismo de fuzileiros. Poucos dias depois, na repetição da mesma acrobacia o Galinhas caiu da rede, partiu um braço e foi separado do nosso grupo para ir curar a mazela.
Neste último sábado da minha vida, quase 50 anos depois, vi-me debaixo da mesma rede, mas já sem genica para subir ao pinheiro e atirar-me em voo para aquela rede que lá continua ainda como se estivesse à minha espera. Foi pena o Galinhas não ter aparecido lá também para tirarmos uma fotografia juntos e agora publicá-la aqui para a posteridade. Mas fica a história e as fotos que, mesmo sem protagonistas, servem para mostrar a quem não voltou àquele local, como está o campo de treinos daquele tempo e que todos recordamos com saudade. Se não por outras razões, pela mocidade que nos fazia donos do mundo!











Nas últimas duas imagens vê-se o cabo da «Descida da Morte», visto de baixo para cima, uma vez que já não há genica para ir lá acima bater a chapa, de cima para baixo. Agora só com a Escada Magirus dos Bombeiros do Barreiro!