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quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Sargento Patrão!

Hoje tenho uma notícia triste para vos transmitir. Morreu um fuzileiro. O Sargento António Patrão que foi meu chefe de secção na CF8, morreu ontem de madrugada e o funeral realiza-se hoje, pelas 15.00 horas, em Vila Franca de Xira.
A notícia chegou-me ontem ao fim do dia e não sei grandes pormenores do triste acontecimento, mas parece-me que ele padecia de um tumor na cabeça e já estava internado no IPO, em Lisboa, há algum tempo.

FUGIU A BURRA!



Artur/Leiria
Crónicas improvisadas


Ia o Sr. Ventura, já pela tardinha, de regresso a casa depois de ter ido amanhar uma pequena propriedade sua, herdada de seus pais, quando estes ainda eram vivos, lá na sua pequena aldeia, onde nasceu, bem próximo de Viseu. Homem reformado da Marinha, depois de mais de 36 anos no activo, a sua linguagem não era pois condizente com a da área, uma vez que, sendo homem viajado, muitos horizontes foram por ele observados, muitos contactos e alguns estudos até fizeram também parte do seu currículo o qual o obrigou a um esmero muito seu na sua forma de falar!
Depara-se com a Veríssima, sua vizinha, rapariga a rondar os 30 anos, casada com o Venâncio correndo atabalhoadamente caminho abaixo! Este é um casal envolvido, na labuta da dura luta, do dia-a-dia, nas terras que nunca foram pobres de trabalho! Gente de guerra, não fossem eles das terras mais lusas que Portugal jamais teve, não seriam não, merecedores desta pequena contemplação! Lusitânia sinónima de “Terra da Luz,” cognominada assim pelos Romanos, na sua própria língua da época; outrora donos e senhores destas tão heróicas terras que tantos heróis deu à luz! Viriato, entre outros, o astucioso chefe que, com meia dúzia de lacaios consegui fazer a vida negra a tão poderosos senhores dum império jamais visto ate à data! Sertório, o atraiçoado, morto por comparsa, tipo judas, que se deixou comprar por dinheiro! Talvez, tivesse ele sido, o impulsionador dos políticos de hoje, teria (?)

- “Então rapariga, viste o lobo?” pergunta o Ventura num tom de voz suave e paternal.
- “Não, ti Bentura, é a minha burra que me fugiu outra bez!” Responde ela ofegante!
- “Não me digas! Tanta ralação para coisa tão pouca, pois vi-a passar há pouco por ali abaixo direitinha àquele olival, mas olha que, ela ia com menos pressa do que tu.”
- “É teimosa como burro tio Bentura, logo que a apanhe vai lebar mais uma coça, bai ber”…
- ”Pudera, é teimosa porque é da mesma família rapariga, só que é fêmea, assim reza o escrito, como sabes; olha bem lá para o meio das árvores, que deve estar por lá.” Apontando com o dedo nessa direcção.
- “Ah ti Bentura, obrigadinho, agora já bejo o cu da minha burra, maldita, que me fazes descer este bale todo, ai que soba que bais lebar!” Dispara a Veríssima, a correr por ali abaixo, e ao mesmo tempo grita: “ti Bentura, ti Bentura, espere ai que já benho, preciso falar consigo.” Passado um pouco lá vêm os dois, encosta a cima, respirando pesado para colher mais oxigénio com os pulmões, o qual, escasseia mais nas alturas da serra, e a Veríssima a tentar dar na burra mas, era pouca a força que lhe ia restando para o fazer.
- “Ti Bentura o meu Benâncio, comprou lá para os lados de Bila Berde, um garrafão de binho berde que eu gostaba que o ti Bentura probasse. “Ele diz a toda a hora, que é cá um xarope de se tirar o chapéu, mas eu não percebo nada disso, gostava que o ti Bentura fosse lá a casa agora e o meu Benãncio daba-lhe um copito”
- “Olha rapariga, lá mais à noitinha pode ser, posso visitá-los a vocês e ao famoso garrafão a que te referes, agora não, está bem?
-“Como quiser ti Bentura… fico à espera e bou já falar com o meu Benâncio para ele fazer conta consigo e até logo.” Virou as costas e enquanto caminhava ia dando na burra e dizendo: “maldita que me fazes correr tanto!”
- “Até logo Veríssima e toma-me bem conta dessa burra e de ti também!”
- “Venâncio?” Era o Ventura a chamar bem na hora em que o sol estava já a dar as boas noites.
- “Venâncio? É o Ventura…”
- “Entre, entre, ti Bentura. Oh Beríssima, bais-me arranjar dois copos que o ti Bentura já cá está”
- “Olá, sempre beio ti Bentura,” ao mesmo tempo que ia entregando os copos ao marido.
- “Que jeropiga rapaz”! Era o Ventura a dizê-lo logo que provou a pinguinha. Depois de mais uns copitos e sendo tempo de procurar a ceia, despede-se deste casal simples mas dum enorme coração, agradecendo, pinga tão boa!
- “Binde sempre ti Bentura porque se não bindes, eu e a minha Beríssima, bamos pensar que está zangado e nós não queremos isso.”
- “Rapazes, com uma pinga dessas, quem é que pode dizer que não volta! De maneira nenhuma!” Ao mesmo tempo que a sua caminhada o levava progressivamente a ficar mais envolto pelo lusco-fusco da noite que o ia sumindo, pois esta já ia sendo rainha, até que o sol, o astro rei, brotasse luz irradiante, que a dominaria com mais um dia de Deus para a labuta sem esquecera burra.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Nampula 1967!

(O Furriel, o fotógrafo e eu)
Corria o ano de 1967. A CF8 estava toda no Niassa e já cheia daquela vida de isolamento. Cada um armava o seu teatro para ver se podia livrar-se daquilo o mais depressa possível. Disse, «armava o seu teatro» porque nunca acreditei muito nessa versão dos «apanhados do clima». Apanhados estávamos todos, mas só os mais espertos conseguiam convencer disso os seus superiores de modo a serem evacuados. Malucos a sério acho que não havia nenhum.
E chegou a minha vez de representar o tal papel, o de «maluco apanhado pelo clima». Para os mais distraídos, o clima aqui referido não é o atmosférico, mas sim o clima de guerra que se vivia à época. No meu caso particular nunca estive em situações de grande pressão psicológica provocada por ferimentos ou morte de camaradas da Companhia. Nas Unidades em que prestei serviço não houve mortos e apenas um ferido ligeiro (rebentamento de mina) na Companhia 8. A única coisa que complicava com os nervos era o medo e ansiedade constantes. Uma mina, uma morteirada ou uma bazucada podiam acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar. E era isso, o receio de não regressar vivo das operações em que cada um participava, que criavam maior pressão no sistema nervoso daqueles jovens militares.
O facto é que também eu estava farto daquele isolamento até à medula e precisava de férias. Calhou ter sido atingido por uma crise forte de paludismo e aliando isso à necessidade de tratamento de um outro problema antigo que me afligia, consegui convencer o Dr. Dinis Noivo, médico da CF8, de que tinha que ser evacuado. No início não fui muito bem sucedido, mas quando lhe disse que qualquer dia pegava na pistola e desatava aos tiros, a torto e a direito, e que ele seria o responsável pelo que acontecesse, lá assinou a guia de marcha. Eu nem queria acreditar e quase me denunciava com um enorme sorriso de orelha a orelha.
E fui para Nampula e passei lá dois ricos meses de férias!
O Furriel Miliciano que podem ver na foto, era já um velho conhecido de Lourenço Marques e que tinha também viajado connosco até Nacala, a bordo do Império, quando a nossa Companhia foi destacada para o Niassa. O puto que está entre nós era fotógrafo, tinha uma casa de negócio aberta na cidade, e foi quem me convenceu a servir de modelo para um concurso de fotografia que acabaria por ganhar o 1º prémio.

sábado, 25 de abril de 2009

Uma história triste!

A história curiosa que o Leiria contou no post anterior, fez-me lembrar uma outra história que me parece apropriada para preencher este espaço que é dedicado a todos os filhos da Escola de Fuzileiros. Não é uma história alegre, mas também de tristezas e muitas lágrimas é feita a nossa vida, por isso temos que estar preparados para tudo.
Depois de sair da Marinha só voltei uma vez à nossa Escola de Vale de Zebro. Tinha-me casado havia pouco tempo e queria mostrar o sítio à minha mulher. Acompahado por um filho da escola que agora não recordo quem era, demos uma volta pelos lugares mais marcantes da Escola e a páginas tantas estávamos debaixo do eucalipto da «Pequena Descida da Morte», aquela que dava directamente para dentro do lodo, já perto da Seca do Bacalhau. E então disse-me ele:
Neste curso de fuzileiros que está a decorrer e quase a chegar ao fim (estávamos no mês de Julho) caíu aqui um filho da escola e morreu. Quando se preparava para iniciar a descida escorregaram-lhe as mãos da alça e precipitou-se sobre os carris, partindo a coluna.
Por sorte morreu, senão teria que viver uma vida inteira prostrado numa cama. Acabou ali a alegria da minha visita e despedindo-me parti. Até hoje, nunca mais lá voltei!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma história curiosa!



A foto inserida mostra a estrutura mais alta do mundo dos últimos 30 anos!
Esta foto é precisamente da CN Tower em Toronto, Ontário, Canadá! Não posso precisar, mas tem mais 550 metros de altura, a qual curiosamente, foi construída por pessoas de diferentes etnias com evidência para a portuguesa no que concerne à sua estrutura!

É hábito do operador do elevador fazer uma breve descrição sobre a torre, a sua história entre outros interesses que lhe são relevantes; tudo isto, enquanto o elevador com vidros a mostrar o efeito da ascensão rápida, a qual se torna assustadora para quem a faz pela primeira vez. Por fim o operador sai-se com esta: “Thanks for flying CN”! O que no aspecto, sensação e vista, não são para menos! Logo que chegamos ao topo, temos uma majestosa vista da cidade que até nos dá impressão que a estamos vendo dum avião!

Aconteceu, porém, que o Medeiros, rapaz dos açores, trabalhador na construção e que nesta altura era um dos envolvidos na criação desta estrutura fenomenal! Contudo, na mesma altura, andava ele na nossa escola a tirar a carta de condução. Rapaz extremamente nervoso, que por infelicidade escorregou, quando a torre já estava a uns três quartos da sua altura, caindo para fora dela, mas a felicidade foi que, a corda, que obrigatoriamente as amarrava, ficou a aguentar o nosso Medeiros dependurado, uns 400 metros de altura como um pêndulo dum relógio de sala “grandfather clock”! Claro, que está de ver, que o homem da história desmaiou, com a agravante dos desperdícios biológicos terem disparado!
Falava sempre com uma voz nervosa que nos deixava desconfortáveis. Deu connosco, mais do que as lições necessárias para pessoa de reacções normais! Vai ao exame de condução, uma série de vezes, sempre com o mesmo resultado; logo que o examinador voltava costas, lá ia ele para um canto vomitar como se tivesse comido fel de animal!

Comecei eu a ponderar, sobre a razão para tanto nervosismo, concluo por mim que, parte de tudo isso era sugestivo! Ele queria a carta, custasse o que custasse, o que para ele o dinheiro, nunca foi obstáculo… Certo dia vem-me à ideia algo deslumbrante! Que tal se eu lhe desse uma aspirina dizendo que, era um comprimido para os nervos, super milagroso, que me deram na farmácia?

A cena foi esta: “Medeiros tenho aqui um comprimido que lhe vai tirar esses nervos todos, mas eu só lhe vou dar metade, para não ficar calmo de mais.” Obrigado Senhor Sousa” tomando a metade que lhe dei. Passados alguns minutos, quando já íamos a sair para o sacrifício do costume, diz ele: “oh Sr. Sousa, já me estou a sentir tão bem, que já nem sinto nervos nenhuns!” Vamos lá que hoje é que é de vez…” E lá fomos… o Medeiros todo contente!
Rapazes olhem que desta vez foi mesmo! Quando ele com papel da aprovação nas mãos, aos pulos e a agarrasse a mim aos beijos, e eu, já chega… já chega… tentando fugir do nosso Medeiros!

Pepe o Açoreano!

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O Pepe tinha uma mota. Era uma Triumph 250. Por causa da mota também tinha muitos amigos. Daqueles que gostam sempre de ir para todo o lado sem pagar nada. Um desses amigos era o Eleutério (1855.64) que hoje vive no Carvoeiro, perto de Armação de Pera. Do Pepe não me lembrava nem sequer do número, mas ontem estive ao telefone com o Ezequiel, também ele algarvio de Alte, que me deu o seu número. Era o 1315.64, José Manuel Medeiros, garante ele. Eu próprio também tinha uma mota, uma Java. Por essa razão também me dava bem com o Pepe, porque às vezes combinávamos passeios em conjunto. Ou seja, por interposta pessoa eu também acompanhava muitas vezes o Eleutério, sem sermos grandes amigos.
Como me deram o seu número de telefone, há dias, decidi telefonar-lhe para saber novidades, mas tive azar pois ninguém atendeu a minha chamada.
Tenho tentado por vários meios contactar com os antigos camaradas da CF8, mas sem ser pela internet a coisa vai ser difícil! E não conheço nenhum que saiba usar o computador.
Vamos com calma!

Acontece aos melhores...!

Hoje, ao abrir o blog, reparei que faltava o título e a descrição. Não me lembro de ter mexido nas definições quando substituí o cabeçalho, mas a verdade é que lá não estava. Já tratei disso e agora já está tudo bem.
Se calhar ninguém tinha dado pela falha. Pela falta de comentários e participação reduzida de outros filhos da escola não corro grande risco de crítica.
Valha-me isso!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

De espada em riste!

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Não fazia a mais pequena ideia de que os sargentos faziam instrução com espada. Sempre pensei que isso era reservado, apenas, aos oficiais. Foi, por isso, com surpresa que olhei para esta foto do Rafael a comandar o pelotão do Curso de Sargentos.
Estou sempre a aprender!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Seguidores!

Na barra lateral do Blog acrescentei mais uma aplicação - Seguidores. Isto porque me apareceu um seguidor registado, chamado André, que só era visível para mim mesmo. Tenho pena de não saber quem é este André que mostrou interesse em seguir o nosso blog. Mas acredito que ele em breve fará um comentário e nos deixará saber de quem se trata.
Bem vindo seja ele e que encontre neste blog de Filhos da Escola de Fuzileiros aquilo que procura, é o que eu desejo.

sábado, 18 de abril de 2009

Visitantes aos molhos!

Vim dar uma espreitadela no foto publicada pelo Oliveira (muito bonita) e fiquei admirado com a quantidade de cibernautas que hoje visitaram o nosso blog. Até havia um de Istambul e outro de Riade!
Estamos a ficar «quase» tão famosos como a Coca-Cola.

O Tchifuli 2


foto tirada uns anos mais tarde que a do Tintinaine (3º post em baixo) onde se vê a SAO, a casa dos botes, o tecto da guarita nº6, e o cais das LDP.
Tinha por hábito a frelimo aquando dos dias festivos, por detrás do monte enviar uns tiros há noite para a base e dar de frosques , na base iniciava-se a tourada fogacho para o monte com morteirada, munições iluminantes e explosivas, e o pessoal todo nos postos de combate, o monte iluminava-se, e sentia-se um misto de: ai a merda... e ao mesmo tempo de. isto é lindo!

Cara nova!

Hoje decidi dar um novo aspecto a este blog!
E como o assunto que, maioritariamente, aqui se trata é a CF8 e o seu pessoal, achei que ficava bem uma fotografia onde eles aparecem, como é o caso do Manuel Enteiriço, hoje sargento reformado, que depois de ter feito comigo duas comissões em Moçambique, continuou a dar o corpo ao manisfesto e merece, portanto, o lugar que aqui lhe destinei. O barbudo que aparece à esquerda é, nem mais nem menos, que aquele que, neste preciso momento, vos dedica estas linhas.
Espero que aprovem o novo look!

Baixa produtividade!

Não se ouve outra coisa na boca dos políticos. O trabalhador português não produz o suficiente. Mas só em Portugal, porque em qualquer outro canto do mundo os trabalhadores portugueses contam-se entre os melhores. Onde está então o defeito? A quem culpar por esta falta de produtividade? É um conjunto muito grande de coisas, desde o clima aos hábitos de vida das pessoas, deste a má gestão à fraca motivação pelo trabalho, e umas quantas outras coisas que têm a ver com quem nos governa e gere as nossas vidas.
Mas não é disso que aqui se trata. Este blog tem outros objectivos que não a análise social e coisas que tais. O facto é que regressei da visita que fui fazer ao meu camarada Neiva da CF8 sem nada de especial a não ser o número do telemóvel de um camarada de Barcelos a quem eu chamava irmão, por ter um apelido igual ao meu. Já aproveitei para falar com ele que ficou muito admirado por ouvir a minha voz ao fim de tantos anos.
Disse-me ainda que mora na freguesia de Balugães, concelho de Barcelos, um dos camaradas da Companhia, mas não conseguimos descortinar o seu nome ou número na lista que fiz a partir do livro do Comandante Baena. Ou se trata de mais um erro do livro, ou a memória do Neiva já não é o que era! Outra informação que consegui é que o Adriano Passos (2061.64) mora em frente à igreja de Darque, Viana do Castelo. E também que o nosso 1º comandante atingiu o posto de Contra-Almirante, mas que já faleceu.
Nas fotografias que tem nos seus álbuns ou naquelas que levei comigo, reconhece algumas caras, mas não lembra nomes nem números de ninguém.
Porca miséria, como diz o italiano!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Tchifuli!

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Esta serve apenas para vos dar uma ideia do morro a que umas vezes subíamos por desporto e outras descíamos com o credo na boca. No sopé da serra a tabanca de que não recordo mais o nome. No meio dos embondeiros e das mangueiras as oficinas da Marinha. Em primeiro plano a estrada que nos levava da Torre até lá abaixo. Do lado direito, à borda d'água o caminho das «machambas» que ia até às bombas de água.
O sortudo do Elvas já lá regressou, em visita, há meia dúzia de anos. Eu gostaria muito, mas já perdi a esperança!

E as abelhas?

Esqueci-me delas, c'os diabos!
Mas não faz mal pois já aqui contei a história. Ao subir ao Tchifuli fomos atacados por um enxame de abelhas selvagens e o pobre do Neiva levou a pior parte. Nunca desci o Tchifuli tão rápido como nesse dia e a praticar «transporte de feridos». E o Neiva não morreu por milagre (segundo disse o nosso médico, o Dr. Noivo). Ainda não tinha chegado o seu dia, pois claro!

O Neiva e as abelhas!

O Neiva que mora no Laranjeiro, mas é de Esposende, veio passar a Páscoa à Santa Terrinha! Combinei encontrar-me com ele para falarmos sobre a hipótese do encontro da CF8. Ele e mais o Brandão e o Zé Gato eram os meus pupilos nessa companhia. Com o Brandão tenho-me mantido sempre em contacto, mas com os outros não. Será portanto a primeira vez que o vou ver depois do nosso regresso de Moçambique em 1968. Como estará ele? Será que o vou reconhecer? E saberá ele por onde anda o Zé Gato? Como mora em Lisboa é bem possível que se tenham cruzado alguma vez nos últimos 41 anos!
Tentei falar com o Américo, o membro da companhia que mora mais perto de mim, mas o seu telefone está desligado. Gostava que ele também viesse comigo para encontrarmos o nosso camarada, mas parece não ser possível. Paciência, outra vez será!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O RODRIGUES E A AMNÉSIA!


Obrigado bom amigo, não era preciso o teu imerecido elogio, agora tenho que passar a andar com guardanapos no bolso para limpar YKW, para não cair pela barriguita abaixo, caramba só me dás é trabalho! O que vale é que é dos bons…

Agora quanto ao António Rodrigues, esse desmancha-prazeres, que não quer fazer parte dos vivos, enquanto ainda vai respirando ao vivo! Inconcebível!

Rodrigues, por castigo, lá vai o que talvez não gostes, desculpa pá, é de propósito…
Ainda te lembra, com certeza, que dormias na tarimba por cima de mim na Machava, verdade?
Certo dia, segundo me foi dito, escorregaste no balneário e bastes-te com a parte de trás da cabeça no chão que, era tão duro como cimento porque o era. Mais tarde ao encarares-me exclamas:

“Oh Leiria dói-me tanto a cabeça,” e tu a agarrá-la por detrás.
“Pudera, depois de um trambolhão desses no balneário, segundo me disseram, não é para menos, não!” Então aqui, é que começa a verdadeira lengalenga… e continuavas:
“Oh Leiria dói-me tanto a cabeça,” e tu a agarrá-la por detrás.
“É pá caíste no balneário e bateste com ela no chão.”
“Mas tu viste?”
“Não, mas disseram-me,” passado um pouco:
“Oh Leiria dói-me tanto a cabeça,” e tu continuando a agarrá-la por detrás.
“É pá caíste no balneário e bateste com ela no chão, como já te disse.”
“Mas tu viste?”
“Não, mas disseram-me…”
“Oh Leiria…” (Virava o disco e tocava a mesma…)

Rapazes. Foi uma semana de tal repetitiva lengalenga à qual, como obrigação e dever, me fui adaptando! Foi cá um ataque amnésico que só visto, porque o que conto não é de acreditar! Provavelmente não vai o Rodrigues lembrar-se desta passagem porque a amnésia lha usurpou de certeza…

Rodrigues, anda lá, vai ao encontro, preciso que dês uns abraços por mim, pá!
Bem-hajas, camarada.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Ah grande Leiria!

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Preciso dedicar este post ao Artur Sousa, aka, Leiria. Achei piada a esta do "aka" que é uma abreviatura de "also known as" que em português se costuma traduzir por "aliás", embora não queira dizer exactamente a mesma coisa. Coisas de línguas que não vale a pena discutir aqui, mas achei piada ao termo e como o nosso amigo vive num país de língua inglesa, fica aqui mesmo a matar.
Mas vamos ao que interessa... Este post é-lhe dedicado porque não tenho tempo de responder a todos os comentários que tem feito e, pedindo-lhe desculpa pela minha falta, quero que considere isto uma resposat a todos eles.
E queria aproveitar ainda para fazer um comentário, meio a sério meio a brincar, a respeito dos dois filhos da escola que podem ver acima. O primeiro vive longe e não pode estar presente (com muita pena sua) no encontro do pessoal da CF2 no próximo dia 25. O segundo vive perto, bem perto, e dá-se ao luxo de desprezar a oportunidade (que lhe ofereci) de se juntar àqueles que com ele privaram e o consideraram um amigo.

sábado, 11 de abril de 2009

Festa em Lourenço Marques!

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Mentiria se dissesse que não conheço nenhuma destas caras. Conheço várias, mas não me consigo é recordar dos nomes daqueles a quem pertencem. Também não consegui ainda ajuda para levar a cabo a tarefa da identificação. Dos poucos contactos que tenho nenhum usa a internet. É preciso é ter paciência que com o tempo tudo se resolve.

Provável encontro da CF8?

Para os leitores mais assíduos não é surpresa se disser que passei um dia desta semana com o Verde, pois já aqui o referi, em vários posts. Durante as nossas deambulações, fomos falando disto e daquilo, de tudo e de nada, e a páginas tantas perguntou-me ele se aquele Azevedo que eu aqui referi, neste blog, era o 2025.64.
Disse-lhe que sim e então ele contou-me que também fez parte do grupo de marinheiros (do Douro Litoral) que se juntou em casa do Azevedo, a convite deste, para se atirarem ao almoço mais bem servido e regado que se lembra. Comer até lhe chegar com o dedo e beber até ver sereias em terra. E tudo sem pagar um cêntimo! Ah, grande AZEVEDO.
E é este mesmo Azevedo que me está a empurrar para organizar um encontro do pessoal da Companhia Nº 8. Não estou com muita vontade de me meter noutra, mas, às tantas, não posso negar-lhe a minha ajuda para levar a efeito aquilo que pretende.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Aquartelamento da Machava!

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Embora já tenha publicado esta foto na internet, nunca o fiz neste blog e acho que vale a pena deixá-la aqui para a verem aqueles que por lá passaram. Podem ver-se claramente os contornos dos edifícios, tal e qual como eram na época em que lá estivemos. Até o rectângulo do campo de futebol é claramente visível.
A enorme diferença visível na fotografia são os milhares de barracas com tecto de zinco, visíveis do lado de fora dos arames farpados, onde antigamente só havia cajueiros e plantações de amendoim. Lembram-se disso muito bem aqueles que passaram horas de sentinela em cima da guarita do portão de entrada, vendo as mulheres negras a cavar a machamba e a semear o amendoim.

Ezequiel, o Algarvio!

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Mais uma foto dos camaradas da CF8. Destaco aqui a presença do Ezequiel (segundo a contar da esquerda), um dos poucos de quem me recordo com toda a exactidão. Focos companheiros de muitas vivências enquanto estivemos no Niassa. Há dias disseram-me que morava em Alte, no Algarve, e deram-me o seu número de telefone. Liguei-lhe e perguntei se sabia quem lhe estava a telefonar. Claro que não fazia a mínima ideia e disse-me que ainda não tinha um «videofone» por isso não me conseguia ver. Também não me reconhecerias se me visses, disse-lhe eu. Agora uso óculos, o cabelo foi-se quase todo e peso 11o kilos! É só o dobro daquilo que pesava quando andava contigo a capinar a pista de Metangula, lembras-te?
Depois vieram as perguntas sobre a saúde e as histórias de vida, como é fácil de adivinhar. Perguntei-lhe se estaria interessado em participar num encontro a organizar num futuro próximo. Respondeu-me que já devíamos ter feito isso há mais tempo, porque agora estamos todos «escavacados» e já ninguém se conhece. Se for no Algarve talvez, acabou por dizer.
Como o grande motivador deste reencontro é o António Azevedo tenho que lhe passar o recado. Sei que a sua primeira ideia é organizar um encontro na zona de Aveiro e tentar motivar a malta do Norte a aparecer. Depois se verá o que fazer de seguida. Já lhe disse que comigo podia contar.

Miséria Franciscana!

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Quem passou pela Guiné sabe a miséria que se vivia no Arquipélago de Cabo Verde e a necessidade que aquele povo tinha, de tudo e mais alguma coisa. Lembro-me de ouvir contar que até capim e lenha vinham buscar à Guiné, pois nas ilhas não havia nada.
Também em Moçambique se passava uma coisa semelhante. Em frente ao Cobué, no Niassa, existiam as Ilhas Likoma. Não faziam parte no nosso território, mas sim do Malawi. Estavam, no entanto, muito próximas da nossa costa e a muitas milhas do Malawi. Deus fez o mundo e o homem as suas fronteiras. Os habitantes das ilhas eram Nyanjas e viviam e conviviam com os Nyanjas de Moçambique. Casavam-se entre eles e não queriam saber se eram portugueses, moçambicanos, súbditos da Rainha de Inglaterra ou malawianos. Eram Nyanjas e filhos de Deus (ou Alá) e isso era o bastante para eles. Viviam da caça e da pesca, o melhor que podiam. Os ilhéus muito pior que os do nosso lado a quem não faltavam os recursos naturais que garantem a subsistência da humanidade desde o princípio dos tempos. Até o capim para as palhotas e a lenha para cozinhar tinham que vir buscar ao nosso lado. Andavam de um lado para o outro e ninguém os incomodava. Pelo menos até a Frelimo ter posto aquela zona no maior alvoroço.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Cerveja 2M!

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Não me atrevo a tentar identificar os camaradas que aqui aparecem. Algumas caras recordo-as como se as tivesse visto ontem, mas não as consigo relacionar com nomes ou números de seja quem for! Logo que consiga conferenciar com algum dos filhos da escola de Setembro de 64, a que pertencia o grosso da Companhia, prometo voltar aqui e colocar os nomes de toda a gente.
Esta foto foi tirada, como se percebe, durante uma visita à fábrica de cerveja que ficava no Vale do Infulene. Era uma das pequenas alegrias a que tínhamos direito, de vez em quando.

sábado, 4 de abril de 2009

A Pedra do Feitiço, Angola e o Cerdeiral!

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Tinha prometido investigar sobre a pergunta feita pelo Sequeira sobre o Albertino Cerdeiral ( 1º à direita, na foto). Pois aqui está o que eu consegui descobrir.
O seu percurso na Marinha e participação na Guerra Colonial, tanto quanto consegui perceber através dos documentos que consultei, consta de 3 comissões. A primeira, junto comigo, na CF2, a segunda em Angola na CF1 (1966/1968) e a terceira também em Angola na CF4 (1970/1972). Deve ter regressado desta última comissão como Cabo e acredito que tenha prosseguido a carreira militar na Armada.
Durante a comissão em Angola, houve, de facto, pessoal da CF1 que caiu numa emboscada, na zona da Pedra do Feitiço, na qual morreram dois fuzileiros, o José Pereira (294.65) e o José Silva (2149.65). Se o Albertino Cerdeiral foi ou não ferido nessa emboscada não consegui descobrir, mas pode ser que, mais tarde ou mais cedo, eu o descubra nas minhas tentativas para juntar todo o pessoal da CF2, em que ele fez a sua 1ª comissão.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Metangula


Barra da baía da então Augusto Cardoso!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Pedra do Feitiço III

Afinal a famosa Pedra do Feitiço fica em Angola! Vivendo e aprendendo.
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E aqui têm uma antiga fotografia que mostra exactamente do que estamos a falar.
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A Pedra do Feitiço II

Nas minhas pesquisas sobre a "Pedra do Feitiço" encontrei o blog «Travessa do Ferreira» administrado por um homem que se define assim:
»»»
Antunes Ferreira
Jornalista, antigo Chefe da Redacção do Diário de Notícias (1975-1991)e escritor, dizem... Escrevo porque gosto, ponto. E gosto que os outros gostem do que escrevo. Originário de Direito, licenciado e mestre em Jornalismo e Comunicação. Muitas outras coisas mais: homem dos sete ofícios... Casado há 45 anos, sempre com a mesma mulher, Raquel, três filhos, três noras, quatro netos e uma neta. Agora dei em escritor: lancei em 15 de Abril o me(a)u livro de contos «Morte na Picada». Estórias da guerra de Angola, anos sessenta, em que, infelizmente e bem contra-vontade participei. O MEU IMEILE OU IMILIO:
ferreihenrique@gmail.com
«««
Achei que valia a pena importá-lo para aqui e tenho a certeza que ele não se zangará por isso, se vier a tomar conhecimento do facto.
Ora leiam lá.
Citando:
Venho de Santo António do Zaire, ou mais precisamente da Pedra do Feitiço a que chamam também Emídio de Carvalho, nome de tenente. Da cidade da foz do rio fui até lá para transportar uma peça de artilharia – sem munições. Esta puta desta guerra tem singularidades que não lembrariam nem ao mais pintado. Dou por mim a pensar com os meus botões que a peça em causa é mais de teatro... que de militança.
Porém, os estrategas militares entenderam que um canhão desactivado, desactualizado, degradado, até mesmo depravado, plantado na Pedra seria um excelente argumento para «dissuadir o IN que por ali tentasse passar» – e passava. Vá-se lá dizer-lhes que não... Anote-se: IN em língua castrense quer dizer inimigo. Na picada, o tuga quer lá saber dessas subtilezas fardadas. É o turra e ponto.
O Zaire é um rio majestoso. Subi-lo de Santo António até Nóqui, já na fronteira com o Congo Kinshasa, dizem-me ser uma viagem inesquecível, pela grandeza dele, mas também pela beleza selvagem da mata que o abraça, pelos matizes de verde, enfim. Os tipos da Marinha andam por lá, no troço angolano, eu vi-os, nas suas lanchas, com nomes fora do habitual, a Rigel, a Pollux, a Espiga, a Régulus e outras. Disse-me o segundo tenente da Reserva Naval Pires Martins que os percursos vão das muílas ao canal internacional e as ilhas.
É da Pedra que trago no MVL – creio que já desvendei a sigla, mas, na eventualidade de..., são as colunas de reabastecimento, Movimento de Viaturas Logísticas – um grupo de Flechas e um prisioneiro alegadamente pertencente à UPA. Os Flechas são uma verdadeira tropa negra, auxiliares da PIDE, com pré a sério e direito a saque. Temidos pelos patrícios, são terríveis em combate.
Fim de citação.

DFE9 - Convívio

http://guerracolonial.home.sapo.pt/

Neste site podem ver o anúncio do convívio deste Destacamento de Fuzileiros Especiais que fez comissão na Guiné, de 1964 a 1966 e que vai realizar-se já no próximo sábado, dia 4 de Abril, na Escola de Fuzileiros.
Cliquem no endereço acima e depois em "Convívios" + "2009" + "Abril".