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sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Grande Seca!

Fuzileiros somos todos! Os primeiros e todos os outros também. Os do tempo da Guerra do Ultramar e os de agora que têm também as suas guerras. Fazer parte das forças da NATO ou da ONU pode acarretar perigos maiores que aqueles que vivemos noutros tempos em África. E digo isto porque neste blog caberiam as histórias de todos eles. E seria muito bom que aparecesse algum fuzileiro dos tempos modernos, com vontade e jeito para escrever umas coisas e que pudesse dar continuidade a esta obra.
Eu, tentando dar o meu contributo, vou contar-vos uma pequena história passada em 1966, com o pessoal da CF8, em Nacala.
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Tínhamos viajado no paquete Império, desde Lourenço Marques até Nacala. Desembarcamos e ficamos adidos á Estação Radionaval de Nacala, aguardando transporte para Metangula, no Lago Niassa. Disseram-nos que seria uma questão de dois ou três dias até disponibilizarem um avião para nos levar atá Vila Cabral e depois seguiríamos de camião até ao Lago. Só que os 3 dias passaram-se e nada de avião. E depois passou-se uma semana mais. E depois desta uma outra. A gente não se podia queixar da boa vida que levava, não tinha era caserna onde pernoitar nem refeitório onde tomar as refeições. A maior parte das refeições constava de ração de combate. De vez em quando e contando com a boa vontade do pessoal da Radionaval, cozinhava-se qualquer coisa. Íamo-nos desenrascando como compete a um fuzileiro. Era costume dizer-se: És fuzileiro, desenrasca-te! E nós assim fizemos. O dia era passado na praia, frequentada apenas pelo pessoal da Marinha. Catraias giras não havia, nem giras nem quaisquer outras, de modo que se ia passando o tempo da melhor maneira que cada um sabia e podia. Uns quantos decidiram-se por umas sessões de nudismo total. De tal modo exageraram na dose que ás tantas já não tinham pele nos sítios mais sensíveis e tinham que dormir de cu para o ar. E de cu ao léu pois nem uma toalha suportavam em cima do corpo.
Fiz algumas fotografias dessa permanência forçada e quando arranjar uns minutos para as passar no scanner coloco-as aqui para vocês verem.
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Um dia, tendo-se afastado umas centenas de metros dos outros, um dos banhistas encontrou uma enorme tartaruga marinha pondo os seus ovos na areia. Nem é preciso dizer o que aconteceu a seguir. Com a falta de comida que por ali havia e saturados de ração de combate, matamos a tartaruga e carregamos com ela pela ladeira acima, e não foi tarefa fácil, para tratarmos de a cozinhar. Cerca de oitenta ovos (enormes) foram também aproveitados. A carne da tartaruga, cortada em bifinhos finos soube que nem ginjas!
Ao 18º dia e como não houvesse avião para nos levar, partimos de comboio rumo ao nosso destino, no lago Niassa, onde chegamos depois de três longos dias de viagem.

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