A viagem de Lourenço Marques até Nacala a bordo do Império não podia ter corrido mais mal. Atafulhado de tropa com destino ao norte de Moçambique, não houve lugar nos beliches para o pessoal da CF8. Mandaram-nos arrumar a tralha onde fosse possível (não esquecer que naquele tempo andávamos sempre com a maca às costas) e dormir nos corredores ou no convés. Refilamos, confrontamos o nosso 2º Comandante com a nossa condição de pessoal da Marinha e a prioridade que isso nos deveria garantir, mas nada adiantou. Para mim, em particular, foi mais um degrau na ladeira que tinha começado a descer desde o dia em que saímos de Lisboa.
Como vingança resolvemos levar do navio tudo aquilo que nos pudesse ser de alguma serventia. Eu carreguei com as toalhas de banho a que consegui deitar a unha. E que jeito me fizeram depois, em Nacala, naqueles fantásticos 17 dias que lá passámos à espera do transporte que nunca mais aparecia. O avião para nos levar até Vila Cabral nunca mais chegava e nós íamos aproveitando o tempo o melhor que podíamos. Era só praia, comer e dormir. E depois acabámos por ter que fazer a viagem de comboio até ao Catur.
Do Catur até Metangula foi uma saga que aqui já descrevi e não quero repetir. Viagem de alto risco, mas que acabou por correr bem, não houve incidentes com o IN nem acidentes de percurso. Podia ter sido bem pior. Pouco tempo depois, uma Companhia do Exército foi emboscada nesse percurso e teve tantas baixas que acabou por regressar à Metrópole para curar as mazelas dos que salvaram o físico, mas ficaram com a moral em frangalhos.
Felizmente, este ex-combatente escapou ileso e continua por cá para vos contar estas histórias.
Como curiosidade há hotéis que pôem (just in case) os preços em utensílios que podem fácilmente sêr gamados. Mas essa toalha vinha mesmo a jeito para a minha colecção... No Vera Cruz de '70 passámos um pouco mais ou menos a mesma cruz (prácticamente era atum + batatas dia sim, e vice-versa dia não)... Refilámos mas de nada nos serviu!
ResponderEliminarE que por cá continues por muitos anos, são os meus votos.
ResponderEliminarUm abraço
Virgilio