A pior coisa que pode haver é quando se liga para um camarada para falar de um convívio agendado para breve que se espera seja de alegria e boa disposição e se ouve do outro lado da linha que o camarada em questão morreu ou está muito doente. Felizmente não foi isso que me aconteceu, hoje, quando liguei para o Ezequiel Silva, mas quase.
Então como é que vai essa saúde, perguntei eu naquele tom de voz que espera ouvir do outro lado um "tudo bem, quando mal nunca pior". Do outro lado da linha senti uma voz que se entaramelava um pouco para me responder "agora já vou indo menos mal, mas pensei bem que desta não escapava".
- Então, o que te aconteceu, caro amigo?
- Há dez meses sofri uma trombose que não me matou, mas me deixou de rastos.
- Oh diabo, isso não são nada boas notícias!
- Pois é, fiquei sem andar, sem falar, completamente dependente da ajuda que outros me pudessem dar. Os últimos meses tenho-os passado a aprender de novo a andar e a falar e as coisas, agora, já vão menos mal.
- Isso é tudo menos as notícias que eu esperava ouvir. Estava a ligar-te para ver se te convencia a viajar de Loulé até Fátima para te juntares a nós no convívio deste ano, conforme dizia na carta que te enviei, há mais de um mês, e recebi hoje devolvida com a indicação de que o endereço está incompleto.
- Isso é que era bom! Com algum esforço consigo ir daqui até à porta da rua e viva o velho. Bem gostava de ver essa rapaziada toda com quem vivi tantas aventuras. O ano passado ainda encontrei o Laranjeira, o Serafim, o Badaró e alguns outros num convívio junto à Escola de Fuzileiros. E o Luís Leal, durante um passeio em que participei lá para os lados da terra onde ele mora.
- Pois, essa malta vai estar toda reunida comigo, no sábado da próxima semana, e tenho pena que não possas estar também.
- Também eu! Leva-lhes um abraço da minha parte!
Precisamente, o que aconteceu ao meu cunhado, marido da minha irmã mais nova. Há para aí uns dois anos também lhe deu um AVC, ficou sem poder andar e sem falar. Felizmente, agora já anda e já fala, mas nunca como dantes. Um homem que não fumava, nem se encharcava em bebidas alcoólicas. É por isso que eu continuo bebendo o meu tintol, com umas rodelas de chouriço, presunto e queijo,com moderação tá claro, para que não me faça mal ao coração!
ResponderEliminarEstou completamente arrasado com esta notícia.
ResponderEliminarNa ultima vez que falei com ele, de facto na escola
de fuzileiros há 2 anos,trocamos impressões sobre
um gravíssimo acidente que eu sofri nos arredores da
Machava, em exercícios, antes de embarcar-mos para o
norte, ao embater com a cabeça no solo, quando me atirava
da camioneta, fazendo com que tivesse perdido conhecimentos
durante uma hora, acordando na enfermaria nos braços do sargento
Santos. Foi esta, a ultima conversa que tivemos que ele me lembrou
e foi testemunha. Mas lamento o que lhe aconteceu e só desejo que o
Ezequiel tenha rápidas melhoras.