Estamos quase a chegar ao fim do ano - bissexto, azarado e pandémico - e reparei que, muito embora as minhas poucas publicações, apenas duas, ainda há quem continue a visitar este blog. Se deixassem ficar alguns comentários talvez me motivassem a escrever qualquer coisinha, de vez em quando, mas agora, o que está na moda é o Facebook. Há muitos fuzileiros, no activo e reformados que andam por lá todos os dias e há até grupos ligados à Marinha, Filhos da Escola e Fuzileiros que enchem as páginas de fotos, memórias de guerra e, à falta de melhor, receitas de petiscos, trabalhos na «machamba», viagens de recreio e outras coisas como estas.
Hoje, telefonou-me um «filho da minha escola» que fez 3 comissões em África, uma delas em Moçambique, e estivemos a recordar um pouco do nosso passado comum. Eu só conheci o Niassa, norte de Moçambique, como teatro de guerra. Ele, maioritariamente, lutou em Angola, mas foi acabar a sua carreira de fuzileiro em Moçambique. Esteve em Porto Amélia (agora chama-se Pemba), amargou um pouco as agruras do Niassa e foi acabar em Nampula. Depois disso, regressou à Metrópole, tirou as divisas de Cabo das platinas e fez-se à vida civil. Emigrou, andou pelo Médio Oriente e acabou em França, onde formou família e se reformou.
Ambos pertencemos ao 2º Pelotão da 1ª Companhia de Recruta, comandado pelo Sargento Manuel Bicho que é vivo ainda e mora ali para os lados de Condeixa. O pelotão tinha quatro secções, sendo as três primeiras formadas por voluntários (meninos do leite, como nos chamavam) e a última por recrutados que eram 3 a 4 anos mais velhos que os voluntários, muitos dos quais só fizeram 17 anos depois de terminado o Curso de Fuzileiros.
A Guerra do Ultramar obrigou à ressureição dos fuzileiros, custou algumas vidas e criou amizades que perduram para além dessa guerra amaldiçoada, em que fomos obrigados a participar para cumprirmos o nosso dever como militares. Honra e glória aos caídos nessa luta, com alguma felicidade nós escapámos com vida para contar a História.