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domingo, 7 de julho de 2024

O dia seguinte!

 Ora cá estou eu, conforme prometido!

Não arranjei tantas fotos como queria, mas acho que serei perdoado pela minha falta. Aliás, nem sei se alguém passará por aqui para ver o que publiquei. No Facebook é mais fácil, mais rápido e mais moderno.

Dos camaradas da Póvoa, Barcelos, Braga e Guimarães que sei que lá estiveram não recebi qualquer notícia ou foto, devem ter regressado a casa "bué" de cansados!


O Mário Manso, aluno da escola de Setembro de 1962, continua a ser o fotógrafo de serviço.


A rapaziada à espera do rancho

Com o estômago reconfortado a cara já é outra

Indicações para aqueles que ainda não aderiram à moda do GPS

Caras novas que eu nunca vi, sou antigo demais!

sábado, 6 de julho de 2024

Assunto a considerar!

O antigo Complexo Real de Vale de Zebro, onde se instalou a Escola de Fuzileiros Navais, em 1961, é hoje o Museu do Fuzileiro. Da história do edifício sabe-se que em tempos foi gerido diretamente pela família real que abastecia as suas cozinhas dos produtos confecionados nos 27 fornos de cozer biscoito, armazéns de trigo e moinho de maré de 8 moendas que perfaziam o Complexo Real de Vale de Zebro. O terramoto de 1755 destruiu a estrutura e a reforma pombalina "deu-lhe" a sua imponente fachada principal. Visite o espaço para conhecer mais sobre a história e a evolução dos Fuzileiros em Portugal.


Já que não tenho matérias de grande interesse para publicar neste blog e para não passar a ser uma agência funerária, trazendo aqui as notícias triste da morte dos meus camaradas, vou tentar recordar-me desta minha intenção, a cada mês de Julho que começa, de falar do regresso dos velhos fuzileiros, Combatentes do Ultramar, à sua casa-mãe.

Já é habitual ser no primeiro sábado de Julho e este ano não é excepçao. A esta hora já se deu início ao programa estabelecido que consta da deposição de uma coroa de flores em homenagem aos mortos em combate na Guerra Colonial que foi a razão pela qual esta escola foi fundada. O terrorismo rebentou, em Angola, no mês de Março de 1961, a Escola começou a funcionar em Setembro desse ano e no primeiro trimestre de 1962, já estavam no teatro de guerra A CF1 e o DFE1, a que se juntaram várias outras Unidades de Fuzileiros, no decorrer desse ano, nomeadamente o DFE2 e DFE3.

Do norte do centro e do sul partiram esta madrugada muitos carros e alguns autocarros carregando os fuzileiros sobreviventes que vão matar saudades da sua Escola e dos camaradas que só aqui encontram e apenas uma vez por ano. Eu fui convidado para um desses autocarros, mas não me sinto com forças para aguentar uma viagem de 5 horas para cada lado, acrescida de uma manhã inteirinha em cima das pernas. Nem de muletas eu aguentaria esse sacrifício, por isso deixo esse trabalho para os mais novos e para os que moram mais perto.

Depois da cerimónia militar levada a cabo por uma «Guarda de Honra» organizada para o efeito, segue-se um pequeno discurso do comandante da Escola, agradecendo a presença de todos quantos ali estão e depois disso uma missa celebrada pelo capelão dos fuzileiros. Acabada a missa segue-se uma visita ao museu e depois o almoço na mata, onde se iniciava a «Pista de Obstáculos» da formação de fuzileiros e por onde todos passavam, durante a recruta.

Amanhã, espero que todas as contas de fuzileiros e dos seus grupos estejam a abarrotar de fotografias e escolherei algumas para trazer aqui e ilustrar uma nova publicação, a qual ficam já convidados a visitar. Então, até amanhã!

domingo, 3 de março de 2024

De regresso ao Infulene!

 No Vale do Infulene, há 3 coisas marcantes que não podem varrer-se da memória a quem ali viveu, na década de 60 do século passado. A primeira e mais sinistra de todas é a penitenciária que serviu para a PIDE lá enfiar todo o bicho careta que fosse a favor da libertação dessa nossa colónia do jugo colonial salazarista.

Depois da independência, o Samora Machel fez o mesmo e todos os inimigos do novo país independente que ousavam manifestar a sua opinião batiam lá com os ossos e muitos desapareceram sem deixar qualquer rasto.



A segunda era a Estação Radionaval da Machava que, a partir de 1962, incluía também o quartel de fuzileiros. As duas ficavam costas com costas, a primeira do lado poente e a segunda do ado nascente.



A terceira coisa que foi construída em meados dessa década - eu estive em Portugal de Abril a Outubro de 1965 - quando de lá saí, em fins de Março, não havia estádio e quando lá cheguei, por alturas do Natal, estava ele pronto a ser inaugurado.


Na primeira foto, avista-se um pouco do estádio, no canto inferior esquerdo da imagem para que fiquem com uma perspectiva geral da área envolvente. Para quem vem do centro da cidade, entra na estrada que segue para Vila Luísa (actual, Marracuene) e vira à esquerda, antes de chegar ao Jardim Zoológico, em direcção à Vila da Machava.


Um pouco antes de a estrada começar a subir, para a zona da penitenciária e outras coisas mencionadas, encontra-se a Fábrica da Cerveja 2M, do lado esquerdo da estrada. 


Depois de passar a fábrica, no tempo em que lá vivi, não havia mais nada além de campos de amendoim ou mandioca. Agora, basta olhar para as fotos para perceber que toda a área está coberta de habitações. Consequências da guerra que tirou toda a gente do mato e os trouxe para a cidade, onde o terrorismo, e mais tarde a guerra civil entre a Frelimo e a Renamo (comunistas contra não-comunistas) não chegava. Vieram em busca de protecção e ali ficaram para sempre.

Eu que conhecia todos aqueles caminhos e carreiros, se lá voltasse, hoje, perdia-me com toda a certeza. Na rua que corre paralela àquela que leva à Estação Radionaval, havia uma cantina que se chamava «Buissa Male», onde o pessoal militar ia gastar o dinheiro do pré. Buissa male na língua local quer dizer "dá-me dinheiro", mesmo a propósito.

E por aqui me fico, hoje, pois os olhos não dão para mais !!!

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A minha recruta!


Apresentei-me, como voluntário, em Março de 62, no Corpo de Marinheiros do Alfeite, para ser submetido a inspecção médica e curricular, sem a qual não poderia ingressar na Armada Portuguesa.

Tendo sido apurado, fui para a Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro, Palhais, no concelho do Barreiro, onde começaram a fazer a sua recruta os escolhidos para fazer parte do quadro de Fuzileiros. Depois da inspecção, aqueles que não eram seleccionados para fuzileiros, cerca de dois terços, seguiam para a Escola de Alunos Marinheiros, em Vila Franca de Xira, onde eram ensinados em todas as artes necessárias à navegação. Eu sou um de 4 irmãos que foram para a Marinha, os dois mais velhos foram para os fuzileiros, enquanto que os dois mais novos foram para a Escola de Alunos, por já ter terminado a Guerra Colonial e não serem precisos mais fuzileiros. Um saiu "Manobra" (na Marinha Mercante chamam-se "Moços de Convés) que são aqueles que auxiliam nas manobras, de todo o tipo, que um navio requer. O mais novo saiu electricista que era a sua área profissional, antes de ir à inspecção.

Os camaradas fuzileiros que fizeram parte do meu recrutamento, cerca de 300 almas, foram divididos em duas companhias de 150 homens cada. Cada companhia tinha 4 pelotões (assim uma espécie de turmas) e cada pelotão 4 secções. A mim coube-me a 2ª Secção, do 2º Pelotão da 1ª Companhia. Por curiosidade e para completar esta informação, os números de matrícula na Armada que nos foram atribuidos, no dia da inspecção, começavam no 16.223 e terminavam no 17.012. A mim calhou o número 16.429 e como se depreende do número eu fui o Nº 206 na fila das inspecções.

A nossa recruta começou, oficialmente, no fim de Março, no dia em que chegaram à Escola de Fuzileiros os últimos inspeccionados. A Recruta durava cerca de 15 semanas e seguia-se o Juramento de Bandeira, o que no meu caso, ocorreu em 25 de Julho. A partir daí, começava o Curso de Instrução Técnica Elementar(ITE) que durava cerca de 10 semanas, em que se aprimoravam os conhecimentos de Armamento, Técnicas de Combate, Educação Física e outras.

Os voluntários que não conseguissem aproveitamento neste curso eram mandados para casa. Alguns voltaram a concorrer mais tarde, mas a maior parte iam para o Exército, depois de completarem os 20 anos de idade. Os recrutados entravam num novo curso, ao perfazerem 18 meses de Marinha, o chamado Curso de 1º Grau. Os que tivessem aproveitamento eram promovidos ao posto de Marinheiro e passavam a fazer parte dos quadros (tipo funcionário público). Os que não conseguiam o necessário aproveitamento ficavam em Grumetes até completarem os 4 anos de contrato e depois passavam à reserva (iam para a vida civil tratar da sua vida).

Por causa da Guerra Colonial, havia a necessidade de formar unidades de fuzileiros navais, assim como de fuzileiros especiais, para seguirem para o Ultramar. Os primeiros eram agregados em Companhias, com cerca de 150 homens (CF) e teriam a seu cargo a segurança das instalações, em África, enquanto que os segundos se agregavam em Destacamentos (DFE) com cerca de 80 homens cada e levariam a cabo as operações de combate aos guerrilheiros, em cada um dos "Teatros de Guerra".

Estas Unidades de Fuzileiros eram formadas por decreto do governo. A minha Companhia, a segunda a ser formada, recebeu o número 2 (CF2) e foi formada por decreto de 2 de Outubro de 1962. Quando este decreto foi publicado no Diário da República, já estavam em Moçambique, cerca de 40 homens. Foram, antecipadamente, pois havia ainda muito que fazer para dar por concluidas as obras de construção do Aquartelamento que nos iria receber.

A Estação Radionaval da Machava (ERM) constava de 3 polos distintos, Comando, Recepção e Transmissões. No primeiro situavam-se as instalações da guarnição, camaratas, cozinha e refeitório e instalações sanitárias. No segundo funcionavam os aparelhos de rádio que controlavam a recepção de mensagens. No terceiro que funcionava a cerca de 3 Kms dos outros dois, funcionava o serviço de transmissões, como o nome indica. À volta das antenas que tornavam possível o serviço telegráfico, havia uma área de muitos hectares. O espaço, encostado aos arames farpados, do lado nascente, foi o escolhido para construção do nosso quartel.

O quartel constava de 4 edifícios, comando, cozinha e refeitório, caserna 1 e caserna 2, dispostos em volta da Parada que tinha cerca de um hectare. Do lado sul, o edifíco do Comando, com dois andares, sendo o rés-do-chão para os diversos serviços e gabinetes e o primeiro andar reservado aos oficiais, messe, gabinete do Comando, camaratas, etc. Em frente, do lado norte, ficava uma pequena rotunda, em que estava implantado o "Pau de Bandeira". Do lado poente, o refeitório, cozinha, cantina e outros. E, por último, as duas casernas, do lado nascente. A mim calhou-me a do lado norte, já não recordo se tinha o número 1 ou 2.

Ali cheguei, em 2 de Novembro, depois de uma atribulada viagem de avião que durou 19 dias (?!?) e por ali fiquei até completar os meus 21 anos de idade. Nos últimos meses de comissão, quando deveríamos estar a fazer as malas para regressar à escola de fuzileiros, rebentou a guerra, no norte do território, e o meu pelotão foi destacado para ir fazer a segurança da Base Naval de Metangula, onde fiquei até ao fim de janeiro de 1965.

No fim de Março, embarcámos no Infante D. Henrique e chegámos a Lisboa, no dia 11 de Abril, dando por finda a comissão de serviço, sem nenhum morto nem ferido, em que poucos ouviram os tiros das AK47, empunhados pelos Turras da Frelimo.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Um fuzileiro nunca morre!

 


Hoje, partiu mais um filho da escola que devia ter, mais ou menos a mesma idade que eu. Entrou na Escola na Primavera de 64, recebeu um número de matrícula na casa dos 20 milhões, mas depois foi reciclado com o número - 847/64 - com que viveu, até hoje, data em que um inesperado AVC lhe roubou a vida.

Atingiu o posto de Cabo, com que se reformou, e fez 5 comissões passando por todos os 3 teatros de guerra. A última delas foi debaixo do meu guião, aquele que fui estrear a Moçambique, em 1962, hasteado pela CF2, a primeira a pisar solo moçambicano de que eu fazia parte.

Não o conheci, pessoalmente, mas através da sua esposa que é uma das minhas seguidoras no blog - http://nma-16429.blogspot.com/ - onde se fala de fuzileiros, da Marinha, da Guerra Colonial e outras coisas. O José Júlio foi para Moçambique ainda solteiro e casou-se com a Elvira por procuração, vindo mais tarde a repetir a cerimónia do casamento, na catedral de Nampula, depois de ela se ter juntado a ele.

Nos últimos tempos, a sua saúde foi um problema, muitas corridas para o hospital, alguns sustos, algumas cirurgias e muita dor partilhada com a sua esposa, pelo que sou levado acreditar que o Criador lhes fez um favor levando-o para junto dele. Fica a saudade dos muitos e bons anos que passaram juntos, mas acaba-se o sofrimento de uma vida sem a menor qualidade devido às doenças que afligiam o filho da nossa escola.

Que Deus lhe reserve um bom lugar e descanse em paz !

sábado, 12 de agosto de 2023

O Chamusca!

 O Chamusca era filho da minha escola, a última vez que me encontrei com ele foi na Escola de Fuzileiros, no dia do nosso Cinquentenário. Nem sabia que ele tinha seguido a carreira militar, soube agora, no anúncio da sua morte, que tinha atingido o posto de sargento, não sei se chefe ou mor.

Depois da recruta nunca mais nos cruzámos, eu andei por Moçambique o tempo todo e ele só Deus sabe por onde andou. Tenho a ideia que ele era fuzileiro especial e deve, portanto, ter feito comissões nos destacamentos. Sendo voluntário como eu, ele ainda não tinha chegado aos 80, como eu também não cheguei ainda e era um dos voluntários mais velhos, completei os 18 anos de idade no dia da inspecção e ingressei na Briosa no dia seguinte, 10 de Março.

Parece-me que ouvi o Fernando Martins (16436) referir que foram juntos para o Ultramar, mas não sei para que província. Em 1965 ou 1966, o Fernando foi destacado para o Comando Naval de Moçambique e foi encontrar-se comigo no aquartelamento da Machava, tendo ingressado na equipa de tratadores dos cães de guerra.

Da Escola, em Vale de Zebro, até à Chamusca ainda são uns bons quilómetros, mas o Carlos (16306), cada vez que tinha uns dias livres montada na sua "motorizada" e lá ia ele a caminho de casa. Muitos quilómetros deve ter feito aquela motoreta!

Agora, lá em cima, não há motorizada que o carregue, nem me parece que lhe faça falta. Os anjos têm umas asinhas que os leva de um lado para o outro rápido e seguro.

Descansa em paz, filho da escola, os teus trabalhos neste mundo terminaram. Que Deus te receba na sua graça e te reserve um lugar, à sua direita!

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Escolheu bem o dia!

 


Ontem, dia 1 de Julho, aconteceu mais um encontro anual na Escola de Fuzileiros. Uns foram, outros não puderam ou não quiseram ir e aconteceu que o Manel Morais (8316.62) decidiu partir para o outro mundo, enquanto os seus camaradas rumavam a Vale de Zebro. Talvez não tenha sido ele a decidir, mas alguém por ele tomou essa decisão e quando assim é não há nada a fazer.

Eu fui para Moçambique, mal tínhamos acabado o Curso de ITE e ele seguiu para a Guiné, uns meses mais tarde. Com isso nunca mais os nossos caminhos se cruzaram e, por conseguinte, não sei qual foi o seu percurso na Marinha, embora por alguns comentários que já ouvi, parece que ele ainda fez mais uma comissão em Angola, antes de abandonar a Marinha.

Recordo de, aqui há uns anos atrás, ter passado em Cacia para visitar o Manel Paula e ele me ter dito que o Morais passava o tempo de cana de pesca na mão e não queria saber de mais nada. Agora partiu para o outro mundo e quem quiser que vá pescar por ele.

É menos um Filho da Escola no número dos vivos. Da minha incorporação já devem ter recebido a Guia de Marcha cerca de metade, dos 300 que iniciaram a recruta em Março de 1962, restam pouco mais de 150 vivos e alguns com pouca saúde.

Resta-me desejar que descanse em paz e que Deus o guarde!

terça-feira, 30 de maio de 2023

Só para informação!

 


O Zé Silva foi enterrado no cemitério de Carvalhal (S. Paio), segundo informação que recolhi na Junta de Freguesia de Arcozelo, onde ele residia.

Fui até lá, seguindo as instruções que me foram dadas e não consegui localizar a sepultura. Não tem qualquer referência ao seu nome, nem fotografia, nem nada.

Tentei contactar a Junta de Carvalhal, até pelo Facebook, mas não deu resultado. Vou ter que lá voltar numa hora em que a Junta esteja aberta, para tirar dúvidas.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Notícia que dispensava!

 


Há dias, realizou-se o convívio anual dos «Marinheiros de Barcelos». Com o surto de Covid os convívios foram interrompidos, em 2020, e só agora foram retomados. Por qualquer razão que ainda não percebi, a convocatória não me chegou às mãos. Recebi, hoje, um telefonema de um dos presentes perguntando o motivo da minha ausência e aproveitou para me informar que o meu irmão José  - por ter um apelido exactamente igual ao meu, tratávamos-nos por irmãos - tinha falecido.

Não soube explicar-me a causa-mortis, mas fiquei triste de qualquer maneira. Saber do que morreu não tornaria a notícia menos triste. Ele assentou praça em Setembro de 64 e talvez tívéssemos sido filhos da mesma escola, se eu não tivesse entrado como voluntário, dois anos mais cedo, pois ambos nascemos em 1944.

Passámos 30 meses juntos, em Moçambique, onde alinhámos na CF8, metade do tempo no Lago Niassa, onde lhe cresceram estas barbas que vêem na foto. Era motorista da Companhia e cruzámo-nos algumas vezes nos serviços para que éramos destacados. Como ele não pertencia ao meu pelotão, só mesmo nos serviços de motorista me cruzava com ele. Era um bom rapaz!

Como diz o velho ditado, só morrem os bons, os maus ficam cá todos para moerem a paciência dos camaradas. Quando for a Barcelos vou tentar localizar a sua campa e ver se tem lá uma foto actual para publicar aqui. Que Deus lhe reserve um lugar, à sua direita, é o que posso desejar agora. Enviar os meus sentimentos à família não faz qualquer sentido, pois não passa por aqui ninguém da família dele. 

sábado, 22 de abril de 2023

Fuzileiros de Portugal!

 


Há dias, foi inaugurada a sede dos Fuzileiros do Norte, sediada em V.N.Gaia, pensei estar presente na cerimónia, mas acabei por desistir, pois as minhas limitações físicas impõem-me limites que não posso ultrapassar.

Agora, vieram perguntar-me se irei estar presente no Dia do Fuzileiro, na primeira semana de Julho, em Vale de Zebro. Se nem ao Porto fui, como iria eu a Vale de Zebro que fica no fim do mundo?

Mais vale estar quietinho e caladinho e limitar-me a ir alimentando os meus blogs com algumas notícias que me vão chegando por vários meios. E até isso não sei se vale a pena, pois ninguém parece ler o que escrevo no blog, fugiu todo o mundo para o Facebook!

sexta-feira, 31 de março de 2023

Março, um mês de perdas!

 


Este mês que hoje termina foi ingrato para mim, morreram-me três camaradas.

O primeiro foi o Fernando "Póvoas" Caseira, mencionado no meu post anterior. O segundo foi um filho da minha escola, Março/62, Arnaldo Patrocínio que já tinha o azar de ser um DFA (deficiente das forças armadas), herança da Guerra Colonial (8440.62). O terceiro foi o Meu amigo Serafim Lobo (Galguista) da CF2 (8474.62) que parecia respirar saúde por todos os poros e se apagou de um dia para o outro. Ainda não descobri qual foi a causa mortis, mas hei-de perguntar por aí e alguém me há-de saber informar. Não é que isso mude o rumo das coisas, mas sempre é bom saber.

Espero que o mês que amanhã entra não me traga mais desgostos, muito embora as estatísticas joguem contra mim. A idade vai avançando e aos 82 anos de idade já é uma sorte acordar vivo e no seu juízo perfeito. E tenho ainda alguns camaradas que estão na casa dos 90 e vão-se armando em fortes, fechando a porta à malvada.

É assim mesmo, não é qualquer maleita que atira um fuzileiro ao chão !!!

quarta-feira, 22 de março de 2023

O Póvoas!

 


Os fuzileiros da velha guarda, na Póvoa de Varzim 4, a saber:
1 - Sargento Tony que não era fuzo de raiz e por isso entra numa lista à parte.
2 - 15922 - Fernando Caseira que depois do ITE frequentou o Curso de Fuzileiros Especiais e logo que o completou foi destacado para o DFE4, em preparação para saída para Angola. Isto quer dizer que, quando de fala no Fuzo mais antigo da Póvoa é a este rapaz que vêem na foto que nos referimos. Por ser o primeiro poveiro a frequentar a Escola de Fuzileiros, em Setembro de 1961, ganhou a alcunha de Póvoas. No passado dia 19 do corrente mês de Março, fechou os olhos e passou para outra dimensão, onde todos nos juntaremos, em breve.
3 - 16429 Manuel Silva (nos fuzileiros conhecido como Carlos) é este vosso criado que vos traz a triste notícia do falecimento do nosso camarada.
4 - 17093 Octávio Aguiar que anda aqui pela Póvoa, de vez em quando vai até à Suécia, onde casou e tem família, a gozar a vida tanto quanto pode.
Depois de nós os 4 - Tony, Póvoas, Carlos e Octávio - muitos outros passaram pela Escola de Fuzileiros, mas eu já não acompanhei isso, perdido no mundo real da vida civil. Há dias soube que costumavam reunir-se num almoço anual, mas nunca fui convidado. Talvez arrange maneira de ir ao próximo!

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Vida de Fuzileiro!

 Já vai longe a vida de fuzileiro!



Mas ainda não foi esquecida, embora tenham passado já mais de 60 anos da minha entrada naquela escola de guerra. Guerra do Ultramar que fomos obrigados a combater pelos políticos de então que não queriam perder o tacho das colónias. Tal e qual como os de agora que não largam o tacho por nada deste mundo.

Antes do 25 de Abril era tudo mau e agora, pensando bem, ainda é pior.

Malditos políticos !!!

domingo, 4 de setembro de 2022

As voltas do destino!

 

Passei em Videmonte, Guarda, esta semana. Fui acompanhar um grupo que queria ver as áreas ardidas na Serra da Estrela e, pelas reportagens da TV, Videmonte pareceu-nos ser o local ideal para começar. Puro engano, pois pouco havia para ver. O incêndio vinha de Gouveia, a caminho da Guarda, mas em Videmonte só ardeu o mato na crista dos montes. No vale por onde desliza o Mondego, continua tudo verde como sempre foi.

E porque vos estou eu a falar nisto? Pela simples razão que pertinho desta praia fluvial vive o meu camarada fuzileiro José Fonseca (2063/64) da CF8 e fiquei com muita pena de o não ter encontrado. Mas não era eu a conduzir, nem chefiava a caravana e, por conseguinte, tive que ficar apenas pelo desejo. Tínhamos almoço marcado, em Manteigas, e já íamos com um atraso de meia hora, pelo que não manifestei o desejo de procurar o Fonseca, o que nos atrasaria outra hora bem medida.

É assim a vida, desde 1968 que o não vejo e teria gostado de ver como está ele depois de uma vida inteira emigrado na terra dos franciús. Pode ser que o destino nos dê outra oportunidade, nunca se sabe o que nos está reservado! 

sábado, 30 de julho de 2022

Os fiéis Fuzos!

 Ser fiel a uma pessoa, uma instituição ou uma causa não é para todos. É uma questão de carácter, qualquer coisa que vem lá de dentro e que muitos nunca serão capazes de sentir. Neste caso particular, refiro-me à Escola de Fuzileiros, como a instituição que formou muitos milhares de homens para ir combater, em África, na Guerra Colonial. Muitos homens, alguns ainda meninos, de todos os cantos de Portugal foram levados para Vale de Zebro, lugar da freguesia de Palhais, no concelho do Barreiro, e aí passaram «as passas do Algarve» para serem FUZILEIROS e atingirem a condição necessária para partir em defesa da Pátria.


Muitos anos depois, é vê-los regressar à «Casa Mãe» e festejar com alegria o reencontro com os seus velhos camaradas. Nestes regressos nota-se que a maioria são fuzileiros que seguiram a carreira da Marinha, são, hoje, uns senhores reformados e vivem nas duas margens do Tejo ou Coina, num raio de 20 Kms da Escola. Os outros, aqueles que vivem longe, ou têm uma situação económica muito mais débil são os que merecem a minha admiração. Está neste caso o «Moço da Botica» da CF2, o meu camarada Zé Monteiro que me acompanhou na comissão que fizemos em Moçambique, entre 1962 e 1965. Regressámos a Lisboa, no dia 11 de Abril de 1965, data que ele celebra com devoção e, desse dia em diante, perdi-lhe o rasto. Para mim ele é o mais fiel representante do «Recrutamento de Setembro de 1961», pois, enquanto pôde, nunca faltou a um «Dia do Fuzileiro» a cada Julho que passa.



O outro fiel à nossa Escola que quero e tenho que referir é o Guilherme, pois não conheço outro do «Recrutamento de Março de 1962» que apareça com tanta frequência nessas concentrações. Outros haverá que nutrem os mesmos sentimentos, mas falta-lhe a força de vontade (ou os recursos económicos) para concretizar o desejo de voltar à Casa Mãe. São muito raros os que comparecem e não tenham seguido a carreira militar. É certo que ele viveu a maior parte da sua vida na zona de Almada ou Setúbal, não muito longe da Escola, mas isso não desabona em seu favor. Considero-o o mais fiel da minha escola e respeito-o por isso.

domingo, 10 de julho de 2022

A outra metade da foto!

 


Assinalado com uma marca vermelha sobre a cabeça, está o Manuel Vasco que foi quem me facultou a foto que cortei em duas para vos falar do Sargento Trindade, um dos monitores que foi marcante na fundação da Escola de Fuzileiros.

Nesta segunda metade da foto aparecem alguns sargentos mais modernos, alguns dos quais conheci nas comissões que fiz, em Moçambique Vasco, Patrão e Arlindo (lado a lado na fila de trás) estiveram comigo na CF8 de 1965 a 1968.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Sargento Trindade!

 

Aí está ele de perna traçada!

Ao fim de 60 anos e muitas lembranças pelo meio, veio parar-me às mãos esta foto em que aparecem alguns dos meus instrutores da recruta, assim como companheiros de comissão, em Moçambique!
Ao toque da Alvorada do meu primeiro dia na Marinha (na Escola de Fuzileiros), ele entrou na caserna, ligou as luzes e gritou:
- Enrola a manta, toca a acordar!

terça-feira, 26 de abril de 2022

A roda da vida!

 Os cumprimentos e boas-festas da Páscoa têm destas coisas. Um homem telefona para desejar Boas Festas e houve que o destinatário já não existe, faleceu, há cerca de um mês.

Ele é o homem da MG42

Eu não era muito chegado ao Manel Ferreira. Ele era da Escola a seguir à minha e foi para Angola render alguém, a meio da comissão da CF1. Depois regressou à Escola, tal como eu que vim de Moçambique, e frequentamos juntos o Curso de 1º Grau. Logo a seguir, demos o nome para ingressar na CF8 que estava em formação para ir para Moçambique, O mesmo percurso fizeram o Páscoa e o Martins, também filhos da escola de Setembro de 1962, meia comissão na CF1, em Angola, Curso do 1º Grau e ida para Moçambique na CF8. Ambos tinham já falecido e o Manel foi, agora, juntar-se a eles.

Que descansem em paz nesta última comissão que estão a fazer!

quinta-feira, 10 de março de 2022

Morreu um fuzileiro!

 


Todos os fuzileiros são especiais, mas há uns mais especiais que outros!

O Pinto (dos frangos) de Barcelos era um desses. Industrial da restauração organizou um almoço-convívio para o pessoal da CF7 em que fez comissão na Guiné. Por interpostas amizades fui convidado para estar presente também. Garanto que nunca vi um almoço tão bem servido como esse, a troco de um pagamento que eu diria simbólico. Nunca seria possível pagar o que comemos e o que bebemos com o pouco que nos cobrou. Foi uma ocasião festiva que me ficou na memória e serviu para estabelecer o primeiro contacto com os meus camaradas da CF2 e me transmitiu o vírus dos convívios a que fiquei ligado durante bastantes anos.

Chegou a hora de lhe dizer adeus e desejar que ganhe um lugar no céu. Era ainda novo para morrer, mas essa malvada não respeita a idade de ninguém e quando nos passa a «Guia de Marcha» somos obrigados a embarcar!

Os meus sentimentos à família enlutada, incluindo a fuzileira!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

O Bicho e o seu pelotão de fuzileiros!

 

Extracto da Revista da Armada de Janeiro 2022

O 1º Tenente MANUEL PEREIRA BICHO faleceu. A notícia saíu na publicação de Janeiro, pelo que pressuponho que faleceu em Dezembro passado.
Durante a minha recruta, de Março a Julho de 1962, ele comandou o meu pelotão, o 2º da 1ª Companhia, conforme lista que podem ver a seguir. Foi ele quem me ensinou a marchar, marcar passo (até romper as solas das botas de atanado) e a fazer os movimentos de arma com a velha Mauser. Mil vezes repetido, não me posso esquecer da sua voz, quando nos gritava - Por tempos, ombro esquerdo, arma!

16395      8051       FRANCISCO JESUS PAIXAO

16396      ???          JOÃO N. G. CUNHA

16399      8054      FERNANDO BENTO SOUSA

16400     ???          SILVINO L. C. BRANCO

16402      ???          ALBERTO J. R. MATOS

16403      8056       JOSE RICARDO DIONISIO FRANCA

16404     ???          EDUARDO H. A. RODRIGUES

16412       8064       CARLOS MANUEL JORGE MENDES

16421       8072       JOAQUIM DUARTE ANASTACIO CARVALHO

16429      8079       MANUEL ALVES SILVA

16436      8085      FERNANDO ROCHA MARTINS

16443      ???          ARMÉNIO LUIS SOUSA GUERRA

16446      8094       JOSÉ ALEXANDRE SANTOS FERREIRA

16451      8098       VALTER  NUNES DA SILVA

16452      8099       FLORIANO DORES CRUZ

16453      8100       FRANCISCO ANTONIO SOBREIRO VEIGA

16454     8101        ELIAS FARINHA ALMEIDA RODRIGUES

16456      8103        MANUEL RODRIGUES PACHECO

16461       8106        JOAQUIM ALDOMIRO M. ROSA

16463      8108       ANTONIO AUGUSTO

16466      8111         CESIDIO  JOSE FERREIRA AGUIAR

16470      8115        MANUEL JOSE RAPOSO LADEIRA

16480     8124        MARIO DIONISIO TEODORO LIMA

16482      8126        AMILCAR CARVALHANA SANTOS

16485     8129        AGOSTINHO CARVALHINHO SECO

16491       8135        MANUEL FILIPE VIEGAS CRUZ

16496      8139        JOSE RIO BONINA

16505     8148       JULIO LOPES RAIMUNDO

16509      8152        MANUEL JOAQUIM MARTINS

16516       8159        RAMIRO DINIS ENXUTO

16518      8161         ANTONIO OLIVEIRA LOPES

16519       ???          ANTONIO V.L. ROCHA

16523      8163        AGOSTINHO TEIXEIRA

16524      8164        AMADEU SANTOS

16525      8165        ANTERO CARNEIRO PIRES

16528      8168        ARMINDO JOSE GONÇALVES MACHADO

16529      8169        DOMINGOS PIRES MIRANDA

16530      8170        JOSE SILVA BAIA

16532      8171         OCTAVIO AUGUSTO T. PINTO

16534      8173        JOSE CAETANO CRESPO

16540     8179        ANTONIO RODRIGUES

16546      8185       ARLINDO OLIVEIRA SARGENTO

16550     8189        MANUEL BESTEIRO ALVES

Pelotão do Bicho

No Cinquentenário da nossa incorporação, compareceram na Escola de Fuzileiros apenas 10 dos 42 camaradas que compunham o pelotão, pomposamente, conhecido como «O Pelotão do Bicho», o melhor de todo o recrutamento.
Tendo tomado conhecimento do seu falecimento, não quis deixar passar a ocasião sem deixar duas palavras em sua memória. Alistou-se na Marinha de Guerra Portuguesa, em 1949 e juntou-se aos Fuzileiros, em 1962, como Monitor. Não posso garanti-lo com certeza, mas acho que fez duas comissões, em África, durante a Guerra do Ultramar, uma ainda como sargento e outra já como oficial. Como acontece com todos, havia quem gostasse e quem não gostasse dele. Eu não tenho razão de queixa, nunca me fez mal nenhum. Assim, posso afirmá-lo, na minha opinião era um bom homem.
Só, há pouco, descobri onde ele morava, no concelho de Condeixa-a-Nova e liguei-lhe duas ou três vezes, mas a conversa com ele não foi fácil, devido à doença de Alzheimer que tomou conta dos últimos anos da sua vida. Supondo que nasceu em 1929, faleceu, portanto com 92 anos, uma bonita idade e cheia de histórias para contar.
Resta-me apresentar as minhas condolências à família e pedir a Deus que lhe reserve um bom lugar, à sua direita. Paz à sua alma!