No 11 de Março de 1975 o Major Rosa Garoupa aliou-se ao General Spínola para tentarem pôr fim ao governo comunista do Vasco Gonçalves. Uns dias depois foi preso, tal como a maioria dos aliados de Spínola depois de este ter fugido para Espanha. Quando vi o nome dele nos jornais da época pensei logo que tinha forçosamente que ser o pai daquele «filho da mãe» que me fez a vida negra em Moçambique. E era!
O pai nunca tive o prazer de conhecer, nem sequer vi uma fotografia sua nos jornais, mas ao filho conheci-o logo no dia em que a CF8 formou pela primeira vez para receber instruções, no Corpo de Marinheiros do Alfeite. A cara dele não augurava nada de bom. Houve logo um engraçadinho, ao fundo da formatura, que disse em voz baixa: - "A fronha dele parece a frente de uma Berliet Tramagal!"
E assim foi! Ao segundo dia de viagem, a bordo do Niassa (aquele incrível ninho de ratos), já estávamos em greve e em guerra aberta com ele. Ao fim de seis meses de comissão, greve geral que resultou em castigos disciplinares para todas as praças graduadas da Companhia, 5 dias de detenção para os Marinheiros e 10 dias para os Cabos.
Aqueles que tinham como objectivo seguir a carreira militar, amocharam e nunca mais levantaram cabelo. Os que, como eu, se estavam marimbando para a carreira continuaram a infernizar a vida do bicho, tal e qual como ele fazia connosco. Ao sentir-se enfrentado ele deve ter feito a sua «lista negra», onde acredito ter ocupado sempre o 1º lugar. Claro que fiz muita asneira, pela vida fora, e aquele período não foi excepção. Com a idade de 21 anos também não era de esperar outra coisa. E ele passou o tempo a dar-me caça, foi-me dando corda até eu me enforcar. Uns poucos dias antes de embarcarmos, de regresso à Metrópole, catrapimba, 12 dias com gravata!
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