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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Início sem armas

Quem, hoje, quiser consultar os sites dos fuzileiros, da Marinha ou do Ministério da Defesa Nacional pode lá encontrar notícias e fotos de armas modernas que hoje são comuns e conhecidas de toda a gente. Mas não era assim em 1961 quando abriu a Escola de Fuzileiros. Das famosas G3 que depois nos haveriam de acompanhar em Africa, nem sinal ainda. O DFE1, primeiro a sair para Angola, foi armado com a «Armalite» das forças da Nato. Na escutaria da Escola, para além das armas de instrução nas aulas de armamento, havia apenas a espingarda de repetição Mauser (ver fotografia acima) com que fizemos as nossas aulas de infantaria e tiro, durante a recruta e o I.T.E.. Todos os filhos da minha escola se lembram com toda a certeza das horas passadas com ela ao ombro, a marchar de um lado para o outro e a fazer movimentos de arma até se tornarem especialistas na matéria. Quando ouvia o sargento dizer - vamos lá outra vez... por tempos... ao ombro esquerdo... armas - até me dava arrepios! Não havia braços que aguentassem aquilo! Na primeira carreira de tiro, o coice que «a velha senhora» nos dava no ombro assustava toda a gente. Alguns, menos precavidos, ficaram com lindas marcas roxas no ombro como lembrança dessa primeira experiência.
A outra arma que podíamos ver na escutaria era a não menos famosa Mannlicher (ver foto acima) que era a nossa companheira favorita para os mergulhos no lodo. Já sem culatras nem gatilhos acompanhava-nos para todo o lado. Nas marchas, nas corridas através da Mata da Machada, no malagueiro, na pista do lodo e até debaixo do chuveiro, porque era preciso entregá-la na escutaria, a brilhar.
Foram estas as armas que fizeram furor durante a Segunda Guerra Mundial e foram elas que fomos encontrar quando nos chamaram para cumprir o dever de servir a Pátria. E serviram o seu propósito. A primeira para nos habituarmos a lidar com as armas de fogo, o que era uma novidade para todos, e aprender a ganhar sensibilidade no dedo do gatilho (e a não fechar os olhos quando se carregava nele). A segunda para nos habituarmos ao peso dela e ao seu contacto com o nosso ombro, durante as marchas e as corridas. E podem crer que fazia mossa.
Só mais tarde começamos a ver a G3, na instrução do Curso de Fuzileiros Especiais e na mão do DFE2 quando este se preparava para seguir para o Ultramar, ainda durante a nossa recruta. Ás nossas mãos chegou apenas quando já estávamos no Corpo de Marinheiros, incorporados na CF2 e prontos para seguir para Moçambique.

1 comentário:

  1. Carlos,
    Uma boa descrição, factual e histórica.Essa foi na verdade a nossa base na instrução e o primeiro contacto com as armas.Quem diria hoje que ainda lidámos com material proveniente da 2ª Guerra Mundial? - Olhando um pouco retrospectivamente, nós ainda fomos um subproduto dela:A Guerra tinha terminado há 17 anos essa era mais ou menos a nossa idade!

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