Os amigos são para a vida. Quero acreditar assim.
O João Sequeira Garcia (16 298), revelou-se ser um deles desde o tempo da recruta e do I.T.E. na Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro. Tínhamos as camaratas próximas, na Caserna de todos nós. Naturalmente, conversávamos os assuntos relacionados com a idade e a nossa condição de voluntários na Armada e nos Fuzileiros. Tínhamos sido incorporados em Março de 1962, e atendendo as nossas idades (entre os 16 e 18 anos) tínhamos o estatuto de alunos. Os mais velhos - três ou quatro anos - não tinham o estatuto de alunos mas eram igualmente voluntários. Aliás, era lema na Marinha que: para a Marinha só iam voluntários. Lembram-se disso? Uns e outros, desde que pertencentes à mesma incorporação, designam-se por filhos da escola.
O nosso vencimento como 2º grumete era de 60$00 por mês. Foi numa altura dessas – recruta ou I.T.E. – que o meu relógio de pulso se avariou: uma corda partida ou coisa parecida. Era o meu primeiro relógio, comprado por mim antes de me alistar, custara-me 250$00. Era de origem Suíça, tinha a marca cauny prima, com 17 rubis, dourado e de calendário: a grande novidade à época. Sei que falei neste assunto ao Garcia, com a intenção de procurar alguém para me reparar o relógio. Lembro-me que, depois de indagar, ficar a saber que o seu arranjo (orçamento) importaria em 20$00; que sendo assim aguardaria pelo fim do mês. O João Sequeira disse-me logo: eu tenho dinheiro, pá! Manda já arranjar o relógio e depois pagas-me quando puderes! Assim aconteceu: o relógio foi de imediato arranjado e no fim mês paguei logo a dívida, como era meu dever. Lembro-me que no mês seguinte tive que me governar com 40 paus mas lá me aguentei. Agora o importante, o importante mesmo para mim, foi a atitude espontânea deste nosso filho da escola.
O João Sequeira Garcia (16 298), revelou-se ser um deles desde o tempo da recruta e do I.T.E. na Escola de Fuzileiros, em Vale de Zebro. Tínhamos as camaratas próximas, na Caserna de todos nós. Naturalmente, conversávamos os assuntos relacionados com a idade e a nossa condição de voluntários na Armada e nos Fuzileiros. Tínhamos sido incorporados em Março de 1962, e atendendo as nossas idades (entre os 16 e 18 anos) tínhamos o estatuto de alunos. Os mais velhos - três ou quatro anos - não tinham o estatuto de alunos mas eram igualmente voluntários. Aliás, era lema na Marinha que: para a Marinha só iam voluntários. Lembram-se disso? Uns e outros, desde que pertencentes à mesma incorporação, designam-se por filhos da escola.
O nosso vencimento como 2º grumete era de 60$00 por mês. Foi numa altura dessas – recruta ou I.T.E. – que o meu relógio de pulso se avariou: uma corda partida ou coisa parecida. Era o meu primeiro relógio, comprado por mim antes de me alistar, custara-me 250$00. Era de origem Suíça, tinha a marca cauny prima, com 17 rubis, dourado e de calendário: a grande novidade à época. Sei que falei neste assunto ao Garcia, com a intenção de procurar alguém para me reparar o relógio. Lembro-me que, depois de indagar, ficar a saber que o seu arranjo (orçamento) importaria em 20$00; que sendo assim aguardaria pelo fim do mês. O João Sequeira disse-me logo: eu tenho dinheiro, pá! Manda já arranjar o relógio e depois pagas-me quando puderes! Assim aconteceu: o relógio foi de imediato arranjado e no fim mês paguei logo a dívida, como era meu dever. Lembro-me que no mês seguinte tive que me governar com 40 paus mas lá me aguentei. Agora o importante, o importante mesmo para mim, foi a atitude espontânea deste nosso filho da escola.
Eu segui para Angola no DFE4 e o Garcia no DFE5, em de 1963 e não nos voltamos a encontrar tão cedo...
Anos mais tarde, talvez em meados de 1993, ia a passar na baixa em Lisboa, para apanhar qualquer transporte, com a minha mulher, e ouço atrás de mim uma buzina de táxi que parou depois à minha beira e perguntou-me: Ouça, você não foi fuzileiro… Olha lá, tu não eras o número 16291? Também o reconheci logo, apesar das barbas. O Garcia era industrial de Táxi (trabalhava por conta própria), morava em Sacavém e ainda me deixou um cartão com o contacto dele quando o percurso terminou. Não marcou a quilometragem nem quis aceitar cobrança. Não o procurei e devia fazê-lo. Eu,naquele momento andava muito "por baixo". A minha mulher tinha um cancro, fora operada e estava a passar muito mal com os tratamentos. Em Fevereiro do ano de 1994 faleceu. De qualquer modo, nunca esqueci os amigos. Mesmo que não eu apareça, eles estão sempre comigo.
Como terá escrito Jean de La fontaine: A amizade é como a sombra na tarde - cresce até com o ocaso da vida.
Obrigado, João Garcia!
Um grande abraço
Anos mais tarde, talvez em meados de 1993, ia a passar na baixa em Lisboa, para apanhar qualquer transporte, com a minha mulher, e ouço atrás de mim uma buzina de táxi que parou depois à minha beira e perguntou-me: Ouça, você não foi fuzileiro… Olha lá, tu não eras o número 16291? Também o reconheci logo, apesar das barbas. O Garcia era industrial de Táxi (trabalhava por conta própria), morava em Sacavém e ainda me deixou um cartão com o contacto dele quando o percurso terminou. Não marcou a quilometragem nem quis aceitar cobrança. Não o procurei e devia fazê-lo. Eu,naquele momento andava muito "por baixo". A minha mulher tinha um cancro, fora operada e estava a passar muito mal com os tratamentos. Em Fevereiro do ano de 1994 faleceu. De qualquer modo, nunca esqueci os amigos. Mesmo que não eu apareça, eles estão sempre comigo.
Como terá escrito Jean de La fontaine: A amizade é como a sombra na tarde - cresce até com o ocaso da vida.
Obrigado, João Garcia!
Um grande abraço
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