Instituições de Segurança Social
Foi preciso chegar à fase da reforma, aos 60 anos de idade, para não saber o que fazer da vida! Até então, Augusto Meireles pensava no trabalho e nas actividades que desenvolvia como técnico, mais tarde dirigente, na Administração Pública. Desempenhava as suas funções com entusiasmo e aplicava-se a fundo no que fazia; por vezes, sobressaltava-o o desânimo e o stress rondava, mas a vontade e a paixão - diria hoje, tola e exacerbada - faziam-no prosseguir os objectivos pretendidos.
Agora, já não tinha mais aquelas obrigações, nem as preocupações permanentes com o pessoal da sua Direcção de Serviços. Pessoal esse que manifestava já o cansaço dos anos - e eram muitos - ao serviço daquela Instituição e dos seus beneficiários. Pessoal, maioritariamente formado por mulheres, que ainda muito jovens tiveram o seu primeiro e único emprego na Previdência Social. Casaram, algumas com colegas de profissão, e de caminho tiveram os filhos; partilharam com os colegas a graça e o sorriso dos seus rebentos em fotos de um sonho sonhado na força da vida. Viveram vários períodos de transformações sociais e políticas, sobretudo a partir de 25 de Abril de 1974, com a integração das Caixas de Previdência no sistema de segurança social unificado, como mandava a Constituição de 1976. Assistiram e participaram activamente das mudanças operadas com a evolução do sistema de Segurança Social: desde as alterações das leis orgânicas - cada vez que havia mudança política no Governo – a legislação produzida na área dos regimes e prestações sociais; às novas Leis de Base do Sistema; a criação e modificação de taxas sociais; aos novos métodos de cálculo dos subsídios e pensões; as directrizes políticas emanadas dos órgãos directivos; as Portarias, as Circulares, as Deliberações, os Despachos, os pedidos de esclarecimentos - interpretativos e aplicativos - e a falta de pessoal, sempre recorrente...
À medida que os anos foram remoendo o passado (simultaneamente tão perto e tão distante…), foi ficando para trás as lembranças e as sobras dos sonhos guardados em memória. Os verbos deixaram de se conjugar no futuro, como outrora, dando lugar a um presente coadjuvado pelo pretérito. O percurso profissional dos curricula vitae já não cabia numa folha A-4 e os primitivos originais, arquivados em pastas dedilhadas duma vida, contavam parte da história. As madeixas brancas, no cabelo de mulher pintadas de madura antes de tempo, já não são mais verdadeiras; a sua maquilhagem afaga ternamente a ruga do tempo. Já não sobem as escadas apressadas e de pé ligeiro como antes. Os elevadores, cansados da espera, aguardam a sua vez entre o intervalo de um cumprimento e o sorriso de um colega! As fotografias dos filhos não circulam mais entre colegas e secções. Agora são os netos, em posters coloridos ou emolduradas em sofisticados telemóveis. Sim, os filhos já perderam a sua vez: há muito que cresceram e tornaram-se adultos; deixaram de ir a Escola e de terem notas... Saíram de casa, casaram ou vivem juntos; fizeram-se pais e mães!
Foi preciso chegar à fase da reforma, aos 60 anos de idade, para não saber o que fazer da vida! Até então, Augusto Meireles pensava no trabalho e nas actividades que desenvolvia como técnico, mais tarde dirigente, na Administração Pública. Desempenhava as suas funções com entusiasmo e aplicava-se a fundo no que fazia; por vezes, sobressaltava-o o desânimo e o stress rondava, mas a vontade e a paixão - diria hoje, tola e exacerbada - faziam-no prosseguir os objectivos pretendidos.
Agora, já não tinha mais aquelas obrigações, nem as preocupações permanentes com o pessoal da sua Direcção de Serviços. Pessoal esse que manifestava já o cansaço dos anos - e eram muitos - ao serviço daquela Instituição e dos seus beneficiários. Pessoal, maioritariamente formado por mulheres, que ainda muito jovens tiveram o seu primeiro e único emprego na Previdência Social. Casaram, algumas com colegas de profissão, e de caminho tiveram os filhos; partilharam com os colegas a graça e o sorriso dos seus rebentos em fotos de um sonho sonhado na força da vida. Viveram vários períodos de transformações sociais e políticas, sobretudo a partir de 25 de Abril de 1974, com a integração das Caixas de Previdência no sistema de segurança social unificado, como mandava a Constituição de 1976. Assistiram e participaram activamente das mudanças operadas com a evolução do sistema de Segurança Social: desde as alterações das leis orgânicas - cada vez que havia mudança política no Governo – a legislação produzida na área dos regimes e prestações sociais; às novas Leis de Base do Sistema; a criação e modificação de taxas sociais; aos novos métodos de cálculo dos subsídios e pensões; as directrizes políticas emanadas dos órgãos directivos; as Portarias, as Circulares, as Deliberações, os Despachos, os pedidos de esclarecimentos - interpretativos e aplicativos - e a falta de pessoal, sempre recorrente...
À medida que os anos foram remoendo o passado (simultaneamente tão perto e tão distante…), foi ficando para trás as lembranças e as sobras dos sonhos guardados em memória. Os verbos deixaram de se conjugar no futuro, como outrora, dando lugar a um presente coadjuvado pelo pretérito. O percurso profissional dos curricula vitae já não cabia numa folha A-4 e os primitivos originais, arquivados em pastas dedilhadas duma vida, contavam parte da história. As madeixas brancas, no cabelo de mulher pintadas de madura antes de tempo, já não são mais verdadeiras; a sua maquilhagem afaga ternamente a ruga do tempo. Já não sobem as escadas apressadas e de pé ligeiro como antes. Os elevadores, cansados da espera, aguardam a sua vez entre o intervalo de um cumprimento e o sorriso de um colega! As fotografias dos filhos não circulam mais entre colegas e secções. Agora são os netos, em posters coloridos ou emolduradas em sofisticados telemóveis. Sim, os filhos já perderam a sua vez: há muito que cresceram e tornaram-se adultos; deixaram de ir a Escola e de terem notas... Saíram de casa, casaram ou vivem juntos; fizeram-se pais e mães!
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