Percurso e aposentação
Augusto Meireles, acompanhou e fez parte desse percurso; mas agora não se preocupa mais com os serviços nem com as resoluções dos seus problemas: as questões da redução dos efectivos de pessoal causado pelas aposentações; a formação profissional e o congelamento de admissões; as classificações de serviço e as reuniões; os estudos, os relatórios e os pareceres; as análises e as discussões estatísticas, etc., etc. … Estava naquela situação que voluntaria e amargamente escolhera: Sair! Reunia os requisitos de tempo de serviço e de idade, para quê esperar por mais? - Para quê repetir tudo do princípio aos novos dirigentes, vezes sem conta, sempre que o poder político os nomeava? E eram sempre nomeados, e eram sempre exonerados, os titulares de órgãos directivos dos serviços da Administração Pública do Estado. O seu critério infalível (prevalente, exclusivo e único): o da fidelidade político-partidária. E a capacidade, e a experiência e a competência não eram avaliadas; os resultados do exercício no cargo também não, porque politicamente irrelevantes.
Os nomeados já não eram oriundos dos Quadros das Instituições de Segurança Social. Já não vinham animados dos valores socioculturais da Instituição. Já não sentiam por isso aquela força necessária para gerir projectos, apoiar e liderar equipas. O amor a camisola um mito …
O facto é que Meireles optou pela aposentação. As consequências dessa soberana opção viriam depois. No imediato, iria descansar; tirar umas merecidas férias – umas férias sabáticas - viajar e passear. Depois, depois… Logo se verá o que acontece. E Aconteceu: os seus planos de leituras – literatura, poesia, romances e história, falharam em grande parte. O estudo de conhecimentos sobre pintura, história da arte e da música ficou pelo caminho; a reaprendizagem do Inglês caiu; as visitas culturais aos museus não se concretizaram; os números de espectáculos assistidos foram poucos; as idas ao cinema assim-assim.
Augusto Meireles já se aposentou há dois anos e interroga-se sobre o que anda a fazer, além dos encontros com amigos de longa data: Camaradas militares que não via há mais de 40 anos e outros amigos do bairro de infância.
Ocupação
Ocupação é um termo que não gosta de usar porque traduz a ideia que não tem nada que fazer. Nada que fazer de útil, entenda-se! – Mas a verdade é essa…
Eis naquilo em que o Augusto Meireles se ocupa:
Abre diariamente o computador;
Consulta os emails;
Envia e reencaminha os «sites» que julga interessantes aos amigos;
Navega na internet e faz pesquisas. Algumas interessantes, outras nem interessam contar…
Faz download de imagens, áudios e vídeos.
Cria álbuns com fotografias de familiares e amigos;
Organiza pastas e ficheiros.
Resumindo, diverte-se e brinca - corrige e diz que trabalha -, diariamente com o seu PC portátil. Tem muito tempo e às vezes parece que lhe falta … Outras, parece-lhe um desperdício o tempo gasto que devia poupar!
No passado, sempre trabalhou por conta de outrem. Nunca teve habilidade para exercer actividade por conta própria e muito menos formar negócio. Exercer a profissão de advocacia também não. Meireles formara-se em Direito quando ainda era oficial administrativo numa Caixa de Previdência e Abono de Família em Lisboa, no início dos anos 80. Concluiu o estágio de advogado e foi-lhe conferida a carteira profissional pela respectiva Ordem. A magistratura seria outra opção mas não aconteceu e acabou por prosseguir a carreira profissional de funcionário público: administrativo, técnico Jurista e dirigente. Foi fazendo carreira assim.
Balanço de vida
Agora que está aposentado, interroga-se sobre o que fez de importante na vida além da formatura em Direito na Faculdade de Direito de Lisboa – como acha bem precisar - e de ter contribuído para a criação dos filhos. Trabalhar? – Sim. Mas isso é o que toda gente faz ou devia fazer: nada de mais! Trabalhar e estudar, com o objectivo de ascender profissionalmente e melhorar o padrão de vida pessoal e familiar, já foi um pouco além! Fora isso - e mesmo assim, com alguns erros de percurso - nada de relevante! Nada que conste para a História, que se relacione com as artes, humanidades, ciência, religião ou política. Nunca escreveu e muito menos se notabilizou em qualquer obra de literária, música, teatro, pintura, arquitectura, escultura, história. Não produziu nenhuma obra até aqui… não será também provável que a venha a produzir depois dos sessenta anos de idade. Não por falta de tempo mas de talento!
Mas há outros valores que são objecto de interrogações e de dúvidas permanentes: O indivíduo e a sua ligação com meio, a natureza e a metafísica.
Augusto Meireles, acompanhou e fez parte desse percurso; mas agora não se preocupa mais com os serviços nem com as resoluções dos seus problemas: as questões da redução dos efectivos de pessoal causado pelas aposentações; a formação profissional e o congelamento de admissões; as classificações de serviço e as reuniões; os estudos, os relatórios e os pareceres; as análises e as discussões estatísticas, etc., etc. … Estava naquela situação que voluntaria e amargamente escolhera: Sair! Reunia os requisitos de tempo de serviço e de idade, para quê esperar por mais? - Para quê repetir tudo do princípio aos novos dirigentes, vezes sem conta, sempre que o poder político os nomeava? E eram sempre nomeados, e eram sempre exonerados, os titulares de órgãos directivos dos serviços da Administração Pública do Estado. O seu critério infalível (prevalente, exclusivo e único): o da fidelidade político-partidária. E a capacidade, e a experiência e a competência não eram avaliadas; os resultados do exercício no cargo também não, porque politicamente irrelevantes.
Os nomeados já não eram oriundos dos Quadros das Instituições de Segurança Social. Já não vinham animados dos valores socioculturais da Instituição. Já não sentiam por isso aquela força necessária para gerir projectos, apoiar e liderar equipas. O amor a camisola um mito …
O facto é que Meireles optou pela aposentação. As consequências dessa soberana opção viriam depois. No imediato, iria descansar; tirar umas merecidas férias – umas férias sabáticas - viajar e passear. Depois, depois… Logo se verá o que acontece. E Aconteceu: os seus planos de leituras – literatura, poesia, romances e história, falharam em grande parte. O estudo de conhecimentos sobre pintura, história da arte e da música ficou pelo caminho; a reaprendizagem do Inglês caiu; as visitas culturais aos museus não se concretizaram; os números de espectáculos assistidos foram poucos; as idas ao cinema assim-assim.
Augusto Meireles já se aposentou há dois anos e interroga-se sobre o que anda a fazer, além dos encontros com amigos de longa data: Camaradas militares que não via há mais de 40 anos e outros amigos do bairro de infância.
Ocupação
Ocupação é um termo que não gosta de usar porque traduz a ideia que não tem nada que fazer. Nada que fazer de útil, entenda-se! – Mas a verdade é essa…
Eis naquilo em que o Augusto Meireles se ocupa:
Abre diariamente o computador;
Consulta os emails;
Envia e reencaminha os «sites» que julga interessantes aos amigos;
Navega na internet e faz pesquisas. Algumas interessantes, outras nem interessam contar…
Faz download de imagens, áudios e vídeos.
Cria álbuns com fotografias de familiares e amigos;
Organiza pastas e ficheiros.
Resumindo, diverte-se e brinca - corrige e diz que trabalha -, diariamente com o seu PC portátil. Tem muito tempo e às vezes parece que lhe falta … Outras, parece-lhe um desperdício o tempo gasto que devia poupar!
No passado, sempre trabalhou por conta de outrem. Nunca teve habilidade para exercer actividade por conta própria e muito menos formar negócio. Exercer a profissão de advocacia também não. Meireles formara-se em Direito quando ainda era oficial administrativo numa Caixa de Previdência e Abono de Família em Lisboa, no início dos anos 80. Concluiu o estágio de advogado e foi-lhe conferida a carteira profissional pela respectiva Ordem. A magistratura seria outra opção mas não aconteceu e acabou por prosseguir a carreira profissional de funcionário público: administrativo, técnico Jurista e dirigente. Foi fazendo carreira assim.
Balanço de vida
Agora que está aposentado, interroga-se sobre o que fez de importante na vida além da formatura em Direito na Faculdade de Direito de Lisboa – como acha bem precisar - e de ter contribuído para a criação dos filhos. Trabalhar? – Sim. Mas isso é o que toda gente faz ou devia fazer: nada de mais! Trabalhar e estudar, com o objectivo de ascender profissionalmente e melhorar o padrão de vida pessoal e familiar, já foi um pouco além! Fora isso - e mesmo assim, com alguns erros de percurso - nada de relevante! Nada que conste para a História, que se relacione com as artes, humanidades, ciência, religião ou política. Nunca escreveu e muito menos se notabilizou em qualquer obra de literária, música, teatro, pintura, arquitectura, escultura, história. Não produziu nenhuma obra até aqui… não será também provável que a venha a produzir depois dos sessenta anos de idade. Não por falta de tempo mas de talento!
Mas há outros valores que são objecto de interrogações e de dúvidas permanentes: O indivíduo e a sua ligação com meio, a natureza e a metafísica.
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