Voltei ao Frei Boléo porque tendo sido Imediato no DFE4 (Angola 1963-65), abandonou a carreira militar de Fuzileiro da Armada para seguir o sacerdócio. Este facto só por si não tem nada demais, mesmo tratando-se de um oficial promissor. Nem todos os que prestaram serviço militar na Armada - como fuzileiros ou não - fizeram carreira nela. Foram muitos os que passaram à vida civil, adquiriram outras profissões, foram trabalhadores subordinados, independentes, empresários, etc. As razões confidenciadas pelo Frei Boléo é que são importantes e merecem, da minha parte, uma abordagem e um breve comentário, respeitoso, naturalmente.
A opção do Imediato Paiva Boléo pela actividade religiosa, e a razão por que tinha ido para Padre, foi, segundo ele, a seguinte: Porque passara centenas de horas nos postos do Zaire e Cabinda a observar que a maioria de nós crentes, jovens, tinha uma ideia tão triste de Deus; tão pouco crente.
Éramos na verdade muito jovens e o nosso pensamento voava para as coisas materiais da vida e queríamos divertir nos momentos que tínhamos livres para o fazer. Por outro lado, a nossa presença em África tinha um objectivo bem definido e esse não era certamente de índole religiosa… Político também não, mas militar sim. Destarte, a espiritualidade não era o nosso forte!
A opção do Imediato Paiva Boléo pela actividade religiosa, e a razão por que tinha ido para Padre, foi, segundo ele, a seguinte: Porque passara centenas de horas nos postos do Zaire e Cabinda a observar que a maioria de nós crentes, jovens, tinha uma ideia tão triste de Deus; tão pouco crente.
Éramos na verdade muito jovens e o nosso pensamento voava para as coisas materiais da vida e queríamos divertir nos momentos que tínhamos livres para o fazer. Por outro lado, a nossa presença em África tinha um objectivo bem definido e esse não era certamente de índole religiosa… Político também não, mas militar sim. Destarte, a espiritualidade não era o nosso forte!
Todos nós fomos educados segundo os dogmas da religião judaico-cristã, fomos baptizados, fizemos a primeira comunhão e até casamos catolicamente. Essa foi a herança que os nossos pais e avós nos transmitiram … Diga-se de passagem que não era nada alegre, bem pelo contrário. A penitência era constante porque os nossos pecados eram anteriores a nossa própria existência e essa
originaliade representava um fardo para toda a nossa vida terrena. Como diria Hegel (que era cristão) no século XIX : “ O sofrimento religioso é, simultaneamente, uma expressão de verdadeiro sofrimento e um protesto contra o verdadeiro sofrimento”. A religião é o lamento da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem compaixão e a alma das condições desalmadas.
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