Também há guerra sem tiros!

Para acabar o mês de Março em beleza cá vai mais uma foto para o álbum de recordações do pessoal da CF8. Na imagem vê-se o Zé Carlos ( a quem chamávamos «Gato» por conta dos seus olhos azuis) a acompanhar o seu chefe (moi même) numa acção de psico, no ano de 1967, em Metangula.

Amanhã entra o mês de Abril e começa a época de convívios dos ex-combatentes, um pouco por todo o país. Já no passado sábado, dia 29 de Março, se reuniu o pessoal do DFE5 e muitos se seguirão durante o ano, espero eu, para provar que a malta da velha guarda ainda está aí para as curvas.

Lanchas da Figueira!

Caro amigo António Querido

Deves lembrar-te tão bem como eu da LFP Saturno que chegou a Metangula ao mesmo tempo que nós. Por falar nisso, havia um membro da tripulação, o João, que era fogueiro-motorista (agora diz-se condutor de máquinas) e de quem me tornei muito amigo. Desde que abandonámos Metangula, nos fins de 1967, nunca mais o vi nem ouvi falar dele. Coisas da vida atribulada de quem se vê metido em guerras que não são suas.

Mas aquilo que me fez escrever-te este recado foi a placa que podes ver na foto acima e que estava cravada na amura da Saturno. Sabias que ela foi construída nos Estaleiros do Mondego? Quando lá estivemos deves ter reparado nesta chapinha e ficado todo inchado de orgulho por saber que navegava na frota de lanchas do Niassa uma que tinha sido construída na tua terra. E, se calhar, as duas irmãs gémeas, Marte e Urano, foram também construídas no mesmo sítio. Isso é coisa para te deixar todo babado!

Lembranças da guerra!

Regresso de uma operação!

Metangula - Niassa - Moçambique!

Cansados sim, mas todos vivinhos da Silva, que era a coisa mais importante naquela situação!

Lá atrás, arrastando a mochila a muito custo, o Sargento Patrão que já não pertence ao número dos vivos. Alguma desta rapaziada nunca mais a vi desde que saímos do Vera Cruz, no Cais de Alcântara. Que será feito deles?

Olha os copos!

Dois amigos estão no bar, quando um deles fala:

- Está vendo aqueles dois velhos bebendo na outra mesa.

- Estou, porquê ?

- Daqui a uns vinte anos estaremos assim.

O outro olhou e disse:

- Ó Zé, é melhor parares de beber! Aquilo é um espelho, porra!

É muita massa!

Oiçam com atenção e espantem-se! Isto é se não sofrerem um colapso cardíaco com esta notícia!