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domingo, 4 de setembro de 2022

As voltas do destino!

 

Passei em Videmonte, Guarda, esta semana. Fui acompanhar um grupo que queria ver as áreas ardidas na Serra da Estrela e, pelas reportagens da TV, Videmonte pareceu-nos ser o local ideal para começar. Puro engano, pois pouco havia para ver. O incêndio vinha de Gouveia, a caminho da Guarda, mas em Videmonte só ardeu o mato na crista dos montes. No vale por onde desliza o Mondego, continua tudo verde como sempre foi.

E porque vos estou eu a falar nisto? Pela simples razão que pertinho desta praia fluvial vive o meu camarada fuzileiro José Fonseca (2063/64) da CF8 e fiquei com muita pena de o não ter encontrado. Mas não era eu a conduzir, nem chefiava a caravana e, por conseguinte, tive que ficar apenas pelo desejo. Tínhamos almoço marcado, em Manteigas, e já íamos com um atraso de meia hora, pelo que não manifestei o desejo de procurar o Fonseca, o que nos atrasaria outra hora bem medida.

É assim a vida, desde 1968 que o não vejo e teria gostado de ver como está ele depois de uma vida inteira emigrado na terra dos franciús. Pode ser que o destino nos dê outra oportunidade, nunca se sabe o que nos está reservado! 

sábado, 30 de julho de 2022

Os fiéis Fuzos!

 Ser fiel a uma pessoa, uma instituição ou uma causa não é para todos. É uma questão de carácter, qualquer coisa que vem lá de dentro e que muitos nunca serão capazes de sentir. Neste caso particular, refiro-me à Escola de Fuzileiros, como a instituição que formou muitos milhares de homens para ir combater, em África, na Guerra Colonial. Muitos homens, alguns ainda meninos, de todos os cantos de Portugal foram levados para Vale de Zebro, lugar da freguesia de Palhais, no concelho do Barreiro, e aí passaram «as passas do Algarve» para serem FUZILEIROS e atingirem a condição necessária para partir em defesa da Pátria.


Muitos anos depois, é vê-los regressar à «Casa Mãe» e festejar com alegria o reencontro com os seus velhos camaradas. Nestes regressos nota-se que a maioria são fuzileiros que seguiram a carreira da Marinha, são, hoje, uns senhores reformados e vivem nas duas margens do Tejo ou Coina, num raio de 20 Kms da Escola. Os outros, aqueles que vivem longe, ou têm uma situação económica muito mais débil são os que merecem a minha admiração. Está neste caso o «Moço da Botica» da CF2, o meu camarada Zé Monteiro que me acompanhou na comissão que fizemos em Moçambique, entre 1962 e 1965. Regressámos a Lisboa, no dia 11 de Abril de 1965, data que ele celebra com devoção e, desse dia em diante, perdi-lhe o rasto. Para mim ele é o mais fiel representante do «Recrutamento de Setembro de 1961», pois, enquanto pôde, nunca faltou a um «Dia do Fuzileiro» a cada Julho que passa.



O outro fiel à nossa Escola que quero e tenho que referir é o Guilherme, pois não conheço outro do «Recrutamento de Março de 1962» que apareça com tanta frequência nessas concentrações. Outros haverá que nutrem os mesmos sentimentos, mas falta-lhe a força de vontade (ou os recursos económicos) para concretizar o desejo de voltar à Casa Mãe. São muito raros os que comparecem e não tenham seguido a carreira militar. É certo que ele viveu a maior parte da sua vida na zona de Almada ou Setúbal, não muito longe da Escola, mas isso não desabona em seu favor. Considero-o o mais fiel da minha escola e respeito-o por isso.

domingo, 10 de julho de 2022

A outra metade da foto!

 


Assinalado com uma marca vermelha sobre a cabeça, está o Manuel Vasco que foi quem me facultou a foto que cortei em duas para vos falar do Sargento Trindade, um dos monitores que foi marcante na fundação da Escola de Fuzileiros.

Nesta segunda metade da foto aparecem alguns sargentos mais modernos, alguns dos quais conheci nas comissões que fiz, em Moçambique Vasco, Patrão e Arlindo (lado a lado na fila de trás) estiveram comigo na CF8 de 1965 a 1968.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Sargento Trindade!

 

Aí está ele de perna traçada!

Ao fim de 60 anos e muitas lembranças pelo meio, veio parar-me às mãos esta foto em que aparecem alguns dos meus instrutores da recruta, assim como companheiros de comissão, em Moçambique!
Ao toque da Alvorada do meu primeiro dia na Marinha (na Escola de Fuzileiros), ele entrou na caserna, ligou as luzes e gritou:
- Enrola a manta, toca a acordar!

terça-feira, 26 de abril de 2022

A roda da vida!

 Os cumprimentos e boas-festas da Páscoa têm destas coisas. Um homem telefona para desejar Boas Festas e houve que o destinatário já não existe, faleceu, há cerca de um mês.

Ele é o homem da MG42

Eu não era muito chegado ao Manel Ferreira. Ele era da Escola a seguir à minha e foi para Angola render alguém, a meio da comissão da CF1. Depois regressou à Escola, tal como eu que vim de Moçambique, e frequentamos juntos o Curso de 1º Grau. Logo a seguir, demos o nome para ingressar na CF8 que estava em formação para ir para Moçambique, O mesmo percurso fizeram o Páscoa e o Martins, também filhos da escola de Setembro de 1962, meia comissão na CF1, em Angola, Curso do 1º Grau e ida para Moçambique na CF8. Ambos tinham já falecido e o Manel foi, agora, juntar-se a eles.

Que descansem em paz nesta última comissão que estão a fazer!

quinta-feira, 10 de março de 2022

Morreu um fuzileiro!

 


Todos os fuzileiros são especiais, mas há uns mais especiais que outros!

O Pinto (dos frangos) de Barcelos era um desses. Industrial da restauração organizou um almoço-convívio para o pessoal da CF7 em que fez comissão na Guiné. Por interpostas amizades fui convidado para estar presente também. Garanto que nunca vi um almoço tão bem servido como esse, a troco de um pagamento que eu diria simbólico. Nunca seria possível pagar o que comemos e o que bebemos com o pouco que nos cobrou. Foi uma ocasião festiva que me ficou na memória e serviu para estabelecer o primeiro contacto com os meus camaradas da CF2 e me transmitiu o vírus dos convívios a que fiquei ligado durante bastantes anos.

Chegou a hora de lhe dizer adeus e desejar que ganhe um lugar no céu. Era ainda novo para morrer, mas essa malvada não respeita a idade de ninguém e quando nos passa a «Guia de Marcha» somos obrigados a embarcar!

Os meus sentimentos à família enlutada, incluindo a fuzileira!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

O Bicho e o seu pelotão de fuzileiros!

 

Extracto da Revista da Armada de Janeiro 2022

O 1º Tenente MANUEL PEREIRA BICHO faleceu. A notícia saíu na publicação de Janeiro, pelo que pressuponho que faleceu em Dezembro passado.
Durante a minha recruta, de Março a Julho de 1962, ele comandou o meu pelotão, o 2º da 1ª Companhia, conforme lista que podem ver a seguir. Foi ele quem me ensinou a marchar, marcar passo (até romper as solas das botas de atanado) e a fazer os movimentos de arma com a velha Mauser. Mil vezes repetido, não me posso esquecer da sua voz, quando nos gritava - Por tempos, ombro esquerdo, arma!

16395      8051       FRANCISCO JESUS PAIXAO

16396      ???          JOÃO N. G. CUNHA

16399      8054      FERNANDO BENTO SOUSA

16400     ???          SILVINO L. C. BRANCO

16402      ???          ALBERTO J. R. MATOS

16403      8056       JOSE RICARDO DIONISIO FRANCA

16404     ???          EDUARDO H. A. RODRIGUES

16412       8064       CARLOS MANUEL JORGE MENDES

16421       8072       JOAQUIM DUARTE ANASTACIO CARVALHO

16429      8079       MANUEL ALVES SILVA

16436      8085      FERNANDO ROCHA MARTINS

16443      ???          ARMÉNIO LUIS SOUSA GUERRA

16446      8094       JOSÉ ALEXANDRE SANTOS FERREIRA

16451      8098       VALTER  NUNES DA SILVA

16452      8099       FLORIANO DORES CRUZ

16453      8100       FRANCISCO ANTONIO SOBREIRO VEIGA

16454     8101        ELIAS FARINHA ALMEIDA RODRIGUES

16456      8103        MANUEL RODRIGUES PACHECO

16461       8106        JOAQUIM ALDOMIRO M. ROSA

16463      8108       ANTONIO AUGUSTO

16466      8111         CESIDIO  JOSE FERREIRA AGUIAR

16470      8115        MANUEL JOSE RAPOSO LADEIRA

16480     8124        MARIO DIONISIO TEODORO LIMA

16482      8126        AMILCAR CARVALHANA SANTOS

16485     8129        AGOSTINHO CARVALHINHO SECO

16491       8135        MANUEL FILIPE VIEGAS CRUZ

16496      8139        JOSE RIO BONINA

16505     8148       JULIO LOPES RAIMUNDO

16509      8152        MANUEL JOAQUIM MARTINS

16516       8159        RAMIRO DINIS ENXUTO

16518      8161         ANTONIO OLIVEIRA LOPES

16519       ???          ANTONIO V.L. ROCHA

16523      8163        AGOSTINHO TEIXEIRA

16524      8164        AMADEU SANTOS

16525      8165        ANTERO CARNEIRO PIRES

16528      8168        ARMINDO JOSE GONÇALVES MACHADO

16529      8169        DOMINGOS PIRES MIRANDA

16530      8170        JOSE SILVA BAIA

16532      8171         OCTAVIO AUGUSTO T. PINTO

16534      8173        JOSE CAETANO CRESPO

16540     8179        ANTONIO RODRIGUES

16546      8185       ARLINDO OLIVEIRA SARGENTO

16550     8189        MANUEL BESTEIRO ALVES

Pelotão do Bicho

No Cinquentenário da nossa incorporação, compareceram na Escola de Fuzileiros apenas 10 dos 42 camaradas que compunham o pelotão, pomposamente, conhecido como «O Pelotão do Bicho», o melhor de todo o recrutamento.
Tendo tomado conhecimento do seu falecimento, não quis deixar passar a ocasião sem deixar duas palavras em sua memória. Alistou-se na Marinha de Guerra Portuguesa, em 1949 e juntou-se aos Fuzileiros, em 1962, como Monitor. Não posso garanti-lo com certeza, mas acho que fez duas comissões, em África, durante a Guerra do Ultramar, uma ainda como sargento e outra já como oficial. Como acontece com todos, havia quem gostasse e quem não gostasse dele. Eu não tenho razão de queixa, nunca me fez mal nenhum. Assim, posso afirmá-lo, na minha opinião era um bom homem.
Só, há pouco, descobri onde ele morava, no concelho de Condeixa-a-Nova e liguei-lhe duas ou três vezes, mas a conversa com ele não foi fácil, devido à doença de Alzheimer que tomou conta dos últimos anos da sua vida. Supondo que nasceu em 1929, faleceu, portanto com 92 anos, uma bonita idade e cheia de histórias para contar.
Resta-me apresentar as minhas condolências à família e pedir a Deus que lhe reserve um bom lugar, à sua direita. Paz à sua alma!