Maxfredo Ventura da Costa Campos era o comandante do Batalhão da Recruta formado na Escola de Fuzileiros, em Março de 1962. Com o posto de 1º Tenente era o segundo oficial mais graduado da Escola e tinha a seu cargo a formação de 300 recrutas que aspiravam a tornar-se fuzileiros. Nem todos o conseguiriam, uma vez que os grumetes voluntários que não tivessem aproveitamento seriam mandados para casa no fim do ITE.
Eu era um desses 300 recrutas e por isso posso dizer que conheci pessoalmente o homem de 83 anos de idade que, na passada sexta-feira, foi mortalmente atropelado na famosa EN125, entre Lagoa e Porches.
O Tenente Maxfredo era extremamente militarista e muito exigente com os seus homens, razão pela qual não era muito querido entre a arraia miúda que debaixo das suas ordens gravitava na Escola de Fuzileiros. Não consigo recordá-lo sem o seu farto bigode, o fato camuflado e os óculos de sol. Poderia jurar que nunca o vi fardado de branco ou com outros óculos que não aqueles de lentes escuras. Outra coisa que o caracterizava era o pastor alemão de pelagem preta que sempre o acompanhava e respondia pelo nome de Taifun. Um e outro impunham respeito quando se plantavam em frente do batalhão formado na Parada da Escola.
Tanto quanto me consigo lembrar, existiam na Escola de Fuzileiros, nesse tempo, apenas 4 oficiais, o Capitão-Tenente Melo Cristino que comandava a Unidade, o 1º Tenente Maxfredo responsável pela recruta, o 2º Tenente Pascoal Rodrigues comandante do Curso de Fuzileiros Especiais e o 2º Tenente Oliveira responsável administrativo da Unidade. Uma família pequena, como se vê.
Como administrador deste blog que carrega o pesado nome da Escola de Fuzileiros achei que devia deixar aqui esta pequena resenha da vida do homem e fuzileiro que partilhou comigo um curto período da sua vida e que teve e terá para sempre o seu nome ligado a essa Unidade de Marinha que foi posta a funcionar, em 1961, nas instalações navais de Vale de Zebro, para responder ao esforço de guerra que culminou na independência das nossas colónias em África.
Morreu o homem, o militar, o fuzileiro, respeite-se a sua memória!