Hoje encontrei esta fotografia no meio das minhas velhas recordações dos tempos da Marinha. Foi tirada no Algarve, na zona de Faro, durante os exercícios de fim do Curso de 1º Grau, no verão de 1965. Estávamos acampados no meio de um campo de milho e usávamos a água desta nora para fazer a barba e outras coisas ligadas à nossa higiene pessoal. Ao fim de 50 anos estas recordações parecem tão distantes como o planeta Marte. Se não tivesse a fotografia para o provar até eu próprio começaria a duvidar se de facto estive ou não no Algarve nessa altura.
Mas depois de muito espremer a massa branca do cérebro começam a surgir as imagens das nossas marchas debaixo de um sol tórrido de Julho por entre figueiras, alfarrobeiras e romãzeiras. E depois as noites passadas nos grandes botes de borracha (americanos) de pangaia em punho remando na Ria Formosa tentando surpreender o inimigo que se acoitava entre os juncos das ilhotas.
E lembro-me de ter visto nessa altura, pela primeira vez na minha vida, a água do mar a arder. Chama-se assim a um fenómeno que faz a água brilhar quando se arrastam os nossos dedos com alguma força pela água do mar, durante a noite. Também os salpicos das pangaias, ao entrar e sair da água, produzem o mesmo efeito.
Foi há muitos anos, mas afinal ainda me recordo de alguns pormenores!