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quarta-feira, 5 de março de 2025

O Capitão G3!

 António Trindade Tavares, lisboeta de nascimento emigrou para o Barreiro, mais precisamente para a freguesia de Palhais, para se tornar fuzileiro. A Guerra Colonial que, há cerca de um ano rebentara em Angola, forçou à reabertura da Escola de Fuzileiros para trazer para a actualidade a «Infantaria de Marinha» que boas provas tinha dado no passado. Marinheiros do mato foi uma descrição aplicada aos fuzileiros portugueses que, em conjunto com as outras tropas portuguesas, foram para o Ultramar defender as nossas colónias.

Na primeira semana de março de 1962, dirigiu-se à Doca da Marinha e apanhou a vedeta para a outra banda, de modo a apresentar-se à inspecção no Corpo de Marinheiros. Aprovado na inspecção, tanto física como das suas habilitações literárias, foi escolhido pelo Tenente Patrício para rumar à Escola de Fuzileiros. Ali fez a recruta e o ITE e no princípio do ano de 1963 rumou à Guiné, incorporado na Companhia de Fuzileiros Nº 3.

Como é do conhecimento geral, ele desertou, ainda durante o primeiro ano de comissão, e depois de muitas peripécias, como foi relatado na primeira pessoa, no livro que publicou, há cerca de 10 anos, foi parar a Argel, onde passou pela prisão e acabou contratado para guarda-costas do general Humberto Delgado. Alguns anos depois, acabaria por ser preso pela PIDE e foi entregue no Corpo de Marinheiros para cumprir uma pena de prisão pela sua deserção.

Dizem as más línguas que levou tanta porrada que acabou por ficar meio avariado das ideias. Até ao 25 de Abril, não sei por onde ele andou, mas depois disso esteve a trabalhar no Barreiro e foi colega de um outro marujo que eu conheço. Quando me contaram que ele tinha morrido, talvez afogado no Tejo, eu não engoli a patranha e desatei à procura dele. Houve quem me dissesse que ele tinha ido para França, mas acabei por encontrá-lo no Bairro do Alvito, de volta à casa onde nasceu.

O grumete mais antigo do meu recrutamento

Agora, recebi a comunicação da sua morte, em França, onde tinha ido de visita a uma filha (afinal a referência a França sempre tinha razão de existir) que está lá emigrada. Há muitos anos que não o via, fica-me o seu livro que autografou e ofereceu como recordação, pois perdi a oportunidade de o voltar a ver.

Tenho um exemplar a mais (se algum amigo quiser)


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