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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

As minhas memórias do Niassa!

Comentário deixado por Albertino Veloso no meu blog »Farol de Metangula» e que eu transcrevo para aqui de modo a ganhar mais visibilidade e ser lido por mais pessoas. Lá, corria o risco de ficar esquecido e nunca chegar a ser lido por ninguém, uma vez que a grande maioria dos visitantes não abre nem lê os comentários.


Acabado de chegar a Metangula na CF8, procurei logo, nesse dia, adquirir um terreno para construção duma vivenda junto ao lago, na costa virada à Messumba. Acertados os pormenores para a compra com a Administração local e encetadas diligências para a construção, mandei ir da Metrópole trinta contos, quantia previamente calculada necessária. Chega o dinheiro e... "Veloso, prepara-te que amanhã de manhã partes com o teu pelotão na LDM (Lancha de Desembarque Média) para o Cóbué", foi a ordem que o sargento de Dia me foi transmitir à messe de sargentos! Claro que barafustei. Não era a mim que competia ir. Eu era o mais antigo do Pelotão. Havia três mais modernos mas... também havia tachos em jogo: o Entreposto da Marinha em Vila Cabral, a liquidação dos vencimentos e outro que agora me não ocorre.
No Cóbué tudo se apresentava estranho, misterioso. Estávamos, então, no ano de 1966. Fomos reforçar o Destacamento não me lembro qual(nas minhas quatro comissões no Ultramar estive em tantos...)e devo dizer que, se fomos instalados num hotel com estrelas, não demos por elas, se calhar por estarem apagadas... Se a memória me não engana, ali permanecemos seis meses, tempo bastante para conhecer o Colégio de S.Miguel por dentro e por fora, cujas condições minimamente aceitáveis de habitabilidade éramos nós que as íamos criando depois de ter ficado tudo destroçado na limpeza das populações que lá viviam; a Igreja completamente desventrada de todo o seu recheio (só obras de arte em pau-preto e pau-rosa tinha uma riqueza), tendo eu assistido, impotente para o impedir, ao saque de muitas peças, umas para recordação, outras para venda; o Miradouro, sobranceiro ao lago e o posto Administrativo desactivado, onde teimosamente permanecia um cipaio, o Wash, e, numa tosca palhota ao lado, continuava uma velhota "sem idade", mais conhecida por miss Cóbué, com umas peles peitorais de algo que outrora teriam sido umas mamas estendidas até aos joelhos mas que, mesmo assim, era a safa rascadas duma rapaziada faminta de sexo! Cipaio e miss Cóbué foram as únicas almas que ficaram duma debandada em massa para as fileiras da Frelimo uns, para a Ilha do Likoma outros; muitos, terão sido as hienas a fazer-lhes os funerais... Ao fundo a Baia do Chigoma, também canal entre Likoma e aquela parte de Moçambique, baia onde (para minorar carências de alimentos durante uma semana)íamos pescar com granadas feitas de garrafas das cervejas (umas rebentavam outras faziam pff), tendo nós que andar constantemente "à cacetada" com as águias pesqueiras que na recolha do peixe nos vinham roubá-lo das mãos.
Tenho algumas fotografias tiradas no Cóbué que quero começar a procurar onde param.
Por: Albertino C. Veloso

4 comentários:

  1. Óbviamente que alguém por consideracÃo ao pelotão a seguir fez uma limpeza total à Arte-Sacra do Cobué, o que só temos a agradecer por nos terem livrado da tentação, e do mal, Amém!... Sorte que a Santa era de cimento e dava nas vistas... E depois meter aquilo na lancha o patrão certamente que iria aos arames... UM COMENTÁRIO DE 5 ***** !

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  2. É muito bom recordar o COBUÉ, cheguei mais tarde e já encontrei o hotel (Colégio S. Miguel) com mais duas estrelas e a Sanzala com muitas mais fresquinhas acabadinhas de chegar, só que um pouco escuras, mas depois de uma esfregadela davam boa luz, ao amigo Veloso dou 10 *****!

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  3. As ideias do senhor Veloso
    Albertino, seu nome próprio
    Em Metangula, lugar precioso
    Sobre o lago construir seu dormitório!

    Sonho não concretizado
    Triste noticia recebeu
    Para o Cobué destacado
    Assim a esperança morreu?

    Amigo Veloso
    E suas histórias
    Têm algo valioso
    Verdadeiras glórias!





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  4. Em primeiro lugar quero agradecer ao Carlos a (maior) visibilidade que quis dar ao meu comentário; em segundo, fico lisongeado (talvez imerecidamente)com os estimulantes comentários que o Eduardo, o Querido e o Valdemar teceram à minha pessoa; em terceiro, deixar-vos a certeza de que "o folhetim Cóbué" ainda não terminou...
    O meu abraço para todos.

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