
A opção do Imediato Paiva Boléo pela actividade religiosa, e a razão por que tinha ido para Padre, foi, segundo ele, a seguinte: Porque passara centenas de horas nos postos do Zaire e Cabinda a observar que a maioria de nós crentes, jovens, tinha uma ideia tão triste de Deus; tão pouco crente.
Éramos na verdade muito jovens e o nosso pensamento voava para as coisas materiais da vida e queríamos divertir nos momentos que tínhamos livres para o fazer. Por outro lado, a nossa presença em África tinha um objectivo bem definido e esse não era certamente de índole religiosa… Político também não, mas militar sim. Destarte, a espiritualidade não era o nosso fo

Todos nós fomos educados segundo os dogmas da religião judaico-cristã, fomos baptizados, fizemos a primeira comunhão e até casamos catolicamente. Essa foi a herança que os nossos pais e avós nos transmitiram … Diga-se de passagem que não era nada alegre, bem pelo contrário. A penitência era constante porque os nossos pecados eram anteriores a nossa própria existência e essa
originaliade representava um fardo para toda a nossa vida terrena. Como diria Hegel (que era cristão) no século XIX : “ O sofrimento religioso é, simultaneamente, uma expressão de verdadeiro sofrimento e um protesto contra o verdadeiro sofrimento”. A religião é o lamento da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem compaixão e a alma das condições desalmadas.
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