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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

IV-Frei Paiva Boléo. Em nome do pai…

Frei Paiva Boléo
Historicamente, Jesus nasceu na Palestina na época do imperador romano Augusto ( sec.I). Mais concretamente em Nazaré por volta do ano 750 da fundação de Roma, embora São Mateus tenha afirmado que Jesus nasceu em Belém. Parece não haver dúvidas que Jesus existiu à face da Terra. Já Jesus o divino, que desceu à Terra sob a forma humana permanente de Deus para nos salvar, é que não há consenso. Também na religião Oriental, Crixna é uma das encarnações do Deus Vixnu, dos hinduístas. Segundo Úrsula King, professora de Religião na Universidade de Bristol, existem paralelismos entre a Natividade de Jesus e a Natividade de Crixna. Crixna não foi concebido de uma forma vulgar. Tal como Jesus, nasceu de Deus e de uma mulher mortal. Na história de Crixna, Vixnu implantou um dos cabelos no ventre da mãe de Crixna. Ambos os nascimentos foram rodeados de acontecimentos milagrosos. Estes nascimentos de figuras divinas são comparáveis a outras religiões. Por exemplo o nascimento de Buda foi acompanhado de sinais prodígios. Há um tipo de revelação, história contada de Crixna em criança quando esta brincava na lama e a sua mãe adoptiva disse: “Abre a boca. Comeste lama”. Crixna obedeceu e a mãe adoptiva viu todo o universo lá dentro. Segundo S. Lucas, o Menino Jesus fugiu aos pais e foi ensinar os doutores da Lei do Templo de Jerusalém. A mãe Maria, em vez de se sentir orgulhosa porque “todos os que o escutavam ficavam admirados com a sua sabedoria e as suas respostas”, repreendeu-o por se ter perdido e tanto ter preocupado José e ela própria.
1ª comunhão de Álvaro Dionísio
O que me fascina em Jesus
Desde miúdo que ouvi falar no menino Jesus e guardo dele a imagem de uma criança loira, de olhos azuis, a limpar o nariz com o braço esquerdo. Esta figura sempre me fascinou, aliás como ainda me fascinam as crianças. A escola primária, a catequese, a missa de Domingo, as festas e romarias; os casamentos, baptizados e os funerais. Ainda os meses de Maio e de Maria em que se rezava o terça (novenas – acção de graças), penso que os adultos e em particular as mulheres (a minha avó rezava o terço na cama todos os dias antes de se deitar: não tinha vagar para ir a missa). Não me lembro de ver os homens a rezar o terço. Todas estas liturgias estavam presentes o nome de Jesus e de Cristo.
Também se escreveram poemas muito bonitos sobre o menino Jesus. Lembro-me especialmente de Fernando Pessoa; e porque gosto muito, não resiste em transcrever uma pequena parte do seu poema “o menino Jesus”:
Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
……
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem

E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
……
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
….
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
…………….
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

O menino Jesus cresceu como todas as crianças e tornou-se adulto. Começou a pregar. Segundo as fontes históricas: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João; as obras de Filó e Josefo, Apócrifos do Antigo Testamento, S. Paulo, citadas por investigadores, filósofos e teólogos.
Cristo devia ter um puder persuasivo muito forte nas populações que o ouviam e daqueles que o seguiam como um verdadeiro líder espiritual: os apóstolos, companheiros de viagem. Só de facto uma pessoa muito inteligente, culta e convicta da sua fé poderia arrastar multidões. Fala-se também de Cristo como um fazedor de milagres. Francamente, preferia não lhes chamar milagres uma vez que esse é o nome atribuído pelos Evangelhos. Talvez chamar-lhes lendas ou mitos, ainda que estas expressões possam querer significar uma posição mais próxima da
verdade, da verdade que possamos alcançar. Mas sempre me deliciei ouvir contar esses “milagres”.
Acho que o primeiro deles é as Bodas de Canaã, na Galileia, em que Jesus transforma a água em vinho. É um milagre que parece revelar que a Igreja primitiva não considerava Jesus um moralista tacanho, um puritano que estava contra o divertimento como padres da minha época faziam crer. É pois a parte humanista de Jesus, como homem sujeito as fraquezas e tentações, que mais me encanta. Não sei Jesus dormiu com Maria Madalena ou foi seu amante, casou com ela ou até teve filhos, qualquer destas versões, admitidas pelos investigadores históricos só aumentam a minha admiração por Jesus. Se Jesus é Filho de Deus, feito Homem, que sofreu e foi crucificado na cruz, morreu e ressuscitou para redimir a humanidade dos seus pecados, é algo que só a fé acredita. Mas há uma verdade: sem Jesus o cristianismo não existiria.
Em nome do pai, do filho e do espírito santo. Àmen!

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