Por Artur/Leiria
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Melhor tarde do que nunca, sou eu a agradecer e, ao mesmo tempo, pedir desculpa a este meu colega de escola e de ginásio. Graças ao seu avanço no conhecimento da grande metrópole de Lisboa e de Moçambique, sou eu na altura das aspirações à carreira da marinha, a pedir-lhe se me dava uma ajuda na descoberta do Alfeite, no qual era requerida a minha presença pelo mero facto de que o meu pedido de ingressar nesta tinha sido deferido. Lá fomos comboio fora, depois da sua afirmativa concordância ao meu pedido. Quarenta e oito anos depois, ao juntarmo-nos na nossa santa terra das origens vai à baila esta minha pergunta; “Zé lembras-te de me teres levado ao Corpo de Marinheiros, quando fui para a marinha?”
Lembro”, respondeu, “Sabes que nunca te agradeci nem te pedi desculpa por nunca o ter feito?” “isso não importa pá”, é ele a retorquir, “desapareceste para ires dar o corpo ao manifesto, ficando eu à tua espera mas nunca mais te vi! Mas quando chegou a hora do “comes” lá fui com a malta que ali estava direito ao refeitório onde fui servido como se fosse da Marinha.” Claro que fiquei admirado com toda a sua clarividência!
O Zé Vieira, uns meses mais novo do que eu, nasceu na mesma terra, Vidigal, Leiria. Lembro-me de ter brincado com ele quando miúdos entre os 5 e 7 anos de idade. Mais tarde o Zé desapareceu sem que eu tivesse dado por isso. Anos depois na altura de se frequentar a escola secundária, o Zé aparece sem mais nem menos, entabulamos uma conversa de curiosidade e ficamos “amigos para sempre”. O Zé, um excelente e aplicado estudante onde o resultado foi visto ao formar-se em Engenharia. O Artur que tirou o curso do: “Passeio de Livros do Curso Industrial”, ficou encravado entre a vontade e o desejo! Contudo, como ordem do destino, ou paga que lhe valha do insucesso, o Artur também vai indo!
Na primeira foto à civil sou eu, nas minhas férias à Metrópole, com o Zé acertando agulhas das ocorrências comuns entrementes não vividas, ele como estudante, eu como marujo das agruras de Moçambique, a sua terra madrasta.
Nesta altura, sou bem sabedor de que o nosso Zé tinha desaparecido para Lourenço Marques na sua meninice, voltou, vivemos e revivemos a mocidade.
Mais tarde viemo-nos a reencontrar em Moçambique na Machava, onde um dia fomos à pesca sobre uma ponte, como se pode ver na foto em cima, sobre a mesma, com as canas, como sentinelas ao vento à espera do que mordia, se morderam ou não, não me lembro…
Na foto ao lado, onde está o pai do Zé e eu, está por detrás um madeirense amigo da família, que curiosamente conseguia pregar um prego enorme numa grossa tábua duma só vez com a mão! Sim com a mão, sem usar martelo!
O pai do Zé, o senhor Vieira, que já não está connosco, fez lá vida de sucesso que infelizmente se desmoronou com a perda das Províncias a favor da política dos russos e cubanos.
Nestas últimas férias a Portugal, estive de corrida com o Zé, no nosso lugar de nascença e disse-lhe que tínhamos este blogue e que iria escrever algo sobre passagens das nossas vivencias, pedi-lhe que nos aliciasse com um pouco do que se lembrasse ainda das nossas peripécias vividas. Vamos ver até que ponto o Zé Vieira vai chegar, sobre este pedido que lhe faço o qual desde já, terei que agradecer em avanço… porque 48 anos são muitos anos…
Com um abraço amigo;
Obrigado Zé!
Como muito bem sabes tive o privilégio de ouvir esta história contada na primeira pessoa, ainda não há muito tempo.
ResponderEliminarÉ como eu costumo dizer - se tens bons amigos preserva-os porque valem mais que ouro.