Esta semana tivemos greve, mas não tivemos manifestações. Um mistério? Não creio. A minha costela pessimista diz-me que os portugueses não foram trabalhar para mostrarem a sua náusea com ‘o estado a que isto chegou’; mas depois a costela optimista acrescenta que os portugueses preferiram ficar em casa devido a um vago e intuitivo sentimento de que eles também são responsáveis pelo ‘estado a que isto chegou’: o nosso brutal endividamento externo, que lentamente vai fechando as torneiras do crédito, é também ou sobretudo, um brutal endividamento privado. E não houve família lusitana que, abençoada pelos cafres que nos governaram, não tenha dado o seu contributo para a loucura geral que levou o país à bancarrota. Claro que, perante este cenário, alguns líricos perguntam se não teria sido preferível trabalhar; ou, em alternativa, ir a Fátima em peregrinação para agradecer aos céus o facto de ainda haver trabalho para os nossos grevistas. Não vou tão longe. Um dia de pausa faz sempre bem. Desde que esse dia seja inteiramente dedicado ao velho desporto de sentir vergonha na cara.
“O problema é que Sócrates de milagres só apresentou promessas, e a Senhora de Fátima não governa no seu lugar."
São apenas promessas,
ResponderEliminaro que Sócrates sabe fazer
Mais dinheiro não peças!
para que o não fiques a dever.
Gastar o que não temos
e aos outros ir pedir,
Nossas dívidas pagaremos
por todos a despesa dividir.
Que não sejam os mais fracos
pagar erros de má governação,
Vá para a cozinha lavar pratos
e que não gaste muito sabão.
Às greves estão habituados
Sem elas já não podem viver!
Os números mal contabilizados
quantos eram ninguém ficou a seber.
Isto das greves também não me convence. As centrais sindicais gostam delas porque justificam a sua existência. A maior parte dos grevistas gosta porque significa um dia de costas ao alto.
ResponderEliminarMas o país não ganha nada com ela e muita gente sofre os incómodos dela derivados.