O tempo oferece-nos lições surpreendentes, como vamos ver.
Um campónio chinês era muito pobre mas possuía uma sabedoria singular e rica.
Certo dia, seu filho, disse-lhe:
- Pai, que desgraça! O nosso cavalo fugiu.
- Por que lhe chamas desgraça? Veremos o que nos traz o tempo.
Passados alguns dias, o cavalo regressou, trazendo consigo outro cavalo selvagem.
O rapaz ficou radiante e disse:
- Pai, que sorte! O nosso cavalo trouxe outro maravilhoso.
- Por que dizes sorte? Veremos o que nos traz o tempo.
Uns dias depois, o moço quis montar o cavalo novo. Mas este não estava habituado e atirou-o ao chão. Com uma perna partida, o rapaz disse ao pai:
- Que desgraça! Parti uma perna.
O camponês citou a sua filosofia e disse:
- Por que lhe chamas desgraça? Vamos ver o que nos traz o tempo.
O rapaz não aceitou bem o pensamento do pai.
Mas, daí a uns dias passaram pela aldeia emissários do rei, recrutando mancebos para a guerra. Entraram na casa do pobre lavrador, depararam com o jovem de perna partida e muito debilitado, sem condições para ser alistado. Deixaram-no.
O rapaz verificou então que o pai tinha razão na sua filosofia: que tanto na desgraça como na fortuna, só o tempo nos dirá o que é bom ou mau. Para verificar o que valem as pessoas, não servem juízos precipitados…
A vida dá tantas voltas que o mau pode vir a ser bom e o bom pode vir a ser mau. É preciso ver o que nos traz o tempo…
(O tempo tem segredos para modificar tudo que o próprio génio humano não descobre – escreveu Charles Maurice)
Será que o governo de um cavalo
Empurrado ou fugido, animal,
Trará mais um novo cavalo
Para governar Portugal?
Ou seremos de novo, bestas
Entre soluços e abalos;
Incapazes de pôr rédeas
Nestes burros, camelos e cavalos?
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