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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Desculpar Reciprocamente

"República e Igreja com rigor histórico – Comemorações do centenário, em 2010, poderá ser uma boa ocasião para se ler e interpretar culturalmente as relações Igreja-Estado legitimamente separados”.
A história poderá tirar a limpo a polémica “questão religiosa”. Não foi fácil gerir a questão religiosa, na 1ª República. O seu fracasso também se deve à polémica entre defensores da República e apóstolos da natureza da Igreja.
A crispação de parte a parte extremou posições. De um lado, poderá ter havido quem se agarrasse ao clericalismo na defesa do indefensável, como, do outro, não faltou o anti clericalismo.
Falta serenidade histórica, para, cem anos depois, podermos tirar a limpo acertos e desacertos de uns e de outros, para o bem e a paz entre todos.
Ao abrir o recente congresso sobre o padre António Vieira, o reitor da Universidade Católica, Braga da Cruz, defendeu que “seria justo se o Estado português pedisse desculpas aos jesuítas na celebração do centenário da República” que se assinala em 2010. Concretizou: o pedido de desculpas não seria “um gesto de reconciliação mas de reconhecimento pelo que os jesuítas têm feito pela cultura portuguesa”.
Também na Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal encomendou a vários “historiadores um estudo sobre as ordens e congregações na 1ª República, para assinalar o primeiro centenário da sua expulsão pela República”.
Vale a pena ainda lembrar que o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) da Igreja Católica promove, de 2008 a 2011, um ciclo de reflexão sobre a identidade portuguesa, que passará, entre outros, pelas celebrações do centenário da República, no nosso país. Centenário que é assumido como “oportunidade para pensar Portugal: os seus fundamentos, os seus traços maiores e referenciais, mas também no seu viver de agora”. Para D. Manuel Clemente, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, aquele ciclo procura “reflectir sobre identidade portuguesa”, não apenas por causa dos acontecimentos de 1910, mas recuando até às invasões francesas, há 200 anos, “que trouxeram impacto da contemporaneidade a Portugal”.
Para o padre e poeta Tolentino Mendonça, director do SNPC, a comemoração dos cem anos da República é para compreender o passado, mas também, e sobretudo, “dizer como estamos nós agora”. Clarifica: para a Igreja, “mais do que pensar qual foi a situação há 100 anos atrás, importa perceber qual o seu lugar hoje, o contributo que oferece numa sociedade aberta e democrática”.
A seu tempo, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga defendeu que, em relação ao centenário da República, em Igreja, “devemos estar presentes para que a interpretação dos acontecimentos seja exacta”.
Na sua opinião, em Igreja, “esta data não pode passar despercebida e necessitamos de, serena e desapaixonadamente, sintonizar com a heroicidade dos pastores e cristãos daquela época para crescermos no amor à Igreja na actualidade”.
Cem anos depois, ainda não se dissiparam as suspeitas mútuas entre a República e a Igreja. (JN 23.11.2008)
“Apraz-me referir que em todos os sectores políticos, religiosos, étnicos e outros, existiu e possivelmente irá continuar a existir a diversidade de ideias e paixões que a sociedade não conseguiu ainda harmonizar com uma tolerância de entendimento mútuo e fraternal de apaziguamento”.

1 comentário:

  1. Grande verde!
    Pelos teus escritos, denoto que uma ‘Torre de Fé’ te emana o ser!
    Se assim for, obrigo-me a dizer que continues, porque, embora morno como estou nas lides religiosas, aprecio os que são iluminados pela e na Graça do Criador. Aí, certamente, todos nós só temos a ganhar; já que a perfeição é humanamente inatingível.
    Saudações amigas!

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