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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dois Fuzileiros à Deriva no Rio Douro!

No Dia 22 de Junho, logo pela manhã, rumaram a Cancelos, Sebolido, Penafiel para visitar o amigo Valdemar Marinheiro e outros amigos que ele, de antemão foi convidando para conseguirmos pôr a conversa em dia… de muitos casos e assuntos que evito aqui enumerar.
Com encontro marcado no Intermarchê de Penafiel, ali esperava o Verde, que vive em Lousada pelo Carlos que vinha da Póvoa de Varzim.
Por volta das nove horas, atravessamos o lado Oeste da cidade rumando às Termas de S. Vicente, Entre-os-Rios e, finalmente Sebolido onde, de braços abertos lá estava o Valdemar Marinheiro à nossa espera. Marinheiro, porque nasceu à beirinha do Rio Douro (margem direita) e Marinheiro também, porque em 1963, por sua livre vontade e uma grande paixão, foi incorporado na Armada ou, para melhor se entender, na Marinha de Guerra Portuguesa!
Não é sobre isso que vou escrever, embora, muito naturalmente tivesse uma aceitação esperada, dado que o encontro proporcionou a “junção de um quarteto de Marinheiros”. A conversa entre pessoas da mesma “Escola” ou Faina (Marinha) é, sobremaneira mais perceptível do que entre pessoas que não tiveram a Escola de Marinhagem que nós “cursamos”.
Voltando ao princípio, na viagem fomos apreciando a paisagem mui verde que se conserva lateralmente à estrada e que o Verão mal começado ainda não lhe deu o tom ou cor de amarelo ou seco que se notará mais para o fim do Estio…
Nas pontes de Entre-os-Rios, deparámos com o Memorial do Anjo que parece tentar proteger ou redimir os malogrados que em Março de 2001, tombaram no trágico destino ao serem precipitados num Rio que é de Ouro mas que naquele fatídico dia se transformou num Rio de Fel, cuja amargura se propagou aos seus familiares e amigos, numa dor que ainda hoje perdura e, muito mais, porque, não foi possível para alguns, fazer-se um funeral com a dignidade própria, visto não terem aparecido…
A vida neste mundo (?) reserva-nos surpresas demasiado tristes e amargas que nem o tempo na sua constante movimentação diária consegue diluir ou riscar da nossa memória com facilidade. Mais, porque, tantas vezes que por ali passei sobre a ponte, onde estava agoirado um fim muito negro que me poderia ter atingido naquele último “mergulho da vida”.
O Douro, como é conhecido entre nós e também internacionalmente, não fossem os famosos vinhos que desciam nele até ao Porto, não merecia ser enlutado daquela forma tão cruel que impôs também o luto às suas gentes ribeirinhas, desgostosamente, por tamanha fatalidade.
Aquela gente ama tanto o Rio Douro que não admite a mais pequenina ofensa ao Colosso Fluvial que espelha nos seus olhos a grande felicidade, logo pela matina quando miram as suas águas. Mesmo de noite o Rio é lindo! Nele reflectem as luzes das vivendas e moradias, além do luar, que lhe dão um encanto tão sublime que nos alimenta o pensamento e inebria a alma daquela presença inesquecível com que a natureza nos proporciona.
As barragens deram-lhe outro feitiço encantador, originando que o seu caudal cubra os areais com o enorme manto ou lençol de águas fluviais. Porém, veio prejudicar a pesca. O peixe gosta de viver solto e não encurralado, quer subir e descer o Rio e conhecer todos os cantos, contornos e linguetas onde desova e descansa das longas caminhadas na procura do sustento.
A navegação na época Estival é mais facilitada dada a grande aglomeração do seu caudal, onde, barcos de “porte e calado” muito significativos, percorrem o seu “estuário” num vai e vem diário, fazendo deslumbrar os turistas que gozam duma paisagem maravilhosa que a mãe natureza se dignou colocar ao seu dispor.
Tivemos o condão, muito privilegiado, de almoçar num restaurante, tipo “Varanda para o Rio”, que, além do sabor gastronómico e opíparo da refeição, nos foi dado contemplar a faina de alguns pescadores, a sua navegação e, melhor ainda a brisa do Douro que nos proporcionou um bem-estar idílico de causar inveja a qualquer pessoa.
As fotos que acompanham a prosa deste texto, são elucidativas da nossa presença nos Valboneiros ou Valboeiros (pequenos barcos a remos) e, também da inesquecível camaradagem que ainda vai unindo alguns portugueses, apesar da crise nacional, que se prezam de ser autênticos Reis e Senhores duma primordial hospitalidade.
O carinho, a gentileza, a prontidão, a afabilidade e a educação aliada à frontalidade sadia daquelas gentes, deixam marcas que já mais esqueceremos e das quais guardaremos as melhores e mais valiosas recordações.
Ao Valdemar, ao Cardoso, ao Cunha, ao Sérgio e outros e às mensagens do telemóvel que recebemos do Piko e outros, proporcionaram-nos o enorme prazer e alegria de conviver naquele dia numa harmonia e paz de amizade rica e duradoira.
Expressamos com sinceridade e franca veemência o nosso melhor obrigado pelo vosso prestimoso acolhimento e carisma de saber receber e cativar!
Um abraço, amigos! Até sempre!
Agostinho Teixeira “Verde”

3 comentários:

  1. Ora aí está! Nem só do verso vive o homem… Um artigo de fazer inveja aos profissionais destas lides, camarada! Inspirador, elucidativo e muito mais (…), que nos sustenta a imaginação como se fôssemos videntes de tão belas paisagens, mais ainda, o seu belo povo que é duma invejável hospitalidade! São estas belas descrições; dos mais belos recantos dum país pobre, mas rico de sentimentos, cujo nome é Portugal, que são o alimento virtual do nosso espírito…
    Reza sempre, amigo, a espiritualidade que co-existe o teu subconsciente, e trá-la ao consciente dos teus amigos, faminto de belezas destas…
    Obrigado Verde, por compartilhares connosco os teus conhecimentos da universidade da vida.
    Bem-hajas!

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  2. Fazes-me corar de vaidoso
    Com os teus fartos elogios
    Obrigas-me a estar ansioso
    Para continuar com meus pios

    Não quero ruborizar um dia
    Ao tornar-me numa peçonha
    Alguns coram de alegria
    Outros fazem-no com vergonha

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  3. Caros amigos apenas para vos dizer que acabo de fazer um comentário acerca deste mesmo tema no blogue do nosso querido amigo e conterrâneo Valdemar e que em espírito transcrevo para este blog!
    É sempre um grande prazer acompanhar-vos nas alegrias, mas nunca vos abandonar naqueles momentos menos bons e que "todos têm e ninguém compra", um termo muito usado aqui perto no litoral, mais precisamente na MURTOSA!
    PIKÓ

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