Artur/Leiria
Crónicas improvisadas
Ia o Sr. Ventura, já pela tardinha, de regresso a casa depois de ter ido amanhar uma pequena propriedade sua, herdada de seus pais, quando estes ainda eram vivos, lá na sua pequena aldeia, onde nasceu, bem próximo de Viseu. Homem reformado da Marinha, depois de mais de 36 anos no activo, a sua linguagem não era pois condizente com a da área, uma vez que, sendo homem viajado, muitos horizontes foram por ele observados, muitos contactos e alguns estudos até fizeram também parte do seu currículo o qual o obrigou a um esmero muito seu na sua forma de falar!
Depara-se com a Veríssima, sua vizinha, rapariga a rondar os 30 anos, casada com o Venâncio correndo atabalhoadamente caminho abaixo! Este é um casal envolvido, na labuta da dura luta, do dia-a-dia, nas terras que nunca foram pobres de trabalho! Gente de guerra, não fossem eles das terras mais lusas que Portugal jamais teve, não seriam não, merecedores desta pequena contemplação! Lusitânia sinónima de “Terra da Luz,” cognominada assim pelos Romanos, na sua própria língua da época; outrora donos e senhores destas tão heróicas terras que tantos heróis deu à luz! Viriato, entre outros, o astucioso chefe que, com meia dúzia de lacaios consegui fazer a vida negra a tão poderosos senhores dum império jamais visto ate à data! Sertório, o atraiçoado, morto por comparsa, tipo judas, que se deixou comprar por dinheiro! Talvez, tivesse ele sido, o impulsionador dos políticos de hoje, teria (?)
- “Então rapariga, viste o lobo?” pergunta o Ventura num tom de voz suave e paternal.
- “Não, ti Bentura, é a minha burra que me fugiu outra bez!” Responde ela ofegante!
- “Não me digas! Tanta ralação para coisa tão pouca, pois vi-a passar há pouco por ali abaixo direitinha àquele olival, mas olha que, ela ia com menos pressa do que tu.”
- “É teimosa como burro tio Bentura, logo que a apanhe vai lebar mais uma coça, bai ber”…
- ”Pudera, é teimosa porque é da mesma família rapariga, só que é fêmea, assim reza o escrito, como sabes; olha bem lá para o meio das árvores, que deve estar por lá.” Apontando com o dedo nessa direcção.
- “Ah ti Bentura, obrigadinho, agora já bejo o cu da minha burra, maldita, que me fazes descer este bale todo, ai que soba que bais lebar!” Dispara a Veríssima, a correr por ali abaixo, e ao mesmo tempo grita: “ti Bentura, ti Bentura, espere ai que já benho, preciso falar consigo.” Passado um pouco lá vêm os dois, encosta a cima, respirando pesado para colher mais oxigénio com os pulmões, o qual, escasseia mais nas alturas da serra, e a Veríssima a tentar dar na burra mas, era pouca a força que lhe ia restando para o fazer.
- “Ti Bentura o meu Benâncio, comprou lá para os lados de Bila Berde, um garrafão de binho berde que eu gostaba que o ti Bentura probasse. “Ele diz a toda a hora, que é cá um xarope de se tirar o chapéu, mas eu não percebo nada disso, gostava que o ti Bentura fosse lá a casa agora e o meu Benãncio daba-lhe um copito”
- “Olha rapariga, lá mais à noitinha pode ser, posso visitá-los a vocês e ao famoso garrafão a que te referes, agora não, está bem?
-“Como quiser ti Bentura… fico à espera e bou já falar com o meu Benâncio para ele fazer conta consigo e até logo.” Virou as costas e enquanto caminhava ia dando na burra e dizendo: “maldita que me fazes correr tanto!”
Crónicas improvisadas
Ia o Sr. Ventura, já pela tardinha, de regresso a casa depois de ter ido amanhar uma pequena propriedade sua, herdada de seus pais, quando estes ainda eram vivos, lá na sua pequena aldeia, onde nasceu, bem próximo de Viseu. Homem reformado da Marinha, depois de mais de 36 anos no activo, a sua linguagem não era pois condizente com a da área, uma vez que, sendo homem viajado, muitos horizontes foram por ele observados, muitos contactos e alguns estudos até fizeram também parte do seu currículo o qual o obrigou a um esmero muito seu na sua forma de falar!
Depara-se com a Veríssima, sua vizinha, rapariga a rondar os 30 anos, casada com o Venâncio correndo atabalhoadamente caminho abaixo! Este é um casal envolvido, na labuta da dura luta, do dia-a-dia, nas terras que nunca foram pobres de trabalho! Gente de guerra, não fossem eles das terras mais lusas que Portugal jamais teve, não seriam não, merecedores desta pequena contemplação! Lusitânia sinónima de “Terra da Luz,” cognominada assim pelos Romanos, na sua própria língua da época; outrora donos e senhores destas tão heróicas terras que tantos heróis deu à luz! Viriato, entre outros, o astucioso chefe que, com meia dúzia de lacaios consegui fazer a vida negra a tão poderosos senhores dum império jamais visto ate à data! Sertório, o atraiçoado, morto por comparsa, tipo judas, que se deixou comprar por dinheiro! Talvez, tivesse ele sido, o impulsionador dos políticos de hoje, teria (?)
- “Então rapariga, viste o lobo?” pergunta o Ventura num tom de voz suave e paternal.
- “Não, ti Bentura, é a minha burra que me fugiu outra bez!” Responde ela ofegante!
- “Não me digas! Tanta ralação para coisa tão pouca, pois vi-a passar há pouco por ali abaixo direitinha àquele olival, mas olha que, ela ia com menos pressa do que tu.”
- “É teimosa como burro tio Bentura, logo que a apanhe vai lebar mais uma coça, bai ber”…
- ”Pudera, é teimosa porque é da mesma família rapariga, só que é fêmea, assim reza o escrito, como sabes; olha bem lá para o meio das árvores, que deve estar por lá.” Apontando com o dedo nessa direcção.
- “Ah ti Bentura, obrigadinho, agora já bejo o cu da minha burra, maldita, que me fazes descer este bale todo, ai que soba que bais lebar!” Dispara a Veríssima, a correr por ali abaixo, e ao mesmo tempo grita: “ti Bentura, ti Bentura, espere ai que já benho, preciso falar consigo.” Passado um pouco lá vêm os dois, encosta a cima, respirando pesado para colher mais oxigénio com os pulmões, o qual, escasseia mais nas alturas da serra, e a Veríssima a tentar dar na burra mas, era pouca a força que lhe ia restando para o fazer.
- “Ti Bentura o meu Benâncio, comprou lá para os lados de Bila Berde, um garrafão de binho berde que eu gostaba que o ti Bentura probasse. “Ele diz a toda a hora, que é cá um xarope de se tirar o chapéu, mas eu não percebo nada disso, gostava que o ti Bentura fosse lá a casa agora e o meu Benãncio daba-lhe um copito”
- “Olha rapariga, lá mais à noitinha pode ser, posso visitá-los a vocês e ao famoso garrafão a que te referes, agora não, está bem?
-“Como quiser ti Bentura… fico à espera e bou já falar com o meu Benâncio para ele fazer conta consigo e até logo.” Virou as costas e enquanto caminhava ia dando na burra e dizendo: “maldita que me fazes correr tanto!”
- “Até logo Veríssima e toma-me bem conta dessa burra e de ti também!”
- “Venâncio?” Era o Ventura a chamar bem na hora em que o sol estava já a dar as boas noites.
- “Venâncio? É o Ventura…”
- “Entre, entre, ti Bentura. Oh Beríssima, bais-me arranjar dois copos que o ti Bentura já cá está”
- “Olá, sempre beio ti Bentura,” ao mesmo tempo que ia entregando os copos ao marido.
- “Que jeropiga rapaz”! Era o Ventura a dizê-lo logo que provou a pinguinha. Depois de mais uns copitos e sendo tempo de procurar a ceia, despede-se deste casal simples mas dum enorme coração, agradecendo, pinga tão boa!
- “Binde sempre ti Bentura porque se não bindes, eu e a minha Beríssima, bamos pensar que está zangado e nós não queremos isso.”
- “Rapazes, com uma pinga dessas, quem é que pode dizer que não volta! De maneira nenhuma!” Ao mesmo tempo que a sua caminhada o levava progressivamente a ficar mais envolto pelo lusco-fusco da noite que o ia sumindo, pois esta já ia sendo rainha, até que o sol, o astro rei, brotasse luz irradiante, que a dominaria com mais um dia de Deus para a labuta sem esquecera burra.
- “Venâncio?” Era o Ventura a chamar bem na hora em que o sol estava já a dar as boas noites.
- “Venâncio? É o Ventura…”
- “Entre, entre, ti Bentura. Oh Beríssima, bais-me arranjar dois copos que o ti Bentura já cá está”
- “Olá, sempre beio ti Bentura,” ao mesmo tempo que ia entregando os copos ao marido.
- “Que jeropiga rapaz”! Era o Ventura a dizê-lo logo que provou a pinguinha. Depois de mais uns copitos e sendo tempo de procurar a ceia, despede-se deste casal simples mas dum enorme coração, agradecendo, pinga tão boa!
- “Binde sempre ti Bentura porque se não bindes, eu e a minha Beríssima, bamos pensar que está zangado e nós não queremos isso.”
- “Rapazes, com uma pinga dessas, quem é que pode dizer que não volta! De maneira nenhuma!” Ao mesmo tempo que a sua caminhada o levava progressivamente a ficar mais envolto pelo lusco-fusco da noite que o ia sumindo, pois esta já ia sendo rainha, até que o sol, o astro rei, brotasse luz irradiante, que a dominaria com mais um dia de Deus para a labuta sem esquecera burra.
O SIMÕES E A BURRA!
ResponderEliminarJaz aqui grande caturra!
Chamado Bento Simões.
Que tinha dentro da burra.
Passava de 100 milhões!
Este senhor de mil bens!
Morreu numa sexta-feira.
Por ter rota a algibeira!
E perder quatro vinténs!
A VERÍSSIMA E A BURRA!
O Venâncio e a Veríssima.
É gente de bom coração!
Sua grandeza belíssima!
De bondade altíssima!
Que não foge há tradição.
Viva a burra!
De quem são os versos Leiria?
ResponderEliminarSe é que posso perguntar, claro!