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terça-feira, 28 de abril de 2009

Nampula 1967!

(O Furriel, o fotógrafo e eu)
Corria o ano de 1967. A CF8 estava toda no Niassa e já cheia daquela vida de isolamento. Cada um armava o seu teatro para ver se podia livrar-se daquilo o mais depressa possível. Disse, «armava o seu teatro» porque nunca acreditei muito nessa versão dos «apanhados do clima». Apanhados estávamos todos, mas só os mais espertos conseguiam convencer disso os seus superiores de modo a serem evacuados. Malucos a sério acho que não havia nenhum.
E chegou a minha vez de representar o tal papel, o de «maluco apanhado pelo clima». Para os mais distraídos, o clima aqui referido não é o atmosférico, mas sim o clima de guerra que se vivia à época. No meu caso particular nunca estive em situações de grande pressão psicológica provocada por ferimentos ou morte de camaradas da Companhia. Nas Unidades em que prestei serviço não houve mortos e apenas um ferido ligeiro (rebentamento de mina) na Companhia 8. A única coisa que complicava com os nervos era o medo e ansiedade constantes. Uma mina, uma morteirada ou uma bazucada podiam acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar. E era isso, o receio de não regressar vivo das operações em que cada um participava, que criavam maior pressão no sistema nervoso daqueles jovens militares.
O facto é que também eu estava farto daquele isolamento até à medula e precisava de férias. Calhou ter sido atingido por uma crise forte de paludismo e aliando isso à necessidade de tratamento de um outro problema antigo que me afligia, consegui convencer o Dr. Dinis Noivo, médico da CF8, de que tinha que ser evacuado. No início não fui muito bem sucedido, mas quando lhe disse que qualquer dia pegava na pistola e desatava aos tiros, a torto e a direito, e que ele seria o responsável pelo que acontecesse, lá assinou a guia de marcha. Eu nem queria acreditar e quase me denunciava com um enorme sorriso de orelha a orelha.
E fui para Nampula e passei lá dois ricos meses de férias!
O Furriel Miliciano que podem ver na foto, era já um velho conhecido de Lourenço Marques e que tinha também viajado connosco até Nacala, a bordo do Império, quando a nossa Companhia foi destacada para o Niassa. O puto que está entre nós era fotógrafo, tinha uma casa de negócio aberta na cidade, e foi quem me convenceu a servir de modelo para um concurso de fotografia que acabaria por ganhar o 1º prémio.

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