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sábado, 25 de abril de 2009

Uma história triste!

A história curiosa que o Leiria contou no post anterior, fez-me lembrar uma outra história que me parece apropriada para preencher este espaço que é dedicado a todos os filhos da Escola de Fuzileiros. Não é uma história alegre, mas também de tristezas e muitas lágrimas é feita a nossa vida, por isso temos que estar preparados para tudo.
Depois de sair da Marinha só voltei uma vez à nossa Escola de Vale de Zebro. Tinha-me casado havia pouco tempo e queria mostrar o sítio à minha mulher. Acompahado por um filho da escola que agora não recordo quem era, demos uma volta pelos lugares mais marcantes da Escola e a páginas tantas estávamos debaixo do eucalipto da «Pequena Descida da Morte», aquela que dava directamente para dentro do lodo, já perto da Seca do Bacalhau. E então disse-me ele:
Neste curso de fuzileiros que está a decorrer e quase a chegar ao fim (estávamos no mês de Julho) caíu aqui um filho da escola e morreu. Quando se preparava para iniciar a descida escorregaram-lhe as mãos da alça e precipitou-se sobre os carris, partindo a coluna.
Por sorte morreu, senão teria que viver uma vida inteira prostrado numa cama. Acabou ali a alegria da minha visita e despedindo-me parti. Até hoje, nunca mais lá voltei!

5 comentários:

  1. Caro Tintinaine
    Ao ler o seu testemunho sobre a ultima visita que fez à escola de Fuzileiros lembra-me o que se passou comigo, e que passo a relatar:estava um Domingo bonito para namorar, e era isso que eu estava a fazer, em Palhais, quando saio da casa da rapariga tinha a ronda à minha espera pois tinha ído de salto e com a chamada farda de serviço.Já não era a primeira vez que me lá iam buscar, e a razão era que na mesma rua morava o tenente Oliveira(falo no seu nome porque julgo já terá falecido )e por motivo que não sei, o homem parece que lhe dava o cheiro da minha presença e logo tinha a ronda à perna. nesse tal Domingo,estava ele de oficial dia,e deve ter ido a casa ou alguém o terá informado da minha presença e à saida lá tinha o jipe à porta para me dar boleia para a escola,lá chegado, mais uma vêz, tentei explicar que a razão de ir com a farda de seviço era pela dificuldade que havia para manter a farda de saída em condições para quando tivesse que ir à revista pois eu não tinha muito jeito em especial para passar a ferro mas as razões apresentadas não foram suficientes para o comover e acabou por me ameaçar com prisão as coisas aqueceram e a ameaça cumprio-se,como não havia prisão na escola,mandou retirar as sentinelas dum posto e fui colocado na casa do carvão que ficava junto ao cais ao lado da comporta que fornecia a pista de lodo,essa casa nem porta tinha pelo que coitados dos rapazes até tremiam pois não faziam ideia porque é que eu ali estava,ali ficamos a noite de Domingo para segunda,para ser presente ao Comandante da Escola que me daria a pena que entendesse, na Segunda já estávamos a almoçar sentados numas pedras do lado de fora da casa quando um pelotão fazia a travessia do malagueiro com era da praxe vestidos,calçados e de espingarda à tiracolo,foram atravessando e seguiam em passo de corrida para o chuveiro, e daí para o refeitório ficaram os ultimos dois sós sem instrutores um deles fez sinal que não estaria bem, mas pensei que fosse na paródia para ver se algum de nós se atirava à àgua,o outro apróximou-se do primeiro,e foram os dois para o fundo,aí dei uma corrida àvolta do cais(comos meus guardas a ameaçaem que me davam um tiro) arrastei um Zebro que estava na rampa sem motor,tirei um para cima do bote o outro estava no fundo, foi retirado pelos mergulhadores que vieram do Alfeite, passado cerca de uma hora.
    Já lá voltei três vezes a ultima foi há quinze dias para comprar um dos livros do Commandante Baena ,prestar curvar-me no monomento do Fuzileiro por todos os que perderam a vida nas guerras de Africa e também junto ao cais, àquele que não consegui salvar.

    comos melhores cumprimentos


    Virgilio Miranda 326/65

    nota:resta dizer que no fim desta história fui ao Comandante da Escola que me deu vinte dias de prisão disciplinar agravada um louvor por ter salvo um homem que fez reduzir para dez dias a pena a cumprir (mesmo assim ainda necessitei que fosse o Comndante Moitinho de Almeida atestar que de facto fui eu que salvei o rapaz pois o comandante da escola não queria acreditar que um preso fosse salvar alguém de morreer afogado)

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  2. Olá Virgílio!
    Lembro-me perfeitamente do Tenente Carlos Oliveira que morava em Palhais. Era um homem que não se enquadrava muito bem nem gostava dos fuzileiros. Dava a impressão que, tal como o Comandante Cristino, estava ali de castigo. A sua história fez-me vir as lágrimas aos olhos pois também eu me vi envolvido num salvamento nesse mesmo malagueiro. Nesse tempo eu nadava muito mal e embora tendo sido o primeiro a chegar ao pé do meu amigo em apuros não fui capaz de o tirar de lá. Ele agarrava-se ao meu pescoço e não me deixava nadar. Depois de uns quantos pirolitos tive que me afastar para me não afogar. Felizmente os outros camaradas presentes acabaram por retirá-lo a tempo de lhe salvar a vida. Resta-me a consolação de pensar que os dois ou três minutos em que o segurei ajudaram a salvar-lhe a vida.

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  3. A propósito desta triste história, também eu fui involuntáriamente protagonista numa situação que ainda hoje me arrepio quando me vem à memória, como é o caso. Num desses dias em que tudo ia ao banho vestido e calçado para atravessar o malagueiro, houve alguns camaradas que por dificuldades, entre as quais ainda não sabiam nadar, tiveram de ser socorridos pelos instrutores que estavam nos botes para o que desse e viesse.
    Com a precipitação em acudir aos aflitos, houve um desses botes que vem na minha direcção e acaba por me passar por cima, quando eu em desespero lá ia mergulhando o mais fundo que podia e esperar que o hélice me apanhasse, o que felizmente não aconteceu.
    Quando desesperadamente chamei a atenção para o sucedido, já estão a ver qual foi o resultado. Ainda fui objecto de chacota por por ficar com aquela aflição, considerada imprópria para um fuzileiro.

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  4. Caro Tintinaine

    Quero em primeiro lugar dar-lhe os parabéns pelo êxito do vosso encontro anual, que só a sua persistência conseguiu reunir tantos camaradas e seus familiares.

    No comentário anterior falei num caso que se passou comigo no salvamento dum filho da Escola e do não salvamento dum outro.(que nos dias de hoje, não passava de um menino pois só tinha 17 anos, mas naqueles tempos tínhamos de ser Homens muito cedo.)

    Como penso que esse comentário despertou alguma curiosidade, e na esperança que algum filho da minha escola leia e se manifeste, passarei a descrever mais algumas peripécias da minha estada nos Fuzileiros: fui para a Marinha voluntario porque um vizinho já lá estava, e me disse que era um bom futuro para mim visto eu andar a trabalhar no campo (coisa que ele sabia que eu não gostava) o meu pai tinha falecido e tinha uma irmã pequena para ajudar a criar, e assim no dia 17 de Março de 1965 fui incorporado, tendo ficado alojado (com os meus camaradas em tendas de campanha no Corpo de Marinheiros até que as obras de ampliação das casernas na escola de Fuzileiros terminassem.

    No fim dessas obras fomos então para a casa mãe fazer a recruta, que decorreu sem problemas de maior tirando è claro a dureza das provas físicas em especial as que eram executadas no ginásio e dentro destas o boxe, que o «cabo» Ferraz não brincava em serviço, até que chegou o juramento de Bandeira em Vila Franca, para onde fomos uma semana antes da data do juramento, mais uma vez fomos acampar para o campo de futebol em tendas de campanha, ao segundo dia fui ter com o segundo comandante da companhia, e pedi-lhe para me deixar ir à terra dar uma ajuda a um tio num trabalho pois ele era um homem só e como eu já não tinha pai era ele que muitas vezes fazia esse papel, e a distancia era pequena, pois sou do conselho logo ao lado ou seja Alenquer, deu-me nega e como não havia formaturas nem chamadas aí vou eu.

    Há chegada tinha o segundo Tenente à minha espera e a minha carreira militar estragada, pois levei logo 5 dias de detenção, entretanto fomos para o refeitório e como ainda não estava em mim, entrei e sentei-me na minha mesa, mas ali não era como na Escola onde o pessoal ia entrando no refeitório e sentando-se no seu lugar em Vila Franca só depois de haver uma ordem para sentar, até lá ficávamos de pé a volta das mesas como estava a dizer sentei-me e levei logo com uma paulada na cabeça, fiquei aparvalhado sem perceber o que estava a acontecer e já me ia atirar ao engraçadinho quando vejo que é um segundo Sargento de seu nome Hugo que andava sempre com uma varinha na mão o cabo Silva que era meu instrutor disse ao cavalheiro que não voltasse a repetir a graça visto ele não ser do nosso pelotão, mas o mal estava feito e a partir desse momento, a minha ideia já não era fazer carreira da Marinha mas cumprir o serviço Militar obrigatório pois tinha chegado a conclusão de nunca conseguiria compreender o que levava uma pessoa a tratar mal o seu semelhante só porque tinha umas divisas ou galões.

    Seguidamente fomos para a Santo André começar o ITE que se passou sem grandes sobressaltos tirando duas avarias físicas que me atrapalharam ainda mais a minha vida militar: a primeira que mandou 14 dias para o hospital da Marinha, para um quarto de isolamento pois tinha-me sido diagnosticado rubéola ora eu nunca tinha ouvido falar em tal nome e pensei que fosse o meu fim, na segunda foi um problema que arranjei na educação física e que me levou mais uma vez para o hospital da Marinha desta por mais 78 dias pois tive que ser operado a um joelho, com todos estes episódios em tão pouco tempo, está-se mesmo a ver que só poderia terminar mal como de facto terminou.

    A seguir passa-se o que contei no comentário anterior e referente ao desentendimento com o tenente Carlos Oliveira, e que me fez ir fazer companhia ao capitão G3 para a prosa no Corpo de Marinheiros, quando saí da mesma o meu pensamento foi apenas um, sair antes que fosse parar ao forte de Elvas que como todos do nosso tempo devem saber, era para lá que iam que atingisse determinados dias de detenção e que não recordo quantos, assim combinei com dois rapazes amigos de Palhais um dos quais se arrependeu à ultima hora partirmos para França, mas mais um problema se punha o dinheiro era pouco para comer e transportes para alem de ter receio de ser apanhado pois não fazia ideia se tinham dado parte às policias para me prenderem, e assim na noite do Domingo de Pascoa do ano de 1966 e o meu amigo Carlos partimos de Palhais a pé direitos a fronteira do Caia durante cinco dias e noites praticamente só caminhando de noite com o medo de ser preso (eu porque ele era civil) quase sempre a chover ate a fronteira onde devido as grandes chuvadas fomos tentar passar mesmo nas barbas da PIDE que nos deitou a mão levaram-nos para o posto deles para Elvas onde fomos interrogados, separadamente eu não disse que era militar pois estava convencido que não descobririam pois ainda só tinha 19 anos mas descobriram mesmo, ainda levei uns abanões e no dia seguinte fui levado para o quartel do Exercito de Elvas (se não estou enganado caçadores 8) aí estive 5 dias ate que dois Marinheiros Fuzileiros me foram buscar de comboio com algemas e tudo, só que um deles me conhecia e não me fez passar esse vexame.

    Mais uma vez lá vou eu para a prosa do Alfeite fazer companhia ao capitão G3 e restantes corredios entre eles um antigo Fragata salvo erro o 335/65 que recebeu ordem de expulsa e não tinha roupa civil para sair como eu tinha sido apanhado com a minha roupa pediu-ma que depois me a vinha entregar pois morava em Lisboa ate hoje e com isso fez-me passar um mau bocado pois passados uns dias recebo ordens para ir à Escola de Fuzileiros juntar a roupa para fazer o espolio e l fui com devidamente algemado o que fez que se juntassem à minha volta em frente ao gabinete do oficial dia bastantes curiosos para saberem o porquê de estar algemado o oficial dia mandou dispersar o pessoal e a mim mandou-me entrar para o gabinete ate o autocarro me levar de volta ao Alfeite.

    Dentro do gabinete estava o Capitão Tenente Alpoim Galvão que me perguntou porque estava algemado contei-lhe a minha aventura ate ser preso em Elvas e disse-lhe que s tinha andado ausente 5 dias o que não era considerado deserção e que poderia ser confirmado pelo cabo do rancho Sr. Alexandre não sei se foi ou não confirmado sei que não fui considerado desertor o que me livrou de ir parar ao Forte de Elvas entretanto chegado ao Alfeite foi-me dito para arranjar roupa civil que ia ser expulso, ora o amigo Fragata, tinha-me levado a que eu tinha, e não me a devolveu pelo que tive que telefonar para a terra, pedir à minha mãe que me viesse trazer roupa, esta foi a pior, de todas as situações porque passei, pois ela não tinha conhecimento da minha tentativa de ir embora do País, e sujeita-la a ir levar-me roupa a prisão foi um grande desgosto para ela, e assim, fui mandado embora, até fazer a idade para ir para o Exército, o que aconteceu como referi num comentário, que fiz a respeito do G3, no blog da Companhia nº 2 de Fuzileiros.

    Com votos de que continue empenhado, como tem acontecido, para que eu possa religiosamente ser um dos seus visitantes diários, nos dois blogs.

    Receba os melhores cumprimentos


    Virgílio Miranda

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  5. Caro Tintina

    Agradeço-lhe a publicação do comentário que enviei, e , escrevo estas linhas para dar conta de alguns erros que não vi antes e que podem confundir quem ler, entre os quais os mais notórios são: onde se lê PROSA deve lerse Prisa, Corredios é Corrécios eexpulsa é expulsão.

    Receba um abraço do

    Virgilio Miranda

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