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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Tudo está bem, quando acaba bem - Parte II

Em continuação do post anterior e como pode muito bem acontecer de não voltar a este assunto, quero deixar aqui uma pequena explicação dos acontecimentos dos últimos três meses que levaram ao feliz desfecho desta história.
Quando escrevi o último episódio da história do G3, baseado nas investigações que, durante meses, tinha levado a cabo, fui obrigado a declará-lo morto, afogado no rio Tejo. O que, felizmente, se veio a provar ser mentira.
Um dos meus contactos, aquele que mais ajudou nesta história, sempre me disse para procurar um elemento da Direcção, passada ou presente, da Associação de Fuzileiros que sabia tudo sobre o nosso filho da escola. Por mais tentativas que fizesse e ajudas que pedisse, não fui capaz de descobrir a quem ele se referia. Infelizmente, ele também não podia prestar-me maior ajuda, pois não conhecia o nome da pessoa em causa.
No fim do verão passado, juntaram-se à volta da mesa do almoço, na Associação de Fuzileiros, o Francisco Jordão, o Mário Manso e vários outros filhos da escola. Entre eles, sem fazer a mínima ideia de que era por mim ansiosamente procurado, sentava-se também o Gonçalo Cambalhota, um filho da escola mais moderno que eu alguns anos, e que pertence à Direcção da Associação. Era ele o tal homem por quem procurava e que ao ouvir falar na minha campanha para saber a verdade do destino fatal (morte por afogamento) do António Tavares, tomou a palavra e disse:
- Morto? Mas quem raio é que disse que ele está morto? Está vivo e bem vivo! Pelo menos desde a última vez em que o vi, há coisa de um mês ou dois.
O Jordão que era quem mais me tinha acompanhado nas pesquisas, deu um salto de contente e o próximo passo foi telefonar-me a avisar-me do acontecido e dar-me o número de telefone do Cambalhota para eu entrar em contacto com ele.
Foi o que fiz e, depois de muitas perguntas do meu lado e as respectivas respostas que teve a paciência de me dar, prometeu arranjar-me o número de telefone de um primo que mora em Almada e que poderia pôr-me em contacto com o António Tavares. Por razões que desconheço nunca recebi esta informação, nem voltei a falar com o Gonçalo Cambalhota. Mas a palavra tinha sido espalhada e como um rastilho espalhou-se pelos lugares frequentados por fuzileiros. Em pouco tempo estabeleceram-se contactos entre a Associação e ele e de tudo isso eu fui informado. Não tardou muito que eu próprio me encontrasse ao telefone com ele.
Não pude saciar a minha curiosidade, visto que a sua memória não está nas melhores condições. O tratamento, a que foi submetido no tempo que passou nas masmorras da PIDE, deixou o seu rasto e ele não consegue responder à maior parte das perguntas que lhe faço. Mas pude dizer-lhe o quanto me alegra saber que está vivo e de relativa saúde.
O propósito de toda esta campanha a que meti ombros era o de tentar provar que houve uma motivação política que o levou a desertar. E descobrir se, como eu sempre acreditei, ele era inocente das acusações que lhe faziam, de ter ministrado instrução a guerrilheiros do PAIGC e participado em operações contra as tropas portuguesas, no período em que viveu com eles.
Não me foi possível obter provas que refutem essas acusações, mas acredito nele quando diz que nunca fez mal a ninguém. E resta-me esperar pela prometida entrevista a publicar no Desembarque e pelo livro que ele pensa editar este ano.

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