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domingo, 18 de julho de 2010

Lembranças tristes!

Em 1967, enquanto estive em Metangula, foram ao cemitério exumar o corpo de um soldado morto em combate, para ser enviado para a Metrópole e entregue à família. O cemitério estava em tão más condições que duvido que tenham conseguido desenterrar os restos mortais de quem lhes interessava. Vejam com os vossos próprios olhos.


As campas eram assinaladas com uma pequena cruz, duas tábuas cruzadas seguras por um prego, onde se rabiscava o nome do infeliz falecido. Pouco tempo depois, já as vorazes formigas africanas tinham derrubado e devorado as tábuas que compunham a cruz.
Lembro-me de terem procurado a cruz com o nome que lhes interessava e de a terem descoberto deitada entre o capim e já quase toda comida pelas térmitas. Não havia a mínima hipótese de saber a que sepultura teria pertencido aquela cruz e optou-se por admitir que seria a que lhe estava mais próxima.
E assim se procedeu à exumação do corpo e acredito que à família que o recebeu e lhe prestou as devidas honras, pouca diferença fez que tivessem ou não acertado na escolha. Coisas da guerra!

5 comentários:

  1. Inadmissivel a falta de respeito que tinham por quem tombava em defesa da Pátria. Quando se tratava de alguém de patente superior eram logo tornados herós fosse com cruzes de guerra ou Torres de Espada. O que se não percebe é como uma grande maioria teima em fazer que nada de mau se passou e a todo o custo sem olharem a meios querem apagar uma guerra que existiu e onde os filhos da Pátria tão mal tratados foram. Muito abaixo de cão..
    A Juntar aquela de mandar a urna com areia lá dentro, quando o soldado tinha sido morto em acidente e nunca tinha sido sepultado.
    Salazar e seus acólitos tratavam assim os filhos da Nação, a quem lhes exigia todo o sacrifício.
    Que fazem os que lhe seguiram ????
    Se houver Céu para estes. então reservem-me um lugar no Inferno.

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  2. Tens razao Amigo, para os filhos de puta (a mae nao tem culpa)nao existe nem céu nem inferno, o Deus pra eles é o dinheiro.
    Devia de chover picaretes em lume em cima dessa escumalha!

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  3. Pela imagem podemos ver como eram tratados, depois de mortos os nossos camaradas. Nem se davam ao trabalho de os transportarem para os cemitérios das capitais de distrito. Ou para outra qualquer localidade onde de facto ouvesse um cemitério verdadeiro. Recordo-me que os mortos do Batalhão de Caçadores 598, e outras Companhia, que entre 1963/1966, estiveram no Distrido do Niassa, nas zonas compreendidas, entre Vila Cabral e Cóbué, foram todos sepultados no cemitério em Vila Cabral. Por direito, todos os corpos, deveriam ter sido enviados para a Metrópole e entregues aos seus familiares, a expensas do governo Português que os obrigou a lutarem naqueles territórios em defesa da Pátria Portuguesa. Nós, que fomos militares e cumprimos comissões de serviço no ex-ultramar, não ficaremos calados a estas situções. transmitir aos nossos filhos e netos, através de imagens como esta aqui representada.

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  4. Palavras para quê! ... . Apesar do referido, não é possível ficar sem acrescentar algo mais . De facto, a fotografia ilustra bem a falta de vergonha e de sentimentos, por parte daqueles que exerciam poder absoluto e que, embora distantes, estavam bem representados . creio que tais ou a maior parte deles, já foram levados para o inferno ; todavia, duvido muito que o Diabo os recebesse ; sim, porque no Céu não podiam ter entrado . Isto, é ainda mais revoltante, uma vez que estamos a falar daquilo que se constatou decorridos poucos anos de guerra . Não há dúvida, e que me desculpem aqueles que não merecem a dita análise, mas, creio que ainda anda por ai um resto e muitos descendentes . - Maldita gente ! ... Quem assim trata aqueles que, a troco de nada, morreram ao serviço da sua Pátria e que, mais não eram do que a justificação de alguns dos previligiados, não merecem nenhum respeito nem boa recordação ; apenas, um lugar no cemitério em causa é que me parece justo .

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  5. A título de encerramento dos vossos comentários devo dizer que se vivia em Metangula, naqueles tempos, uma situação caricata.
    Por tradição, os negros eram enterrados na parte de trás das suas habitações.
    Como a única autoridade, ali existente, era o Chefe de Posto que, tenho a certeza, não tencionava morrer nem ser ali enterrado, não havia razões para a existência de um cemitério comunitário.
    Assim sendo, coube ao Exército inaugurar um cemitério, chamemos-lhe militar, quando aconteceu a primeira morte em combate. Não posso confirmar a data em que isso terá acontecido, pois quando lá cheguei, nos finais do ano de 1966, já lá estavam sepultados (salvo erro) 7 militares portugueses.
    Reconheço que da parte do Exército não havia muitas condições para se ocuparem do cemitério, muito embora o devessem fazer. Assim sendo sobrava para nós, os fuzileiros navais encarregados da guarnição da Base Naval, o pouco que se fazia para manter o cemitério livre de mato.
    Eu próprio fui para lá destacado de enxada na mão para rapar o capim que crescia mais depressa do que nós conseguíamos rapá-lo. E fazê-lo 3 ou 4 vezes no ano, não resolvia o problema de modo algum.
    Competiria à CCS do batalhão do Exército que lá estava na altura, chamar a si a responsabilidade de zelar pelos seus mortos, mas vá lá agora saber-se porque o não fizeram.

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