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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Vil Metal!

Nos últimos 500 anos, os europeus gastaram rios de dinheiro, obtido de maneira mais ou menos ilícita. Agora que não têm mais sítio onde o ir buscar, como irão resolver o seu problema de falta de riqueza? As receitas provenientes da indústria, nos últimos 200 anos, estão também a esgotar-se, visto que esta, na sua grande maioria, estará sediada na Ásia, dentro de poucos anos. O que será dos europeus, no futuro próximo? Ao ouvir um discurso como o que podeis ler abaixo, começo a ficar preocupado com o mundo em que viverão os meus filhos e netos. Resta-me a consolação de saber que não viverei o suficiente para testemunhar isso.

Discurso do embaixador do México na Conferência de Chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe.

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, Para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país- , com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.
Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.
Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.
Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.
Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.
Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização.
Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?
Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.
Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.
Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?
Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.
Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE- Brasil.

2 comentários:

  1. Por Dios Bendito hermano!... Não me diga o sr. Embaixador que os portugueses irão agora têr que devolver tudo o que gamaram além-Mar... Porque se assim for lá teremos nós que chater os franceses que saquearam Portugal (durante as invasões napoliónicas) e nos roubaram até os cálices das nossas Igrejas... Como disse o Rei de Espanha ao Chavez da Venezuela... Callate!
    Valdemar Alves

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  2. Tenho de concordar com o Sr.Embaixador, pois também nós Portugueses estamos nesse rol de usurpadores, embora nos tenha custado caro em especial, aos que lutaram nas guerras das ex-colónias, muitos dos quais lá ficaram para sempre, pois nem direito tiveram a ser transladados para junto das suas Familias.
    um abraço
    Virgilio Miranda

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