Passei o dia a correr atrás do Manel Ferreira. Ninguém vai acreditar, mas mesmo assim vou tentar dar-vos uma ideia das voltas que dei em perseguição deste Cabo Fuzileiro que teima em escapar-se-me por entre os dedos. Mal estendo a mão para o agarrar, afasta-se mais uns quantos quilómetros. Parece um jogo das escondidas.
Ontem tinha falado com o Rafael que me deu 3 pistas. O dono de um café em Alcafache, um marujo que mora em Mangualde e outro que mora em Almada. Qualquer um deles, supostamente, saberia dizer-me por onde anda o nosso amigo Ferreira.
Ainda ontem, consegui falar com os dois da Beira Alta, sem resultados concretos, embora se tenham posto à minha disposição para me ajudar nas buscas. O de Almada não consegui contactar por estar ausente de casa.
Hoje de manhã, antes que me fugisse, agarrei-me ao telefone e, à segunda tentativa, apanhei-o. Atendeu-me da melhor maneira possível e deu-me uma pista que comecei a seguir de imediato. Segundo ele, há na Associação de Fuzileiros 3 pessoas que pertenceram à CF8, conhecem o Ferreira e me podem ajudar nas pesquisas, o sargento Egas Soares, o Pinto e um amigo deste que era da mesma aldeia do Manel Ferreira. Dei um pulo de contente, tinha encontrado a pista certa, finalmente.
Números de telefone não havia, de modo que contactei a Associação de Fuzileiros. Atendeu-me um gravador avisando que estão fechados para férias e só reabrem a 1 de Setembro. Mas fornecia um número para onde ligar em caso de urgência. Liguei, mas quem me atendeu não sabia nada de Pintos, nem coisa parecida.
Em desespero de causa, decidi contactar o Mário Manso que, por estar ligado à Associação há tanto tempo teria que saber quem era este Pinto e ter o seu contacto. Não me enganei, deu-me um número de telemóvel para o qual liguei de seguida. Fui dar ao Pinto errado. Não sabia nada da CF8 nem do Ferreira nem coisa parecida. Avisou-me logo que era um fuzileiro da nova geração, que nunca fez qualquer comissão e portanto não entendia a minha conversa.
Voltei para o Mário Manso reclamando do contacto que me tinha dado. Pediu desculpa e foi à procura do Pinto certo, que acabou por encontrar. Nova ligação, desta feita para o José Arnaldo Pinto, grumete fuzileiro da CF8 que me deu a identificação do seu amigo, José Carlos Azevedo, supostamente filho da terra do Ferreira. Disse-me que o Zé Carlos era da aldeia de Videmonte, na Guarda e deu-me um número de telemóvel para o contactar, dizendo-me que do Ferreira não sabia nada, nunca mais o viu desde que regressaram de Angola.
Fiquei de pé atrás, pois tinha quase a certeza que o Ferreira não era da Guarda, mas sim de Viseu. "Pas de probleme", tinha o número do Zé Carlos, era só ligar e ouvir as notícias da boca dele. Assim fiz e tive sorte, pois me atendeu ao primeiro toque. Mas a minha sorte terminou aí, porque do Ferreira também ele não sabia nada. Confirmou-me ser mentira que os dois fossem da mesma terra e, tal como o seu camarada Zé Pinto, nunca mais lhe pôs a vista em cima depois de levar baixa da Marinha. Disse-me, no entanto, estar convencido que o Manel Ferreira é de Nelas ou Mangualde, coisa que condiz com as informações até agora recolhidas.
E depois desta tremenda empreitada que me custou umas horas de trabalho e uns quantos euros de telefone, estou, de novo, no ponto de partida. E agora? Que fazer?
Voltei a ligar ao Rafael e contei-lhe todos os passos que dei e o desânimo que começava a invadir-me. Lá me foi consolando como pôde e, a título de despedida, disse-me que mora da Cova da Piedade um sargento escriturário, chamado Pereira, que deve conhecer e saber por onde anda o nosso tão procurado Ferreira. Só não sabe como encontrar este sargento, não tem um endereço nem um telefone para começar.
Vou ter que encontrar alguém que me ajude a localizar este Sargento Pereira. É a única pista que tenho e tenho que segui-la.